• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

A descoberta do mundo

Luana

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Abr 25, 2007
Mensagens
2,106
Gostos Recebidos
1
Os estudos científicos revelam que um recém-nascido é capaz de ver, ouvir e reconhecer os cheiros e os gostos, para além de ter uma extrema sensibilidade ao tacto.

Durante muitos anos pensou-se que os recém-nascidos eram seres «amorfos, abúlicos e inertes», incapazes de revelarem um arzinho da sua graça e totalmente dependentes do colo e do peito maternos. Felizmente, a ciência e os cientistas, com destaque para os pediatras do desenvolvimento e para os psicólogos, encarregaram-se de demonstrar que as coisas não são bem assim e os estudos científicos revelam que um recém-nascido é capaz de ver, de ouvir, de perceber e reconhecer os cheiros e os gostos, para além de ter uma extrema sensibilidade ao tacto. Mais: estas competências começam muito cedo, ainda na vida intra-uterina.

ASSIM QUE NASCE, O BEBÉ É CAPAZ DE VER...





Custa a acreditar como até há bem pouco tempo muitas pessoas pensavam que os bebés só viam depois de passados alguns meses. Acho que estas pessoas andavam muito distraídas, e nem sequer olhavam bem para os seus filhos.


Sabe-se hoje, sem margem para dúvidas, que os bebés são capazes de seguir com os olhos objectos de cor viva, desde os primeiros dias, mesmo que possa haver uma certa dessincronização dos movimentos oculares. Inclusivamente, o bebé é capaz de movimentar a cabeça para melhor seguir o objecto, o que exige a atenção completa e a existência de mecanismos de controlo muito complexos, só próprios das «grandes pessoas» que são os recém-nascidos.


Demonstrou-se, de igual modo, que os bebés fixavam mais longamente um alvo, desde os primeiros dias de vida, desde que fosse desenhado o esboço de um rosto humano ou círculos concêntricos de uma cor única – prova evidente de que conseguem distinguir uma superfície estruturada de uma não estruturada, e de que reconhecem os seus iguais e os seus pais. Foi, inclusivamente, sugerido que os bebés, a avaliar pelo tempo em que se mantêm a fixar a imagem, terão um certo prazer neste exercício. Em suma, vêem bem e gostam de ver.


Por vezes, alguns pais dizem que o bebé se desinteressa do que vê ao longe, mas este desinteresse tem a ver com o facto de o bebé não ter, quando nasce, memórias com as quais possa aferir e comparar o que está a ver. Assim sendo, o significado da maioria das coisas é, ainda, incerto e desconhecido, sobretudo os objectos do ambiente artificial. Os elementos do ambiente natural, pelo contrário, como existem há muitos milhares de anos e estão na nossa memória genética e antropológica, são reconhecidos: basta, aliás, ver o prazer com que um bebé olha para os movimentos das árvores ou para o céu. Acresce que a discriminação dos pormenores de um objecto ou de uma cena, sobretudo quando desconhecida, exige uma enorme atenção e uma observação demorada e analítica, o que é ainda difícil para um bebé pequeno, que se cansa facilmente com os estímulos.


Sabe-se, de igual modo, que um bebé consegue ver nítido a uma distância de um palmo (cerca de 20 cm) que é, afinal, nem mais nem menos do que a distância natural entre a face da mãe e a sua, quando está ao colo ou a mamar. A natureza realmente não se engana!
A evolução da visão vai-se fazendo gradualmente e, quer o tempo que o bebé aguenta a olhar para as coisas, quer a atenção que lhes dedica e o significado que o seu cérebro já lhes consegue atribuir, fazem com que, a partir de cerca dos quatro meses, a capacidade de ver com nitidez seja já praticamente total. Desta forma, é indiscutivelmente importante investir na interacção precoce entre pais e filhos e no jogo sensorial entre ambos (sem cair, obviamente, na estimulação exagerada ou na exigência de performances).


Durante o primeiro mês de vida, a criança sabe distinguir o rosto da mãe e do pai do das outras pessoas e reage de forma diferente às diversas expressões que eles fazem. Se sorrirem, a criança fica calma ou até sorri. Se ficarem impassíveis ou fizerem uma cara zangada, a criança fica, primeiro, parada à espera; depois, faz uma expressão triste, finalmente chora. A capacidade de imitação é também muito grande: se os pais deitarem a língua de fora, demoradamente, o recém-nascido vai tentar fazê-lo também, abrindo a boca, fazendo movimentos com a língua e conseguindo, muitas vezes, deitá-la de fora também. Fá-lo-á mais rápida e eficazmente se for sendo aplaudido e elogiado pelos seus progressos, como nos acontece ao longo da nossa vida.

... E TEM UM BOM OLFACTO


Bom, não. Excelente. Talvez o sentido mais apurado de todos, nesta idade.
Aliás, se assim não fosse como é que se orientava para o mamilo da mãe, à procura de leite – e sabe distinguir o cheiro do leite da sua mãe do de outras mães. A função olfactiva está relacionada com a memória, e só é pena que a sociedade seja predominantemente audiovisual e que não valorize tanto este sentido.

... E JÁ GOSTA DE BONS SABORES


Sabe-se que o bebé, ainda in utero, aprecia o gosto do líquido amniótico – agita-se e engole mais quando a mãe, por exemplo, come um doce. Os gostos alimentares têm, portanto, uma origem muito precoce na vida da criança.
Da mesma forma, há bebés que podem rejeitar temporariamente o leite materno se a mãe comeu alimentos muito temperados ou com sabores mais fortes, como cebola, alho ou especiarias.

... E OUVE MUITO BEM

Se ouve! O bebé é capaz de, a partir da 26.ª semana de gestação, reconhecer e diferenciar sons de diversas frequências e manifestar o seu contentamento ou o seu desagrado relativamente a um som, o que é avaliável pela observação das alterações do ritmo cardíaco e dos movimentos fetais em resposta a estímulos auditivos.


Sabe-se que um bebé que tenha ouvido certas melodias durante a gestação pode, depois de nascer, reconhecê-las e acalmar-se ao ouvi-las, demonstrando afinal a «nostalgia» do conforto uterino. Do mesmo modo, um bebé acalma-se, geralmente, ao ouvir sons ritmados… por evocarem os batimentos cardíacos da mãe, aos quais se habituou durante nove meses consecutivos e que lhe relembram o ambiente agradável e seguro em que viveu durante esse tempo. E reconhece facilmente a voz do pai e dos irmãos, se teve a oportunidade de as ouvir durante a gravidez – é importante, por isso, que estes falem com o feto, quando ele ainda está na barriga da mãe.


Logo depois de nascer pode avaliar se a audição do bebé, provando que volta nitidamente os olhos ou a cabeça na direcção do som. Por outro lado, ruídos inesperados (como o estrondo de uma porta a fechar-se) provocam uma reacção de agitação ou sustos (reflexos de Moro) enquanto barulhos rotineiros e mantidos (como o som de um aspirador) não lhes provocam qualquer reacção.
A criança é especialmente sensível à voz humana. Falar com o bebé é um momento essencial na relação parental e fraternal, especialmente quando eles estão acordados e não têm fome ou não se sentem desconfortáveis.


Com calma, sem stresse (caso contrário, ele detectará logo os trémulos da voz e perceberá que os pais estão inquietos ou angustiados, interpretando depois esses sinais como ele próprio podendo estar em perigo), com um tom de voz lúdico e com graça, brincando com o bebé (não é por acaso que os pais inventam mil e um nomes através dos quais apelidam o seu filho), desdramatizando a tendência natural para o seu bebé e dramatizar as coisas, no fundo correspondendo à desconfiança natural que o seu instinto
de sobrevivência exige.

... E O TOQUE DO AFECTO

Quantas vezes nos esquecemos deste sentido – o do tacto.
Sabe-se que o feto, ainda na vida intra-uterina, é sensível aos estímulos tácteis que lhe chegam a partir dos movimentos da mãe. A massagem suave do ventre materno provoca movimentos do feto. Por outro lado, movimentos agressivos da parede abdominal da mãe – como por exemplo espetar um dedo – levam o feto a adoptar atitudes de defesa, como o sobressalto e a recua.


Depois de nascer, muito gostam os bebés de serem acariciados ou simplesmente de se sentirem em contacto com o corpo e a pele dos pais. A pele é o órgão maior, e dos mais enervados. O toque e o contacto, quando meigos, afectivos e tranquilos, dão calma e prazer ao bebé, fazendo-o sentir-se amado e adorado. Pelo contrário, estímulos desagradáveis (calor, frio, toques irritados, rápidos, bruscos) fazem-no infeliz e inseguro. A sociedade ocidental, por motivos vários que não importa discutir agora, tem remetido o estímulo táctil e o toque para as «coisas a abater». As pessoas distanciam-se, cumprimentam-se friamente e evitam tocar-se, não vão ser acusadas de assédio ou de intenções menos claras. É necessário o toque e a estimulação do tacto. Como fazem as crianças entre si, ou os adolescentes, ou até os idosos.


É pena que muitos adultos não assumam essa relação com o bebé de uma forma inteiramente descomplexada e livre. O estímulo táctil é fundamental durante toda a vida. Está intimamente relacionado com o afecto e a segurança.


É necessário porque a interacção entre as pessoas não pode ser apenas longínqua e quase virtual. Em pleno século XXI, é altura de deixarmos de ter medo de abraçarmos os nossos filhos e de lhes fazermos festas e mimos sem culpas ou problemas de consciência.

TEMOS DE CONTEMPLÁ-LOS


Longe vão, felizmente, os dias em que, para os pais, familiares profissionais, os bebés eram seres incapazes de uma interacção com o mundo que os rodeava. A investigação pediátrica, entre outras, provou, sem margem para dúvidas, o que era evidente e esperado tendo em conta o que se passa com todos os outros animais: o recém-nascido tem as suas capacidades sensoriais bem desenvolvidas e necessita de estimulação para a sua vida de relação. É um ser que comunica com grande intensidade – mesmo que não da forma tradicional audiovisual, e são enormes as vantagens de entender e estimular essa comunicação.


Antes e depois de nascer, o bebé humano é um excelente comunicador, através do olhar, sorriso, do toque, dos sons, constantes desafios, numa sedução que faz aos seus parceiros e à sua parceira muito especial, a mãe. Não é por acaso que os bebés sentem a tristeza, a alegria, a tranquilidade e a ansiedade dos progenitores, mesmo que estes se esforcem por disfarçar os sentimentos. Não é por acaso que transmitem sinais, através de mecanismos ainda incompletamente conhecidos, como os que, por exemplo, levam a mãe a produzir o leite com o conteúdo modificado conforme as exigências do bebé, ou que induzem no pai alterações hormonais que se reflectem nos seus ritmos biológicos, como o do sono.


Temos uma enorme necessidade de, em todas as idades, estabelecer contactos. Seja de uma forma positiva, através de comportamentos sedutores, seja negativa, através de birras e manifestações temperamentais.
Os bebés comunicam por linguagem corporal, gestual, pelo simbolismo das suas caretas, em que expressam agrado ou desagrado, mesmo antes de falarem.


É pois necessário contemplação – uma mistura, afinal, de tempo, disponibilidade, tranquilidade e pôr de parte outras prioridades e problemas.
Quando se contempla, sabe-se quando se começa mas não se sabe quando se termina – a contemplação exige um fluxo e refluxo de sensações, de momentos de actividade e outros de reflexão, de maturação.


Quando se contempla não se pode estar a ser interrompido ou incomodado, seja por visitas, seja por telemóveis a tocar freneticamente.
Mas só assim será possível os pais entenderem o seu bebé e vice-versa, numa intensa comunicação que se faz com os cinco sentidos, mas também – e principalmente –, com a alma, com os sentimentos e afectos.


Por outro lado, é extremamente recompensador e divertido descobrir as capacidades dos bebés. Os pais não devem ter medo de brincar, falar com eles, estimulá-los, demonstrar abertamente o seu amor. É fácil perceber os melhores momentos para desenvolver esta interacção: quando a criança está bem acordada, sem fome, sem a fralda molhada, sem cólicas, sem frio, sem sono, ou seja, quando nada ameaça a sua sobrevivência e ele pode estar tranquilo e disponível.


É fácil perceber, também, quando o bebé está a ficar cansado – ele defende-se, deixando-se adormecer ou ficando irritado, com movimentos corporais cada vez mais agitados e aleatórios. É também simples descobrir como o bebé se consola, quando irritado: falando com ele, pondo-lhe mão na barriga, segurando-lhe as mãos e as pernas e impedindo os movimentos de agitação que o desorganizam, pegando-lhe ao colo, embalando-o. Dando-lhe estímulos tranquilos e ritmados, que o farão regressar à barriga da mãe e aos ritmos lentos da Humanidade.
A descoberta do bebé é um desafio estimulante e agradável para cada casal, com a certeza, porém, de que o recém-nascido humano sabe fazer muitas mais coisas do que simplesmente comer e dormir. É só uma questão de lhe dar as oportunidades para o demonstrar. E apreciar em cada dia do bebé... o bebé.

MÉDIA NÃO QUER DIZER NORMALIDADE


Média não quer dizer normalidade. Os parâmetros que vêm nos livros ou que se utilizam para calcular grosseiramente o grau de desenvolvimento das crianças são médias de um conjunto de crianças e não uma obrigação para cada criança. Não podem ser interpretados de modo individual. É importante que os pais registem as idades em que os filhos vão fazendo as diversas «gracinhas» e vão alcançando as várias etapas do desenvolvimento. O desenvolvimento processa-se por etapas. Cada etapa pode demorar mais ou menos tempo, consoante a criança, e portanto nem todas as crianças da mesma idade estão na mesma fase de desenvolvimento.


Outro aspecto: há uma certa ordem nas etapas do desenvolvimento: o que alguns chamam sentido «cefalo-caudal» que, traduzido por miúdos, significa por exemplo que a criança primeiro descobre a boca, depois as mãos, depois os pés ou que primeiro endireita os músculos do pescoço (e segura a cabeça, por volta dos três meses), depois os do dorso (e senta-se por volta dos sete), depois os das pernas (e anda por volta do ano). É inútil tentar que a criança salte etapas.


Há que ter uma perspectiva global do desenvolvimento da criança e não fazer, exclusivamente, um inventário dos seus erros e defeitos, como se estivéssemos a preencher uma reclamação para a fábrica, ainda dentro do prazo de garantia.


Finalmente, nem sempre as circunstâncias proporcionam que a criança mostre o seu melhor, ou seja, pode estar inibida pela presença de estranhos, cansada, com calor, com fome, com a fralda molhada, com sono; pode pura e simplesmente não lhe apetecer fazer «tetés» ou «tem-tens». Estimular o desenvolvimento é bom. Facilitar todas as oportunidades às crianças para que se desenvolvam, é óptimo. Exigir que sejam como nós queremos ou que façam coisas para as quais não estão biológica e psicologicamente preparadas é pura e simplesmente um erro. A detecção precoce das perturbações do desenvolvimento é essencial para que se consiga tirar o maior partido do potencial que todas as crianças têm, nomeadamente as que, à partida, parecem ter mais problemas e menos perspectivas de um desenvolvimento inteiramente normal. No entanto, as suspeitas têm que corresponder a verdadeiros desvios dos amplos limites da normalidade. E rotular uma criança de «atrasada», sejam quais for as circunstâncias, mesmo quando há algum problema, é fazer-lhe mal, e se esse rótulo é posto só porque o irmão mais velho ou a prima «não-sei-quantas» eram diferentes‚ só vai contribuir para prejudicar o seu desenvolvimento. E posto isto, toca a olhar bem «esse» bebé!



DESCOBRIR CADA BEBÉ COMO SENDO ÚNICO E PRIMEIRO
Cada bebé tem a sua maneira de ser e o seu leque de respostas aos diversos estímulos do mundo que veio encontrar, após muitos meses de vida num ambiente agradavelmente quente, relativamente insonorizado e sem demasiada luz. Não se pode esperar que um irmão seja igual a outro irmão, muito menos que o vosso bebé responda da mesma forma que os filhos dos vizinhos, dos amigos ou dos colegas. As comparações entre crianças têm geralmente um triste fim.

ATÉ OS QUATRO MESES VÊ A PRETO E BRANCO
Um recém-nascido interessa-se, em primeiro lugar, pelos contornos e pelas fronteiras entre as tonalidades (embora ainda veja tudo a preto, branco e diversos tons de cinzento), e o seu gosto em olhar formas com vários ângulos atesta a vontade de apreender o máximo de informações. Gosta das tonalidades contrastadas, dos objectos de médio tamanho em que a luz se reflecte e, de preferência, de forma ovóide. Por outro lado, prefere a face humana à sua representação em desenhos.


Aos quatro meses o bebé vê a cores, e os pais, quando lembrados deste aspecto, reparam que, quase de um dia para o outro, o filho começa a interessar-se mais gulosamente pelo ambiente e a deliciar-se com ele.


Escrito por Mário Cordeiro, pediatra
 

Matapitosboss

GForum VIP
Entrou
Set 24, 2006
Mensagens
13,147
Gostos Recebidos
0
Bem, tem aqui coisas que muitos de nós desconhecia-mos!
Parabéns pelo post/ amiga Luana.:espi28:
 
Topo