• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

A desventura portuguesa da ETA

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,984
Gostos Recebidos
345


A missão de estabelecer uma base terrorista basca em Portugal foi entregue a dois extremistas precoces que, após um percurso acidentado, deixaram a organização numa situação precária. O Ministério Público luso acusou esta sexta-feira Andoni Fernandez e Oier Mielgo de 13 crimes.

Segundo a acusação a que o SOL teve acesso, Andoni Fernandez, de 31 anos, e Oier Mielgo, de 27, formaram-se na escola da kalle borroka (luta de rua) durante a adolescência. Andoni protagonizou o primeiro acto de confrontação das forças de segurança aos 17 anos quando, juntamente com outros cinco activistas, atacou uma patrulha da Ertaintza, a polícia autónoma basca, em Elorrio-Vizcaya. Tornou-se rapidamente numa referência da organização através da elaboração de manuais sobre a preparação de explosivos, de que tinha extenso conhecimento teórico e prático. Oier Mielgo também teve o seu baptismo de fogo e a primeira detenção aos 17 anos, após incendiar a casa de um agente da polícia em Vitória.

Foi a estes dois jovens operacionais que a ETA entregou algures entre 2006 e 2007 a tarefa de estabelecer em Portugal uma base de retaguarda da sua campanha terrorista contra o Estado espanhol. Em território luso alugaram residências para o apoio a operações de aquisição e processamento de explosivos - primeiro na zona da Lousã, e no final de 2008 em Óbidos - e furtaram vários automóveis que seriam posteriormente utilizados em atentados no país vizinho.

Acidente na Pampilhosa

Andoni e Oier operavam em Portugal com recurso sucessivo a viaturas roubadas na via pública. A Citroën Berlingo, uma versátil carrinha comercial de presença comum nas estradas lusas, era recorrentemente escolhida pelos etarras. A odisseia dos dois bascos em Portugal poderia ter acabado abruptamente a 9 de Fevereiro de 2009, quando uma das Berlingo, roubada a uma pastelaria de Viseu, acabou num buraco de dois metros de profundidade na berma da estrada que liga Pampilhosa da Serra a Góis, numa das viagens dos dois operacionais.

A viatura foi abandonada e os dois etarras escaparam sem ferimentos graves. Horas depois, Oier estava de regresso ao serviço com um telefonema para a Cruz Vermelha de Madrid a anunciar a explosão iminente de um carro armadilhado. O atentado fez dois feridos no nordeste da capital espanhola. Na noite seguinte, os bascos roubavam mais uma Berlingo. Desta feita, em Castelo Branco.

Em Janeiro de 2010, e após a detenção de dois outros operacionais da ETA em fuga de Espanha em Torre de Moncorvo, começou a contagem decrescente para o fim da aventura basca em Portugal. O nervosismo ditou a fuga de Andoni e Oier a uma operação stop da GNR em Óbidos. Os dois etarras correram a casa, onde recolheram documentação falsa que os auxiliaria a iludir as autoridades durante mais algumas semanas. Para trás, deixaram portas abertas que permitiram a uma patrulha da GNR visualizar um enorme volume de explosivos armazenados na vivenda.

A 11 de Março de 2010, Andoni tenta embarcar em Lisboa num voo rumo à Venezuela com recurso a um passaporte mexicano falso, mas é detido. Oier permanece a monte. Um ano depois, o Ministério Público conclui a investigação do caso e acusa os dois etarras de 13 crimes de terrorismo, furto, detenção de arma proibida e resistência e coacção sobre funcionário.

A ETA perdeu o pé em Portugal, como já havia perdido em França, e terá sido a estreita colaboração policial além-fronteiras a levar a organização a decretar recentemente um cessar-fogo. A trégua continua a ser encarada em Madrid com indisfarçável cepticismo, mas Espanha crê que os sucessivos golpes contra o grupo separatista basco reduziram irremediavelmente a capacidade de actuação dos etarras.

SOL
 
Topo