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O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, desafiou o primeiro-ministro, que «quer provocar eleições», a pedir votos para «congelar as pensões e baixar os salários», e avisou que PS e PSD apenas propõem «austeridade e recessão».
«Se José Sócrates quer provocar eleições, que vá a eleições pedir o voto para congelar as pensões dos mais velhos, para dizer que quer o trabalho precário dos mais novos, que quer baixar o salário para que o resultado da economia seja mais recessão, que quer despedimentos mais baratos para que haja mais despedimentos», afirmou o líder bloquista, num jantar com cerca de 150 apoiantes na Chamusca, durante as jornadas parlamentares do BE, que decorrem até terça-feira no distrito de Santarém.
Na sua intervenção, em que criticou duramente as propostas do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) 4, que o Governo entregou hoje na Assembleia da República e que será discutido na próxima quarta-feira, Louçã avisou que «nestas eleições, há gato por lebre».
O líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, «já veio propor um Governo do PS com o PSD» e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, «já se ofereceu para esse Governo», afirmou o líder bloquista.
«As soluções que eles nos trouxeram nestes meses deste orçamento em que governaram juntos, o que nos propõem para o futuro, quando querem governar juntos, é isto mesmo: austeridade, recessão, empobrecimento, ataque ao país, destruição da economia», declarou.
Sobre as novas medidas de austeridade, Francisco Louçã considerou que «o Governo garante a pobreza máxima garantida a mais de 1,2 milhões de portugueses e ao mesmo tempo o rendimento máximo garantido a quem tem contratos de favorecimento e quem tem uma mão no Orçamento do Estado, que são as parcerias público-privadas».
Para o BE, os dois grupos mais afectados pelo PEC são os idosos e os mais jovens.
Francisco Louçã criticou o Executivo por propor «retirar aos reformados 350 milhões de euros», afirmando que «muito mais de metade» das pensões de dois milhões de idosos são «abaixo do limiar da pobreza».
«Para o Governo, é tão fácil conceder aos amigos e aos mordomos do regime, e é tão difícil fazer o mínimo por aqueles que já deram o máximo pelo seu país», condenou.
Os jovens e trabalhadores precários são outra «geração sacrificada» que «está a exigir o que é seu» ao defender «uma economia que respeite as pessoas, que dê contrato a quem trabalha efectivamente».
Francisco Louçã enunciou as principais medidas da proposta do Governo, como o corte dos subsídios de desemprego e abonos de família e «congelamento nominal de todos os outros benefícios sociais, que o Governo disse que eram um equívoco».
O «embaratecimento dos despedimentos» e redução da indemnização a um terço, aplicados a «todos os contratos de trabalho», o não cumprimento do acordo sobre o aumento do salário mínimo nacional para 500 euros, a simplificação da expulsão dos inquilinos, são exemplos de medidas do PEC criticadas por Louçã.
Mas, ironizou, porque «é preciso amparar os desesperados», o Governo prevê três mil milhões de euros para a banca.
Lusa/SOL