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Um pouco da história da minha vida

florindo

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Esta é a história da minha vida, (não a minha história) mas de um amigo que me enviou por mail, e que achei interessante por isso a coloco aqui.

Tenho 63 anos de idade, 63 de vida e cerca de 48 de excelentes experiências sociais, pois sempre considerei que o meu vizinho apesar de não ser meu irmão de sangue e embora não partilhando das mesmas ideologias religiosas, políticas ou outras, socialmente continua sempre a ser meu irmão e amigo.

Nasci em Portomar, concelho de Mira, distrito de Coimbra, PORTUGAL CONTINENTAL no extremo mais ocidental da Europa.

Estudei as primeiras letras básicas da minha formação, na escola primária de Portomar, minha terra natal.

Aos dez anos de idade tive um ataque epiléptico proveniente de um traumatismo craniano, feito a partir de diversas e possíveis quedas, pois sempre gostei de fazer acrobacias e ser livre como os pássaros que me vinham comer as migalhas da mão. Esta doença crónica ainda hoje me acompanha, mas desde que saí da tropa (23 anos de idade) nunca mais tive qualquer crise, tendo sido forçado a esconder, pois socialmente funciona como um ponto de marginalização, o que nunca me impediu de prosseguir as minhas ideologias e de olhar para quem precisava de mais que eu

Tive uma infância e depois uma adolescência, de muitos sacrifícios e muito trabalho na agricultura a par com os estudos. Contudo, apesar de todos esses sacrifícios, consegui vingar na vida para poder estender a mão a quem mais precisasse de mim.

Andei 4 anos para fazer o 5º ano do liceu (actualmente o 9º) mas era quase um curso universitário; mais tarde, este ensino foi muito mais simplificado, mas eu resisti e cá fiquei para servir alguém;

Estive em Angola, na guerra do Ultramar, mas consegui pôr - me a andar de lá para fora, pois não pedi a ninguém para ir para lá e cá, havia gente que precisava de mim;

Aos 22 anos estive envolvido no movimento estudantil em Coimbra, tendo ido parar à «choldra», mas hoje os estudantes estão melhores tendo ficado libertos de uma parte daquilo que o que os esperava no futuro próximo da altura, e eu fiquei para servir alguém;

Vivi debaixo da ponte, que é como quem diz, para acompanhar alguns sem abrigo e aprender com eles e como eles vivem;

Como S. Miguel rasguei a minha capa para agasalhar quem tinha frio;

Não dei de comer a quem tinha fome, mas dei-lhes a linha e a cana e ensinei-os a pescar para matarem a fome;

Dei de beber a quem tinha sede (sede física, sede psíquica, sede mental e sede de amor);

Aos 25 anos, com 2 meses de casado caí dum 6º andar com uma antena TV na mão (38 metros em queda livre), parti as 2 pernas mas ao fim de seis meses tudo recuperado e fiquei cá para servir alguém;

Aos 26 anos, eu e minha esposa iniciámos voluntariado de apoio aos sem abrigo na cidade do PORTO, distribuindo refeições quentes e apoio de afectos, ao serviço de diversas Instituições de Apoio aos Sem Abrigo, continuando ainda hoje a colaborar sempre que me é possível, essencialmente nos períodos de Inverno. Apesar de ter passado muito frio, nesta actividade, esse frio nunca me fez recuar e por cá fiquei para servir alguém;

Aos 28 anos, nos Alpes suíços, numa actividade de alta montanha fui apanhado por uma avalanche de neve, fiquei soterrado mas com a cabeça de fora durante 12 horas, parti 3 costelas e fracturei a coluna e fiquei cá para servir alguém;

Aos 31 anos fiz uma queda de 45 metros por uma ribanceira abaixo numa prova de escalada em Picos de Ancares em Espanha, abri a cabeça, mas fiquei cá para servir alguém;

Aos 33 anos, como sindicalista, numa greve e manifestação junto do Ministério da Saúde apanhei com uma carga de polícia, que fui parar ao Hospital de Stª Maria em Lisboa com uma costela partida, mas fiquei feliz pois o pessoal menor da função pública, conseguiu sair do marasmo em que se encontrava sem promoções havia diversos anos de promessas, e eu fiquei cá para servir alguém;

Aos 40 anos, iniciei voluntariado no Banco Alimentar Contra A Fome do Distrito de Aveiro, voluntariado esse que ainda hoje se mantém.

Aos 43 anos enveredei pela área da luta na defesa do AMBIENTE, luta que ainda hoje se mantém, tendo estado presente em muitas frentes contestatárias, quer em Portugal quer no estrangeiro, mas sempre sobrevivi para servir a alguém;

Aos 51 anos resolvi demonstrar ao meu filho e a muitos mais que não havia idade para se estudar e entrei para a Faculdade de Letras de Coimbra para Geografia, através da admissão só pelo AD HOC, mas foram só 3 anos, pois tinha outras missões para cumprir, contudo fiquei feliz pois ele tomou a peito o exemplo e hoje é um pouco da vaidade do pai, sendo um excelente músico profissional da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana, e eu continuei para servir alguém;

Aos 58 fiquei sozinho mas, mesmo sozinho, pois em Maio de 2006 minha querida esposa quando estava numa consulta Psiquiatria no H U Coimbra, caiu para o lado e ao fim de 8 dias em coma profundo lá acordou e ao fim de 38 dias abriu os olhos e hoje está internada num lar de idosos, altamente dependente, por acaso desde há 2 anos, a 3 kms de casa, mas eu cá fiquei e cá me vou aguentando com as minhas mazelas, para servir alguém.

Além dela tenho meu sogro com 88 anos, meu pai com 87 e alzheimer e minha mãe com 83 numa cadeira de rodas e duas canadianas nas mãos e uma úlcera varicosa desde há 4 anos numa perna; eu dou-lhes assistência permanente e continuo cá para servir mais alguém;

Aos 58 anos, lancei no concelho de Mira, o Banco Alimentar Contra A Fome do Distrito de Coimbra. Hoje, neste concelho, pessoas e crianças instituídas, num total de cerca de 200, já beneficiam mensalmente do Banco Alimentar Contra a Fome. Apesar de muitas contrariedades e dificuldades, e um grande mal-estar social gerado, o projecto está implantado e com pés para continuar e eu continuo em frente para servir alguém;

Aos 61 anos, acabei de escrever um livro que são 35 anos de pesquisa para a História do Homem, que vai ser lançado brevemente e irá ser doado a instituições de crianças ou associações culturais, em todo o país, que precisem de ajuda financeira, mas continuo em frente para servir alguém!

Ser macambúzio para quê? Perder a alegria exterior para quê?

Os dias escuros de ontem, são para esquecer, mas ao contrário, os que tivessem tido luz, deverão ser recordados. O dia de hoje, é para ser vivido quer haja nuvens escuras ou sol radioso e o dia de amanhã é aquele que mais deveremos evitar que fuja e deveremos conservar, pois é nele que iremos ter novas experiências, boas ou más, sofridas ou alegres, tristes ou felizes.

A vida precisa de ser vivida sempre a olhar em frente... sempre a pensar no dia de amanhã.

Muitas outras contrariedades foram acontecendo ao longo da minha vida, mas olho para o lado e vejo situações piores que a minha, o que me dá ânimo para continuar em frente, para servir mais alguém....!


 

MOI-MEMME

GF Bronze
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uma história que deixa toda a gente a pensar
 
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