• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Ministério Público rejeita politização do processo Face Oculta

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,987
Gostos Recebidos
347
O Ministério Público rejeitou esta quarta-feira a alegada politização do processo Face Oculta apontada pelas defesas de alguns arguidos, nomeadamente Armando Vara e José Penedos.

No começo da sua intervenção no primeiro dia de debate instrutório do processo, que começou esta quarta-feira no Tribunal de Monsanto, o procurador João Melo, do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), disse mesmo que "não se pode confundir arguidos com ligações políticas com um processo político".

No final da sessão de hoje, um dos advogados de Armando Vara admitiu que as palavras do procurador sobre a politização do processo eram um recado para o seu cliente.

"Interpretei naturalmente que aquelas palavras nos eram dirigidas, ninguém terá ficado com dúvidas sobre isso, mas amanhã (quinta-feira) terei oportunidade de esclarecer essa questão e de precisar aquilo que sempre dissemos e mantemos sobre essa matéria", disse Tiago Bastos.

O advogado que representa o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e do BCP Armando Vara já tinha afirmado que há uma "extraordinária politização" do processo judicial, sendo a face mais visível as escutas telefónicas, que tanta polémica têm gerado e que ainda não foram totalmente destruídas, mesmo depois da ordem do presidente do Supremo Tribunal de Justiça.

Armando Vara disse na semana passada que a acusação está obcecada pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e que o Ministério Público tem comandado "milimetricamente" a mediatização do processo.

Também a defesa de José Penedos, a cargo do advogado Ricardo Sá Fernandes, criticou a politização do processo, alegando que isso prejudica o seu arguido.

O procurador esclareceu ainda que o primeiro-ministro, José Sócrates, "não foi arguido nem investigado no âmbito do processo" mas apenas "apanhado nas escutas".

Hoje, João Melo criticou a tentativa das defesas de alguns arguidos de lançar para a discussão "cabalas, vingança e perseguições político-partidárias", referindo que este assunto "não terá qualquer resposta do Ministério Público por ser matéria alheia ao processo".

O MP respondeu também às nulidades suscitadas nos requerimentos de abertura de instrução, considerando-as "todas improcedentes".

A determinada altura nas alegações, o procurador afirmou que "o sucateiro de Aveiro (Manuel Godinho) distribuía prendas de forma quase despudorada e que havia sempre alguém com a mão estendida para elas", fazendo mesmo uma alusão a uma "série de televisão muito premiada", em referência a "Os Sopranos", em que o protagonista tem um negócio de tratamento de lixo para disfarçar a sua actividade criminosa.

Sobre a questão das prendas, o Ministério Público discorda da ideia de que é "algo natural na sociedade portuguesa, como alguns quiseram fazer passar", argumentando que "não é um acto socialmente adequado".

O debate instrutório prossegue esta quinta-feira com as alegações dos advogados de defesa.

O processo Face Oculta investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos e tem 36 arguidos, entre os quais duas empresas pertencentes a Manuel José Godinho, o único arguido em prisão preventiva e que está acusado de corrupção, associação criminosa, tráfico de influências, furto, burla, falsificação e perturbação de arrematações.

Entre os arguidos estão Armando Vara, ex-administrador do banco Millenium BCP e um dos que pediu a abertura de instrução e que está acusado de três crimes de tráfico de influências, e José Penedos, ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais), acusado de dois crimes de corrupção e dois de participação económica em negócio.

Jornal de Notícias
 
Topo