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Quinta da Serra vai abaixo até 2012 mas há famílias por realojar
Quase metade das cerca de 300 famílias que moram no maior bairro de barracas de Loures, a Quinta da Serra, não tem direito a ser realojada, de acordo com a lei em vigor. A Câmara já demoliu várias casas e quer erradicar o bairro em dois anos.
Aqueles que já moravam na Quinta da Serra quando foi feito o recenseamento para o Programa Especial de Realojamento (PER), em 1993, estão fartos de esperar pela oportunidade de viver numa casa onde não chova, não haja ratos e não cheire a esgoto.
Miguel Mtukadi, 54 anos, e a mulher, Maria Emília Gomes, de 50, não sabem mais o que fazer para sustentar os três filhos, o neto e o sobrinho. Ele, vindo do Congo, está no fundo de desemprego desde 2009. Ela, guineense, também não consegue arranjar trabalho devido a um problema numa perna. A família vive num tugúrio, com paredes toscas repletas de humidade. O quarto de casal é tão pequeno que só cabe a cama e, nas restantes divisões, improvisam-se camas umas ao lado das outras para todos. Mas conseguir pagar renda de uma casa longe daquele inferno está fora de questão. "O dinheiro não chega. O fundo de desemprego é só para a comida", diz Mtukadi.
Se já é mau esperar por casa há 17 anos ou mais, como sucede com as 100 famílias recenseadas no PER ainda por realojar, pior ainda é saber que não lhe é reconhecido o direito a uma casa e saber que se pode ir parar à rua a qualquer momento.
"Isso é que está na minha cabeça. Se não nos derem nenhum apoio, ficamos na rua, porque não dá para pagar renda", diz Alfredo de Brito, cabo-verdiano de 46 anos, que vive há 11 com a mulher e dois filhos na Quinta da Serra.
Encostado a duas das mais movimentadas estradas da Grande Lisboa, a A1 e a CRIL, o bairro vê passar-lhe o progresso à porta sem o conseguir agarrar. Ainda assim, todos os meses chegam novas famílias à Quinta da Serra, sobretudo guineenses ou cabo-verdianas, como explica Cristina Silva, coordenadora do "À Bolina", um projecto do Programa Escolhas sediado no bairro.
Foi o caso da família de Ana Sónia Dias. A cabo-verdiana, de 23 anos, só está há quatro na Quinta da Serra, mas a mãe já ali vive há 12. "Somos cinco e viemos pouco a pouco. Portugal está em crise, mas sempre é melhor do que Cabo Verde", explica Ana Sónia Dias, que trabalha como operadora de loja e estuda, para concluir o ensino secundário. "A nossa casa tem ratos por todo o lado. Quando chove entra água e no Inverno faz muito frio. No Verão são só mosquitos", queixa-se a imigrante. "Não quero estar aqui, mas não consigo pagar a renda".
Apesar de ainda haver quase 300 famílias na Quinta da Serra, muitas barracas têm vindo a ser demolidas progressivamente, conforme os habitantes são realojados. Segundo a vereadora da Habitação, Sónia Paixão, a Câmara de Loures pretende erradicar aquele núcleo de construções precárias no prazo de dois anos.
A autarca diz que cerca de 100 famílias não recenseadas no PER serão realojadas através de outro programa, o Prohabita, mas admite que "algumas pessoas não terão direito a habitação da Câmara".
Carlos Loureiro, 57 anos, queixa-se de que, aquando da demolição de uma barraca vizinha, lhe destruíram uma pequena horta de onde tirava parte importante do seu sustento. E teme que a casa vá a seguir. "Já recebi uma carta a dizer que tinha de sair de cá porque não tenho direito a realojamento", lamenta-se.
Jornal de notícias
Quase metade das cerca de 300 famílias que moram no maior bairro de barracas de Loures, a Quinta da Serra, não tem direito a ser realojada, de acordo com a lei em vigor. A Câmara já demoliu várias casas e quer erradicar o bairro em dois anos.
Aqueles que já moravam na Quinta da Serra quando foi feito o recenseamento para o Programa Especial de Realojamento (PER), em 1993, estão fartos de esperar pela oportunidade de viver numa casa onde não chova, não haja ratos e não cheire a esgoto.
Miguel Mtukadi, 54 anos, e a mulher, Maria Emília Gomes, de 50, não sabem mais o que fazer para sustentar os três filhos, o neto e o sobrinho. Ele, vindo do Congo, está no fundo de desemprego desde 2009. Ela, guineense, também não consegue arranjar trabalho devido a um problema numa perna. A família vive num tugúrio, com paredes toscas repletas de humidade. O quarto de casal é tão pequeno que só cabe a cama e, nas restantes divisões, improvisam-se camas umas ao lado das outras para todos. Mas conseguir pagar renda de uma casa longe daquele inferno está fora de questão. "O dinheiro não chega. O fundo de desemprego é só para a comida", diz Mtukadi.
Se já é mau esperar por casa há 17 anos ou mais, como sucede com as 100 famílias recenseadas no PER ainda por realojar, pior ainda é saber que não lhe é reconhecido o direito a uma casa e saber que se pode ir parar à rua a qualquer momento.
"Isso é que está na minha cabeça. Se não nos derem nenhum apoio, ficamos na rua, porque não dá para pagar renda", diz Alfredo de Brito, cabo-verdiano de 46 anos, que vive há 11 com a mulher e dois filhos na Quinta da Serra.
Encostado a duas das mais movimentadas estradas da Grande Lisboa, a A1 e a CRIL, o bairro vê passar-lhe o progresso à porta sem o conseguir agarrar. Ainda assim, todos os meses chegam novas famílias à Quinta da Serra, sobretudo guineenses ou cabo-verdianas, como explica Cristina Silva, coordenadora do "À Bolina", um projecto do Programa Escolhas sediado no bairro.
Foi o caso da família de Ana Sónia Dias. A cabo-verdiana, de 23 anos, só está há quatro na Quinta da Serra, mas a mãe já ali vive há 12. "Somos cinco e viemos pouco a pouco. Portugal está em crise, mas sempre é melhor do que Cabo Verde", explica Ana Sónia Dias, que trabalha como operadora de loja e estuda, para concluir o ensino secundário. "A nossa casa tem ratos por todo o lado. Quando chove entra água e no Inverno faz muito frio. No Verão são só mosquitos", queixa-se a imigrante. "Não quero estar aqui, mas não consigo pagar a renda".
Apesar de ainda haver quase 300 famílias na Quinta da Serra, muitas barracas têm vindo a ser demolidas progressivamente, conforme os habitantes são realojados. Segundo a vereadora da Habitação, Sónia Paixão, a Câmara de Loures pretende erradicar aquele núcleo de construções precárias no prazo de dois anos.
A autarca diz que cerca de 100 famílias não recenseadas no PER serão realojadas através de outro programa, o Prohabita, mas admite que "algumas pessoas não terão direito a habitação da Câmara".
Carlos Loureiro, 57 anos, queixa-se de que, aquando da demolição de uma barraca vizinha, lhe destruíram uma pequena horta de onde tirava parte importante do seu sustento. E teme que a casa vá a seguir. "Já recebi uma carta a dizer que tinha de sair de cá porque não tenho direito a realojamento", lamenta-se.
Jornal de notícias