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'Há pessoas que deixaram de ir aos shoppings para não terem tentações'

florindo

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As visitas e as vendas dos centros comerciais em Portugal estão a cair. Em Janeiro, a quebra nas entradas foi de 10,9% face ao homólogo, segundo o Índice Footfall, que continua a evidenciar a tendência de descida já verificada em 2010.

Nesse período, o índice - que mede o tráfego nos shoppings em Portugal - teve quedas homólogas em todos os meses, excepto em Janeiro (manteve-se igual a 2009), Março (com as visitas a subirem 0,9%) e Maio (+1,4%). Nos restantes, as descidas variaram entre 1,3% e 8,1% - recorde registado em Dezembro, tradicionalmente forte em compras em centros comerciais, devido ao Natal. Contas feitas, em 2010 - e depois de um 2009 em que todas as comparações mensais do tráfego caíram face a 2008 - as visitas a shoppings portugueses, mais de 650 milhões anualmente, caíram 3,01%, em média, mostra o índice elaborado pela Experian Footfall, a que o SOL teve acesso.

Já o volume de negócios da actividade, terá descido cerca de 5%, em linha com a queda de visitantes, segundo o presidente da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC), que representa 90% do sector e responde por uma facturação anual de 10 mil milhões de euros. «É uma média. Há centros que decresceram mais e outros que quase nem caíram. E, dentro de cada um, há lojas que sobem 20% e outras que podem descer o mesmo», detalha António Sampaio de Mattos.

Em entrevista ao SOL, o responsável defende que as quedas médias quer em vendas quer em visitas em 2010 «não foram significativas». E que os resultados alcançados até «são positivos», considerando os cenários pessimistas traçados perante a crise. «Não foi um ano fantástico, mas, apesar de tudo, os centros conseguiram aguentar o impacto da crise e ultrapassar um ano muito difícil», diz, argumentando que esta área de actividade resistiu melhor do que outras.

2011 não será pior

Este ano, a expectativa é que «não seja pior do que 2010». «Se assim for, ficaremos bastante satisfeitos», afirma, ainda que preveja uma «quebra face a 2010, mas menor do que entre 2009 e o ano passado».

«As pessoas que deixaram de ter dinheiro para gastar não vão aos shoppings para nem terem tentações. As outras não deixaram de ir».

O desemprego em máximos históricos, as medidas de austeridade, a redução de salários na Função Pública e as dificuldades de acesso ao crédito estão a emagrecer o rendimento disponível das famílias e a baixar o poder de compra. Consequência: o consumo privado deverá retrair-se 2,7% este ano, projecta o Banco de Portugal. Mais: com os índices de confiança dos consumidores em terreno negativo há vários meses e o volume de negócios do comércio a retalho - sobretudo o não-alimentar - a cair 2,3% no último trimestre de 2010, o desafio dos shoppings será adaptarem-_-se à nova realidade económica e de consumo, mantendo a capacidade de atrair clientes.

Como? Tendo um mix de lojas atractivo e inovador, disponibilizando actividades - se forem gratuitas, tanto melhor - que preencham o tempo livre e de lazer dos visitantes, como exposições feiras temáticas ou cursos. Há ainda que cortar nos custos de exploração dos shoppings (electricidade, água, manutenção). E, para ajudar lojistas com rentabilidades mais baixas, renegociar rendas, por exemplo, como aconteceu em 2010. Segundo Sampaio de Mattos, 10% dos lojistas do universo da APCC terão revisto os alugueres pagos aos gestores de centros.

As remodelações de espaços mais antigos e a renovação de conceitos comerciais também serão estratégias contra a crise, até porque, devido à conjuntura e às dificuldades de financiamento, mantém-se o abrandamento no surgimento de novos projectos. «Vamos ter uns anos em que os projectos novos a aparecer serão muito poucos», diz, embora descarte a hipótese de haver encerramentos. Após a inauguração de três projectos, totalizando 90 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL) em 2010 - o mínimo da última década -, este ano estão previstas seis aberturas (ver mapa), embora seja expectável que algumas deslizem para 2012.

Zonas saturadas

Em Portugal, onde o índice de ABL por mil habitantes é de 273,2 m2, o décimo maior da Europa a 27 (onde a média é 225,6 m2), o presidente da APCC, reconhece que «há saturação em certas zonas», como a Grande Lisboa e o Grande Porto, que somam mais de 50% da oferta comercial. Mas também defende que «o país ainda comporta novos centros em determinadas zonas». «No Interior ainda há espaço e no Litoral também», assegura, embora devam ser ajustados à densidade populacional e ao poder de compra de cada região. «Não pode haver um Colombo na Beira Alta», remata.

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