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A intervenção na Líbia aprovada pela ONU deverá neutralizar a força aérea daquele país, mas será preciso fornecer armas e treino ao exército de Bengasi para que o conflito seja solucionado, defendeu hoje o general Loureiro dos Santos.
«Julgo que o que vai acontecer é que vão haver pressões para neutralizar a força aérea líbia, que o espaço aéreo será vigiado permanentemente, assim como as intervenções em terra, e penso que isso parará o impulso das forças líbias em direcção a Bengasi», explicou o antigo chefe de Estado-maior General das Forças Armadas.
Loureiro dos Santos frisou que, «ao mesmo tempo, terá que haver uma acção de fornecimento de armamento e treino do exército de Bengasi para este ter capacidade de deter as forças terrestres de Kadhafi»,
Segundo defendeu, «a decisão final [do conflito interno da Líbia] tem de ser obtida em terra com forças terrestres».
O Conselho de Segurança das Nações Unidas votou, na quinta-feira à noite, a favor do recurso à força contra as tropas do coronel Muammar Kadhafi, abrindo caminho aos ataques aéreos à Líbia.
A resolução cria uma zona de exclusão aérea nas zonas controladas pela tropas de Muammar Khadafi na sequência da ameaça do líder líbio de atacar Benghazi, caso os rebeldes não se rendessem, e autoriza «todas as medidas necessárias» para proteger os civis e impor um cessar-fogo ao exército da Líbia.
«A resolução aprovada pela ONU não fala apenas da zona de exclusão aérea, também diz que podem ser tomadas as medidas necessárias para proteger a população civil e isso não inclui a entrada de forças terrestres na Líbia, mas inclui ataques aéreos a forças terrestres que estejam a ameaçar forças civis líbias», explicou o general Loureiro dos Santos.
Agora, acrescentou o especialista em Defesa, é preciso determinar quem ficará ao comando das forças de intervenção, sendo que poderá ser um dos países, mas que é mais provável ser a NATO.
Os representantes dos 28 países da NATO vão estudar hoje as consequências da adopção pela ONU de uma resolução favorável ao recurso à força contra as tropas de Kadhafi, afirmou um diplomata da Aliança Atlântica.
Loureiro dos Santos adiantou ainda que Portugal, enquanto Estado-membro da NATO, «não é obrigado a intervir, mas pode colocar à disposição da intervenção os meios que tem».
Em declarações à Lusa em Maputo, onde se encontra em visita de trabalho, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, garantiu que Portugal não participará em operações militares contra a Líbia, mas admitiu uma participação portuguesa na «dimensão humanitária» da operação, tendo em conta que existem muitos deslocados na Líbia.
Loureiro dos Santos disse ainda à Lusa que a intervenção terá ainda de esperar que as forças lideradas por Kadhafi ataquem ou ameacem civis.
«Terá que ser uma intervenção no momento em que as forças líbias estão a atacar e a ameaçar de morte civis ou quando se desenhar esse ataque, não pode ser por iniciativa das forças das Nações Unidas nem podem escolher alvos que estejam parados ou que não estejam prontos a avançar, senão o espírito da resolução não é cumprido», concluiu.
Sol/Lusa