Três mortos em protestos contra aumento do custo de vida na Argélia
Ao quarto dia de motins em protesto pela subida do preço dos alimentos e contra o desemprego, o Governo argelino fez um balanço: três pessoas morreram e 400 ficaram feridas.
E para tentar acalmar os ânimos, anunciou a supensão de taxas alfandegárias e a cobrança do IVA sobre produtos essenciais.
O Executivo reuniu-se hoje para decidir medidas para limitar os aumentos de preços e decidiu-se por uma suspensão de taxas alfandegárias na importação e do IVA no açúcar, até 31 de Agosto. O preço do açúcar e do óleo para cozinhar será assim reduzido em 41 por cento, no total, diz a agência oficial APS.
Antes, o ministro do Interior, Dahou Ould Kabila, anunciou o balanço de vítimas dos confrontos: três pessoas morreram e 400 pessoas ficaram feridas em quatro dias de motins de protesto pela subida do preço dos alimentos e do custo de vida em geral e ainda pelo desemprego.
Uma pessoa morreu em Ain Lahdjel, na região de M’sila, 300 quilómetros a sudeste de Argel. Informações anteriores diziam que se tratava de um jovem de 18 anos morto a tiro. O ministro afirmou apenas que a vítima “morreu numa tentativa de infiltração numa esquadra de polícia”.
A segunda morte ocorreu em Bou Smail, a cerca de 50 quilómetros a Oeste de Argel. A vítima “foi encontrada na rua ferida. O médico legista constatou que estava morta na sequência de ferimentos na cabeça, mas as causas da morte não foram esclarecidas”, disse o responsável. Antes, a agência francesa AFP citava uma fonte médica dizendo que esta morte poderia ter sido causada por uma bomba de gás lacrimogéneo lançada directamente contra a pessoa.
A terceira vítima morreu na zona de Boumerdès. Foi encontrada num hotel incendiado nos motins.
Entre os polícias, acrescentou o ministro, houve mais de 300 feridos. “No outro campo, houve menos de uma centena de feridos”, comparou, dizendo que as forças de segurança têm ordens para conter os protestos evitando usar força exagerada, “se bem que são eles que continuam a pagar o preço mais alto”, comentou.
Durante o dia, houve novos protestos na capital, Argel, e ainda nas cidades de Tizi Ousou e Béjaia, no Leste do país, segundo a agência Reuters.
“Há muita tensão no ar”, descreveu à agência britânica Adballah Chiboub, um reformado de 65 anos que vive num subúrbio da capital. “No meu bairro, esta manhã, não havia pão, não havia leite, não havia nada”, disse.
O Presidente, Abdelaziz Bouteflika, não fez ainda quaisquer comentários públicos aos protestos.
Público