• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Mulheres são "mais sacrificadas" com a crise e o desemprego

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,984
Gostos Recebidos
343
As mulheres "continuam a ser as mais sacrificadas" com a crise e o consequente desemprego, existindo o risco de que "fiquem em casa" por não compensar ir trabalhar. O alerta é das duas centrais sindicais, UGT e CGTP.

Trabalhar pode não compensar, dado que o dinheiro que se ganha é inferior ao que se gasta para o fazer (em transportes, alimentação, etc.), podendo, nesta altura de crise, aumentar o número de mulheres a optarem por ficar em casa, por voltarem "outra vez ao espaço familiar", saindo do "espaço público", reconhece Ana Paula Viseu, da UGT.

"Isto está, de facto, complicado e grave para todos, mas sem dúvida que as mulheres continuam a ser as mais sacrificadas e as piores remuneradas", considera Odete Filipe, da CGTP, confirmando que o desemprego e a precariedade laboral estão a afectar muito as mulheres.

Odete Filipe refere que "40% das mulheres ganham só até 500 euros" e no caso da indústria "ainda é pior, ganham o salário mínimo". Em parte porque "a discriminação salarial" se mantém. "As mulheres são enquadradas nos níveis mais baixos. Isto tem influência no salário porque a média salarial das mulheres em relação aos homens é menos 18%, equivalente a menos 183 euros", concretiza.

A acrescentar a isto, "140 mil mulheres não têm qualquer subsídio" - são desempregadas de longa duração. E depois há ainda "o alargamento do horário [de trabalho] para 10 horas e 200 semanais", acrescenta, sublinhando que "muitas das empresas impõem os horários que querem", não possibilitando às pessoas que possam "organizar a sua vida familiar e pessoal".

"Ainda não sabemos muito bem o impacto" que a actual crise terá, diz Ana Paula Viseu. Antecipa porém que venha a ter um "impacto muito negativo no regresso das mulheres ao trabalho". É preciso saber "como é que a sociedade se vai reorganizar para dar espaço às mulheres voltarem para o mercado de trabalho", refere.

Gravidez facilita despedimento

Um dos problemas que UGT e CGTP têm detectado com mais frequência é o despedimento de grávidas. "Não são as mulheres que têm filhos, a sociedade tem filhos. Ela não pode ser penalizada por isso, não pode ser marginalizada", sustenta Ana Paula Viseu, frisando que os empresários "não percebem que [a natalidade] é um bem e que a mulher não é um estorvo".

Estar grávida "praticamente é um caminho de ir para a rua", descreve Odete Filipe. E agora, acrescenta Ana Paula Viseu, a sociedade está "a sofrer com isso", porque "as mulheres pura e simplesmente abdicaram de ter filhos".

Feitas as contas, lamenta Odete Filipe, "não só houve um retrocesso de direitos, mas também um retrocesso de mentalidade", já que 47% da população activa é composta por mulheres, mas estas "trabalham cerca de mais 16 horas por dia do que os homens nas tarefas familiares".

"Grande transformação" no mercado de trabalho

Esse recuo não é visível apenas nas estatísticas, "mas também a nível da própria auto-estima, da própria sociedade, de as mulheres sentirem que retrocederam em todas as conquistas que fizeram".

O desemprego não afecta apenas a independência económica das mulheres, tem também consequências na família e na sociedade em geral, realça Ana Paula Viseu. "A crise não é só perder o emprego, é transversal", frisa.

"As mulheres vão perder competitividade, vão perder ritmo, vão estar um pouco afastadas das realidades", antecipa, questionando o que vão fazer as empresas num cenário pós-crise com essas mulheres, que ficaram "afastadas meses e anos".

Com a certeza de que nada será como dantes e que haverá "uma transformação grande" do mercado laboral, aponta Ana Paula Viseu, acrescentando que apesar de serem as mais atingidas pela crise, "não foram as mulheres que provocaram a crise, porque as mulheres não estão nos lugares de decisão, não estão nas organizações que definem as coisas, porque não chegam lá, não estão porque não há espaço para elas".

Jornal de Notícias
 
Topo