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"Não sou escritor, sou alguém que escreve livros"

florindo

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Com um novo livro no mercado, "Não atires pedras a estranhos porque pode ser o teu pai", Fernando Alvim mantém a sua reconhecida faceta iconoclasta. Se dúvidas houvesse, esta entrevista, feita por e-mail, trata de as dissipar.


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Não, mas achei que deveria começar a construir o meu império de comunicação agora, de forma a dar luta à Cofina, à Impresa. São grupos que tremem quando ouvem o meu nome e a criação da minha editora veio criar fissuras nunca antes ocorridas nas mais altas patentes administrativas. Sei, de fonte segura, que Pais do Amaral, sabendo da notícia, se refugiou para meditação no Kilimanjaro. E o caso não é para menos. Em breve, irei começar a comprar os mais tenrinhos. Fora isto, não tenho tempo para escrever romances. E também começo a acreditar que existam poucas pessoas com tempo para os ler.

Como é ser escritor e editor?

É muito difícil, é como estar do lado do Bloco de Esquerda e, de repente, com as Carmelitas Descalças a rezarem pelo Passos Coelho. De qualquer modo, não sou escritor, sou alguém que escreve livros, o que não é a mesma coisa. Enquanto editor, a minha ideia é revelar livros que em nenhuma outra editora pudessem ser publicados. Quero arrojo e audácia, as letras dos cânticos do Coro de Santo Amaro de Oeiras dificilmente serão publicadas aqui.

De onde surgiu o título "Não atires pedras a estranhos porque pode ser o teu pai"?

Da leitura de um livro onde estava incluída esta frase, não exactamente assim, mas muito parecida. Era uma frase que estava perdida num texto sem que aparentemente alguém lhe desse valor e dei-lhe a mão, como acontece muitas vezes com as pessoas. As frases também precisam que lhes dêem a mão, as palavras também.

Neste livro, estão reunidos dois anos de crónicas. Houve alguma selecção? Qual o critério de escolha?

Sim, tive duas selecções - a portuguesa e a italiana -, mas optei pela nossa já na era Paulo Bento. Sou amigo do mister, devia-lhe isso. Quanto ao critério, é o meu, não sei se isso é bom ou mau, mas não tenho outro. Escolhi aqueles que me pareciam melhores. Um dia - nunca se sabe -, editarei tudo que excluí durante este tempo. Esse livro irá chamar-se justamente "Lixo".

Como humorista, vê em Portugal um país rico em matéria-prima?

Sim. Portugal é um óptimo país para morar e comer sardinha assada e tem pessoas que não sabem dizer a palavra salsicha, dizendo "xóxicha". A juntar a isto, há todo um país de risca ao meio para descobrir. Bem sei que em termos capilares não estou muito à vontade para falar, mas Portugal precisa rapidamente de ser despenteado.

Disse que queria ser conhecido como "o António Barreto dos pequeninos", versão "low cost". Porquê o António Barreto e não outro?

Podia ter escolhido o Boaventura Sousa Santos, mas gosto muito mais do António Barreto, até porque é do Douro, local onde tenho profundíssimas ligações umbilicais, sentimentais, parentais e também casuais. De resto, também tenho a pretensão de, um dia, dirigir uma fundação, mas com outros objectivos. Será a primeira vez que irei criar uma fundação, não para ajudar os outros, mas, precisamente, para que me ajudem a mim.

Este livro está a ser editado por altura do Natal, o próximo sairá no Dia dos Namorados e o último no Verão. Já está a aplicar conhecimentos de marketing editorial?

Sim. Um para o Natal, outro para o Dia dos Namorados e o último para o Verão. É curioso, mas a minha ideia é mesmo que as pessoas possam ler o que escrevo. Se calhar, pode parecer pretensioso, mas, quando escrevo, esse é o meu grande objectivo: ser lido. Não gosto de escrever para mim, do mesmo modo que não gosto de dançar sozinho. Ao editar o livro, se o fizer em alturas em que sei que as pessoas estarão mais predispostas a lê-lo, acho que terei sido inteligente.

Já existem outros projectos para publicar pela Cego Surdo e Mudo?

Editaremos, finalmente, em 2011, o "Grande Livro dos Prefácios", uma ideia original minha, coordenada pela Ana Sousa Dias, que contará com grandes nomes entre as suas participações. É um livro que faz uma homenagem justa ao prefácio, de tal modo que cada um escreve um prefácio, para um livro que - não sei bem como dizer isto - não chega nunca a começar, se é que me faço entender. Além disso, temos já alguns autores interessados em publicarem por nós, o que muito nos contenta. Se quem estiver a ler isto tiver uma boa ideia, pode sempre contactar-nos por aqui: cegosurdoemudo.pm@gmail.com.

Jornal de Notícias
 
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