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Neve juntou centenas de portugueses e estrangeiros na serra no primeiro dia do ano
É a brincar na neve que se começa o ano na serra da Estrela. E bem cedo, a fazer fé nas centenas de turistas - portugueses e imigrantes - que rumaram à Torre, ontem de manhã, para se divertirem e refrescarem os ânimos após mais uma passagem de ano. Com todas as estradas transitáveis, é preciso subir ao ponto mais alto da montanha para encontrar a tão ansiada neve, que há em abundância acima dos 1930 metros.
A essa altitude também abundam os carros e as pessoas, que só querem deslizar pista abaixo de trenó ou nos famosos 'donuts' - câmaras de ar -, sem esquecer os sacos de plásticos. A arfar encosta acima, João Rodrigues, de 45 anos, resolveu mudar de ares para a passagem de ano. Veio de Almansil, no Algarve, e garante que a experiência está a ultrapassar as expectativas: "Estou a divertir-me que nem uma criança. É primeira vez que vejo neve e que venho à serra da Estrela", declara este professor do Secundário, enquanto passa o testemunho no trenó à filha. "É inacreditável que haja tanta gente logo pela manhã. É quase como nas praias do Algarve no pico do Verão, só que aqui temos que arranjar um espaço para escorregar sem atropelar ninguém", ironiza.
Nesta multidão encontram-se muitos imigrantes brasileiros e do Leste. Se estes estão mais habituados aos rigores da invernia, os primeiros parecem vivenciar uma revelação. "Tirando o frio, é espectacular. Já fizemos um boneco, jogámos batalha e escorregámos de trenó, tudo gravado para enviar para a minha família no Brasil, que vão se roer de inveja", adianta Márcia Delgado, 27 anos, recém-chegada de Oeiras com um grupo de amigos. "Combinámos ontem à noite, foi só acordar e tomar a auto-estrada até à Covilhã. Vale a pena", garante.
Ao lado, o português Nuno Almeida arrisca uma descida num "donut" e acaba virado do avesso. Recomposto do trambolhão, este delegado de informação médica de Coimbra esclarece que vem à serra sempre que pode durante o Inverno. "As acessibilidades são muito melhores e os hotéis também. Além disso, há a comida. É o destino ideal para um fim-de-semana", afirma.
Na fila para alugar trenós, João Carvalho, de Seia, já não se espanta com tanta gente, que quase fez esgotar os equipamentos. "É para esquecer vir à Torre nesta altura do ano e no Carnaval, mas este ano teve que ser por causa de uns familiares. Eles estão a divertir-se e eu quase a perder a paciência com as filas para estacionar, para alugar o trenó e até para escorregar", lamenta-se. Apesar destas contrariedade, confessa que o potencial da Serra da Estrela devia ser melhor explorado durante o ano inteiro: "No Inverno são estas enchentes irritantes e no Verão quase não se vê vivalma, o que é pena pois a montanha é também de uma grande beleza sem neve", sublinha.
Jornal de Notícias