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O centenário da primeira greve-geral em Portugal ocorre domingo, em pleno período de contestação social por novas políticas económicas e sociais, o que mostra que o papel dos sindicatos e os motivos das lutas se mantêm ao longo da história.
A data de 20 Março de 1911 é tida como a da realização da primeira greve-geral, embora tenha sido convocada apenas para região de Lisboa.
Nessa altura eram reivindicadas melhores condições de vida e de trabalho.
O secretário-geral da CGTP considerou que a primeira greve-geral realizada em Portugal teve grande expressão e mostra que os sindicatos têm mantido um papel determinante na sociedade ao longo da história.
«A primeira greve-geral foi de grande expressão, veio na sequência de outras lutas de grande dimensão que vinham a ocorrer desde o século XIX», disse Manuel Carvalho da Silva.
O centenário da primeira greve geral um dia após a realização de uma manifestação nacional de protesto convocada pela CGTP em defesa de novas políticas económicas e sociais.
«É apenas uma coincidência, mas mostra a perenidade dos sindicatos que, ao longo da sua história, têm maior ou menor intervenção, maior ou menor força, conforme o contexto social, mas são organizações que mantém um papel determinante na sociedade», disse o sindicalista.
Carvalho da Silva salientou que, tal como há cem anos atrás, muitas vezes as lutas dos sindicatos não produzem resultados imediatos.
«A luta dos trabalhadores por vezes é de sacrifício de uma geração inteira para que a geração seguinte viva melhor», disse referindo a importância da manifestação de hoje.
O líder da CGTP defendeu a importância dos sindicatos irem «ao confronto para que a sociedade possa ter um novo impulso de melhoria de desenvolvimento», considerando que esta é a «elação» que deve ser tirada da luta de há cem anos.
Segundo o livro sobre a história do movimento operário e sindical, lançado pela Intersindical em Janeiro, com a implantação da República, em 1910, agudizaram-se as lutas de classes, em consequência da política anti-operária praticada pelos diversos governos.
Os conflitos laborais e a agitação social alastraram devido às más condições de vida dos trabalhadores, tal como acontecia noutros países, como a Alemanha, França, Espanha e Estados Unidos, onde ocorreram greves-gerais.
A 20 de Março de 1911 realizou-se uma greve-geral de 24 horas em Lisboa, em apoio à paralisação dos trabalhadores conserveiros de Setúbal, iniciada no mês anterior.
A primeira greve-geral em Portugal foi reprimida pelas autoridades e custou a vida a dois grevistas que foram mortos pela então criada Guarda Repúblicana.
Em Janeiro de 1912 realizou-se a primeira greve-geral nacional, de solidariedade para com os trabalhadores rurais, que reivindicavam melhores salários.
O fluxo grevista da altura favoreceu o crescimento de associações de classe, que funcionavam como sindicatos.
Em 1911 existiam já 356 sindicatos, nomeadamente de ferroviários, trabalhadores fabris do Estado, empregados de escritório, bancários e funcionários públicos.
Em Maio de 1911 realizaram o II Congresso Sindicalista, onde foi fundada a União das Associações de Classe de Lisboa e eleita a Comissão Executiva do Congresso, que no seu regulamento se definia como a Central dos Sindicatos Portugueses.
Sol/Lusa