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Palmilha Dentada: Há nove anos a fazer café-teatro

florindo

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Out 11, 2006
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Aprincípio, estranha-se: estão ali dois homens com ar de parvos a falar connosco, ainda por cima vestidos de fato-macaco, o que diz muito da sua credibilidade. Momentos depois, sai-nos uma gargalhada. Um pouco mais tarde, já estamos agarrados à barriga, não vá o riso fazer saltar alguma coisa que não deva.

Mas o que se passa, afinal? A explicação é simples. Estamos num ambiente de café onde também se faz teatro, o teatro da Palmilha Dentada. Há nove anos que a companhia, nada e criada no Porto, se dedica a este modo de fazer humor.

Criado em 2001, por Ricardo Alves, Ivo Bastos e Rodrigo Santos, o grupo encarreirou pelo café-teatro no ano seguinte, um pouco por acaso, quando recebeu um convite do bar Tertúlia Castelense, na Maia. "Como a nossa linguagem era assumidamente o humor e os textos originais - sempre foi uma opção da companhia trabalhar textos originais -, agradou-nos a ideia e investimos nisso", explica Ricardo Alves.

Passado todo este tempo, o humor em contexto de café continua a ser privilegiado, apesar de o grupo também trabalhar em espaços convencionais . "Mesmo quando fazemos teatro de sala, os espectáculos têm uma característica muito grande de improviso e uma dose de loucura pesada, de "nonsense" e de absurdo que nos agrada muito", diz o encenador, para logo acrescentar outra característica do colectivo: "Só fazemos aquilo que nos apetece".

A Palmilha Dentada estreia uma produção a cada mês e meio e está actualmente em três palcos: no Tertúlia Castelense, às quartas-feiras; no espaço Maus Hábitos, no Porto, às quintas, e no Teatro de Vila Real, às terças, sensivelmente de 15 em 15 dias. A peça, feita a partir de textos colectivos, chama-se "Aforrecas sociais".

Entrar no jogo dos actores

Ricardo Alves refere que, nesta itinerância, "a essência do café-teatro não muda. O que muda, muitas vezes, é a abordagem". E se, por regra, "sentir o público é importante", nestes palcos é mais importante ainda. Na sessão a que assistimos, percebeu-se bem o esforço dos actores para fazer o espectador entrar no jogo.

A informalidade do local acaba por ajudar. "Não é pelo dinheiro que estamos no café-teatro. O gozo é muito maior, a fruição do público é bastante boa e, no final, estamos a beber um copo com eles", conta-nos Ivo Bastos, ao fazer o contraponto com o teatro de sala. Há nove anos a representar sem a quarta parede, o actor faz um balanço "muito positivo" do seu trabalho. E justifica: "Pelo lado artístico e de aprendizagem, porque aqui somos lançados completamente aos leões, não temos qualquer rede".

Nuno Preto, actor convidado para este espectáculo, pertence à companhia Mau Artista, que, curiosamente, também começou por dedicar-se ao café-teatro. "O tipo de processo não é estranho, é uma coisa confortável, porque já conhecemos, mais ou menos, os tempos uns dos outros, que é uma coisa muito importante em café-teatro", diz, considerando que, por ser "uma escola", este género de teatro "devia ser obrigatório, até".

O trabalho da Palmilha Dentada não encontra paralelo entre as companhias do Porto, porque as outras que se dedicam a este género - como são os exemplos da Mau Artista e da Seiva Trupe - fazem-no muito pontualmente.

Desempenho meritório

Por respeito ao período de reflexão que hoje se observa, abstemo-nos de reproduzir aqui algumas das partes mais cómicas da peça "Alforrecas sociais". Mas podemos garantir que, tão absurdo quanto o título - por ter nada a ver com nada -, o espectáculo deve muito ao desempenho de Ivo Bastos e Nuno Preto.

Sempre a surpreender a cada momento, os actores são, muitas vezes, também apanhados nas ratoeiras que eles próprios montam. Com o improviso na ponta da língua, desdobram-se em várias personagens para assegurar mais de uma hora de humor bem servido.

Ausente, em termos físicos, por estar a representar Shakespeare por outra companhia, Rodrigo Santos é a voz-off. Ao fundo da sala, Ricardo Alves controla os pormenores técnicos, ele que também é o encenador da peça. Para a semana, a Palmilha Dentada começa a preparar nova produção. Chama-se "Anti-globals mé-més" e estreia a 23 de Fevereiro, no Tertúlia Castelense.

Jornal de Notícias
 
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