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Um dia após o governo se ter demitido em bloco, a população síria aguarda que Bashar al-Assad, o presidente do país, anuncie o fim do estado de emergência decretado há 48 anos.
A demissão do governo é vista como uma medida pró-democracia com o intuito de amenizar a recente onda de protestos que se tem verificado no país, segundo a BBC.
À queda do governo sírio, a população espera que suceda a abolição do estado de emergência em vigor no país há 48 anos e que suspende a maioria das protecções constitucionais.
Karim Émile Bitar, do Instituto Internacional de Relações Estratégicas, antevê que «tudo se pode desmoronar» se o estado de emergência for levantado, pois é uma «pedra-base» do regime.
Citado pelo New York Times, o investigador sublinhou ainda que será «uma motivação» para a população «acentuar ainda mais as suas queixas» contra o regime.
No discurso que fez esta quarta-feira, Bashar al-Assad afirmou que a sua presidência «apoia as reformas e as exigências da população», mas advertiu que «não está a favor do caos e destruição».
Abordou ainda a questão das influências externas: «Não quero que as pessoas pensem que estou a culpar o que está a acontecer internamente com conspirações externas, mas elas estão interligadas».
O seu discurso é encarado como uma tentativa de acalmar os protestos nas ruas, onde, já depois da demissão do governo, as autoridades do regime dispararam sobre vários manifestantes, matando dezenas de pessoas.
Abdel Majid Manjouni, líder do Partido Social Democrata da Liga Árabe, vê a demissão como uma «manobra», pois o problema «não está no governo, mas antes nas políticas do estado».
«Não são os ministros que decidem essas coisas [políticas de Estado]. É o presidente, é ele que toma as decisões», reforçou.
A democratização do regime está envolta num clima de dúvidas, pois na Síria é o presidente que detém o poder de decisão quanto a medidas ou reformas políticas.
As incertezas aumentaram quando Muhammad Naji Otari - anterior líder do governo demissionário -, foi apontado como primeiro-ministro provisório enquanto se aguarda pela formação de um novo governo.
SOL