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Monumento centenário é maná para ladrões

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Da central de captação da Foz do Sousa só restam as paredes


Espaço a saque e vandalizado, em que a vetusta maquinaria tem sido desfeita e roubada sistematicamente, a antiga central de captação de água de Foz do Sousa foi declarada, este ano, Monumento de Interesse Público. Até ver, tal formalidade não passa de folclore.

Por muito que as entidades envolvidas declarem interesse, do Governo à Câmara de Gondomar, passando pela empresa Águas do Porto, proprietária do imóvel, o sítio fala por si. Ninguém quer saber. Em Abril de 2007, o alerta foi dado nas páginas do JN. O edifício estava ao abandono, mas mantinha-se por lá praticamente todo o património. De nada serviu.

Sobram paredes, estilhaços e as almas da multidão que ali trabalhou desde 1882 para servir água à cidade do Porto. Sobra lixo que ali deixam, sobra a pasta que cobre o chão e poderemos admitir que é lama, sobra o que ainda não foi furtado, peças gigantescas que, como tantas outras que estão em falta, terão de ser desmanteladas para que dali as retirem.

"Quem rouba traz um gerador e trabalha aqui à vontade", diz-nos Paulo Silva, gondomarense e autor de um blogue dedicado à arqueologia industrial.

A impunidade parece ser total. E as pessoas das vizinhanças têm medo de dar a cara, pois já houve no passado comportamentos vingativos dos ladrões. Mesmo assim, lá vão dizendo que são frequentes as movimentações ao longo dos dias. "É uma tristeza. Nasci aqui há 51 anos, sempre cá morei e lembro-me bem do que isto era: uma coisa linda! Parece que estão à espera que caia".

Num concelho em que a parte mais conhecida não cabe em compêndios de ordenamento do território, todo aquele espaço, na envolvente da zona onde os rios Sousa e Ferreira se abraçam, é o exemplo acabado de um lugar em que bom planeamento pode ainda ser feito.

A classificação do imóvel, fixada em portaria do Ministério da Cultura de Abril deste ano, implica, ainda, uma importante zona especial de protecção, a montante e a jusante, ideal para actividades de lazer. Todavia, vários interesses terão de conjugar-se para que algo nasça da degradação que ninguém trava.

A saber: a empresa municipal Águas do Porto, proprietária do espaço, a Câmara Municipal de Gondomar, concelho onde está erguido o imóvel, e o IGESPAR, que terá sempre uma palavra a dizer em função da classificação dada ao património e sua envolvente.

Para já, a memória vai sendo serrada, quebrada, violentada, fundida e trocada em patacos. Começou pelas muitas bobinas de cobre que por lá havia - na estação de captação e na pequena estrutura de produção de electricidade - estendeu-se à maquinaria pesada.

Até os corrimãos vão desaparecendo. Ou uma camioneta que o JN fotografou há três anos. Contam-nos que os ladrões foram detidos e interrogados e que, depois de se verem novamente cá fora, voltaram logo para o ir buscar. Certo é que lá não está.

Jornal de Notícias
 
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