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Anúncio da vacina contra cancro do pulmão é pouco credível

florindo

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Out 11, 2006
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O anúncio da primeira vacina terapêutica contra o cancro do pulmão, feito por investigadores cubanos, merece reservas a especialistas portugueses. Porque a descoberta não foi publicada em revistas internacionais credíveis, que avaliam e validam os resultados.

"Os resultados que a equipa cubana afirma ter obtido não foram publicados em revistas credíveis, pelo que devem ser encarados com precaução", considera Fernando Barata, presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão.

Para que qualquer avanço seja considerado credível e fidedigno pela comunidade científica, é imprescindível passar pelo crivo das reputadas publicações da especialidade, que dispõem de um comité de peritos que avalia a metodologia utilizada e os resultados alcançados. Só depois de validada por uma publicação de referência é que uma descoberta é considerada válida, explica o pneumologista do Centro Hospitalar de Coimbra.

E a equipa do Centro de Imunologia Molecular de Cuba, apesar de ter anunciado por diversas vezes que estava a desenvolver uma vacina terapêutica, nunca submeteu qualquer investigação às revistas internacionais.

A falta de validação científica é invocada também por Agostinho Marques, director do serviço de Pneumologia do Hospital de S. João, para sustentar a sua desconfiança em relação a esta vacina terapêutica baseada no factor de crescimento epidérmico, não obstante tratar-se de uma linha de investigação que está a ser perseguida por equipas de todo o Mundo.

Já existem, aliás, moléculas e anti-corpos capazes de inibir essa proteína, cuja proliferação fica descontrolada em caso de cancro. Ou seja, há medicamentos, devidamente aprovados pelas agências norte-americana e europeia do medicamento, desenvolvidos a partir do factor de crescimento epidérmico para tratar o cancro do pulmão. "Os resultados de estudos clínicos são muito promissores", sublinha Fernando Barata.

A equipa de Cuba não é a única que procurava chegar a uma vacina, mas terá sido a primeira a patentear uma vacina terapêutica para impedir o crescimento do cancro do pulmão, de acordo com as informações divulgadas pelo Centro de Imunologia Molecular de Cuba na imprensa cubana e que rapidamente se difundiram pelos media internacionais.

A novidade desta anunciada descoberta é tratar-se de uma vacina terapêutica (designada de CimaVax-EFG) capaz de inibir, por mecanismos imunológicos, o crescimento do cancro do pulmão em doentes terminais.

Não se trata, porém, de uma vacina no sentido mais habitual do termo, já que não é aplicada para prevenir a ocorrência da doença, sublinha Agostinho Marques.

Gisela González, responsável pela equipa cubana em entrevista ao jornal "Trabajadores", disse que a vacina - a ser administrada findos os tratamentos convencionais (quimioterapia e radioterapia) - aumentaria a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes.

A ideia seria transformar o cancro do pulmão numa doença crónica. De acordo com a investigadora, a vacina já foi aplicada com êxito a cerca de mil doentes e, agora que está patenteada, poderá ser utilizada massivamente e testada noutros tipos de cancro em que a referida proteína também esteja implicada.

Fernando Barata sublinha que, mesmo que esta vacina terapêutica seja realmente eficaz a impedir a progressão do cancro do pulmão, não tem indicação para todos os casos. Por ainda não estar confirmada a credibilidade da descoberta cubana, o especialista recomenda prudência para que não se criem falsas esperanças nos doentes.

Jornal de Notícias
 
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