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Quatro crias de lince ibérico morreram este mês no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico de Silves (CNRLIN), duas das quais por hipotermia, 12 horas após o nascimento, depois de terem sido abandonadas pela progenitora.
Segundo a informação avançada no sítio da internet do CNRLI, a morte das duas crias do sexo feminino, nascidas em 28 de Fevereiro «está directamente associada ao abandono pela mãe e às consequentes hipotermia e hipoxia», enquanto as outras duas ocorreram a 11 de Março, resultantes de um «aborto antes do prazo previsto para o parto».
O Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico de Silves, sob a responsabilidade do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), integra a rede de centros de reprodução da espécie, cuja população é gerida pelo Comité de Cria em Cativeiro do Lince Ibérico.
De acordo com o sítio do CNRLI, a fêmea Biznaga registou os primeiros sinais de parto ao 64.º dia de gestação, tendo abandonado a primeira cria cerca de duas horas após o parto, «sempre sob a vigilância» da equipa do centro.
«O protocolo de actuação ante abandono de ninhadas aconselha a que se esperem até duas horas antes de tomar a decisão de intervir para salvar crias que não estão a ser bem atendidas pela mãe», lê-se na página da internet daquele centro.
A intervenção da equipa do CNRLI verificou quando a progenitora abandonou a segunda cria, recolhendo os dois recém-nascidos, transportando-os para a sala artificial, onde foram «reanimadas colocadas em incubadoras» oferecidas pela Maternidade Alfredo da Costa.
Contudo, 12 horas após a sua recuperação, «ficou patente que os danos eram já demasiado extensos» e ambas as crias acabaram por morrer.
A necrópsia efectuada em Espanha apurou que a morte das crias «está directamente associada ao abandono pela mãe».
Os pequenos linces nascem com os olhos fechados e são totalmente dependentes da mãe para receber imunidade através do leite, calor, protecção e limpeza.
Apesar de lamentar a perda da ninhada, o centro de Silves considera «cumprido o objectivo de recuperar mais uma fêmea fundadora do programa para a reprodução, após um longo período em cativeiro, sem contribuição para o programa e já com metade da sua vida reprodutiva cumprida».
A 11 de Março, Fresa, uma outra fêmea, abortou duas crias antes do prazo previsto para o parto, que segundo o CNRLI, «confirma os dados estatísticos da mortalidade pré-natal, que é superior a 70 por cento para fêmeas primeiriças».
Para o CNRLI, «as expectativas desta época de reprodução em Silves não são muito altas, dado ser comum o comportamento de abandono de crias».
Em 2010, as duas primeiras e únicas crias nascidas em Silves da fêmea Azahar também não sobreviveram, acabando por morrer «de forma aguda num curto espaço de tempo».
A época de reprodução dos linces ibéricos decorre entre Dezembro e Junho, tendo sido conseguido no centro de Silves que todas as subadultas «copulassem pela primeira vez».
A funcionar desde 2009, o CNRLI de Silves foi o terceiro a abrir na Península Ibérica, após a transferência de 16 animais, provenientes de três centros espanhóis de reprodução.
Actualmente, a população residente do único centro português, é composta por 19 linces, 16 adultos e três jovens, dos quais 11 machos e oito fêmeas.
Lusa / SOL