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O antigo presidente do PSD Marcelo Rebelo de Sousa considerou hoje que a aproximação entre Bloco de Esquerda e PCP será negativa para o PS, que terá de defrontar «concorrências mais fortes» à esquerda e à direita nas eleições.
Comentando a reunião que PCP e Bloco realizam na próxima sexta-feira, para debater a actual situação política, económica e social, Marcelo Rebelo de Sousa considerou hoje que os dois partidos «querem dizer que estão disponíveis para dialogar com o PS».
«O líder parlamentar do Partido Comunista [Bernardino Soares] disse que a ideia é criar um ambiente para um governo à esquerda. Leia-se, um governo à esquerda do PS, com o PS, mas com o PC e o BE», afirmou o ex-líder social-democrata, à margem de um debate sobre «Imprensa e Revolução», na Associação 25 de Abril.
Para Rebelo de Sousa, «o efeito disto para o PS não é bom».
Nas eleições antecipadas, «em que o eleitorado vai sobretudo ser disputado ao centro», o PS terá de «enfrentar, ao centro, uma concorrência mais forte dos partidos situados à sua direita» e «ao mesmo tempo, uma concorrência mais forte à esquerda, dos partidos situados à sua esquerda», considerou.
«É um problema duplo», afirmou o constitucionalista e comentador político.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, é «compreensível que o PC e o BE queiram mudar a política para um sentido mais à esquerda», mas «não é objectivamente muito fácil para o PS esse tipo de estratégia».
Na opinião do antigo responsável do PSD, os dois partidos pretendem manter «um diálogo na base de um programa que é oposto ao programa que o PS tem realizado no Governo».
«Como o PS leva a candidato a primeiro-ministro o actual primeiro-ministro, não é muito fácil ao mesmo tempo defender a política que executou e negociar de uma política oposta», considerou.
Questionado sobre se tal entendimento poderia ser mais fácil caso o PS tivesse outro líder, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a comentar, afirmando apenas que «não vale a pena especular».
PCP e BE reúnem-se na próxima sexta-feira, a convite do Bloco, para discutir a situação política, económica e social do país, mas ambos recusam o cenário de coligação pós-eleitoral.
Lusa/SOL