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História e Domesticação do Gato – De Selvagem a Familiar

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Fev 29, 2008
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A extinção dos Dinossauros, por volta de 60 a 70 milhões de anos, foi uma oportunidade de ouro para os mamíferos prosperarem. Os Miacídeos ou Miacis, pequenos carnívoros supostamente com proporcionalmente os maiores cérebros da época, tiveram sucesso na difícil tarefa de escapar à extinção.

A guerra do cão e gato ficaria estabelecida há 50 milhões de anos atrás, quando a superfamília à qual os dois pertencem decidiu que estava na altura de se “divorciar”. Pensa-se que os Miacídeos se dividiram em grupos diferentes causando a separação definitiva entre o cão e gato, que até então partilham de um passado comum: a Miacidae, que originaria o cão, entre outras espécies, e a Viverravidae, responsável pelos felinos, entre outros.

Apesar de a árvore genealógica do gato ter muitos ramos quebrados, pensa-se que as primeiras criaturas semelhantes a gatos, os Proailurus, surgiram à 40 milhões de anos. Estes animais eram um pouco maior do que os gatos domésticos, pesavam em média 9 Kg., e tinham uma longa cauda e unhas retracteis. No início do período Mioceno, estes animais deram origem ao Pseudaelurus, considerado a primeira variedade do gato moderno. Estes habitantes da Europa e do Médio Oriente não tardariam a dar forma aos felinos, a família Felidae.

Pensa-se que o género Felis, pertencente à família Felidae, surgiu à 12 milhões de anos. O Felis lunensis e o Felis manul são duas das espécies conhecidas como “gatos que ronronam”, por causa da anatomia das suas gargantas. Entre estes gatos que não conseguem rugir, está o Puma, o maior do género, o Ocelot ou Gato-do-mato, o Lince e o Gato Selvagem Europeu (Felis silvestris silvestris)

O gato selvagem desenvolveu-se na Europa e depois migrou para os outros continentes, excepto a Austrália, que já se encontrava isolada, muito antes do aparecimento do gato, dando assim origem a várias espécies de gatos selvagens extremamente bem adaptadas ao seu ambiente.

Domesticação

Primeiros contactos

Os Egípcios foram durante muito tempo considerados os domadores dos gatos, colocando a data de domesticação perto de 4000 A.C. Contudo, escavações recentes no Chipre revelaram um túmulo coberto por conchas e outros elementos decorativos, como pedras polidas, onde se encontrou um gato e um humano enterrados lado a lado. O túmulo terá 9500 anos, o que remonta a data de domesticação dos gatos para antes de 7500 A.C. Apesar disto, não há provas evidentes de que o gato já estaria domesticado naquela altura, mas sabe-se sim que o animal foi introduzido na ilha pelos humanos.

Médio Oriente

Sustentada por essas descoberta, a teoria de que o gato poderá ter sido primeiramente domesticado no Médio Oriente começa a ganhar força. A domesticação do gato está profundamente ligada à agricultura. Com a substituição da vida nomática pela agricultura, o homem passou a ser sedentário. As sementes armazenas para plantação eram um chamariz de ratos e outros pequenos roedores, considerados uma praga para os agricultores que subsistiam das colheitas. Os gatos começaram a aproximarem-se destas aldeias com a promessa de um banquete de roedores e protecção dos grandes predadores. Eventualmente, os humanos começaram a alimentar os gatos para manter estes exterminadores por perto e estes tornaram-se mais dóceis e menos receosos dos humanos ao ponto de se tornarem animais de estimação. Assim, é legítimo pensar que o Crescente Fértil (Iraque, Israel e Síria) poderá ter sido o local de domesticação deste felino. Através de um recente estudo de análise do DNA de vários gatos selvagens e domésticos, concluiu-se que os antecessores do gato são dessa região e que a domesticação terá ocorrido por volta de 8000 A.C, antes do desenvolvimento da Antiga Civilização Egípcia. O gato domesticado foi o Gato Selvagem Africano, Felis silvestris lybica.

Egípcios

A teoria mais divulgada continua a ser contudo a de que foram os egípcios os responsáveis pela domesticação do gato. Apesar de haver evidências arqueológicas que atestam a relação do homem e do gato noutras partes do mundo, não parece haver provas concretas da efectiva domesticação, sendo possível que o gato vagueasse pelas aldeias e pelo mato a seu belo prazer. Sabe-se apenas que no Egipto o gato foi de facto domesticado. Mesmo que os egípcios não tenham sido os primeiros, o incrível número de artefactos encontrados nesta região, faz deste lugar um marco histórico na domesticação do gato.

Os egípcios tinham uma estima tão profunda pelos gatos, que foram criadas leis para os proteger: matar um gato era um crime punido com a morte. Por volta de 1500 A.C., surgiu uma nova Deusa com face de gato. Bast ou Bastet, começou por ser uma leoa, deusa da guerra, mas com a crescente popularidade do gato, começou a ser representada como uma mulher com face de gato ou mesmo como o animal inteiro. Bast era a deusa dos gatos, mulheres e crianças, admirada pela sua personalidade afável e força. Vários templos foram erguidos em sua honra e vários gatos foram mumificados, prática feita apenas nos humanos mais respeitados, como por exemplo, o Faraó. Desde pinturas a esculturas, o gato é um elemento integrante da cultura egípcia antiga.

À conquista do mundo

Apesar de os egípcios terem imposto a proibição da exportação de gatos, as pragas de roedores a bordo dos navios e o potencial lucro daquela carga preciosa incentivaram o contrabando. Os países banhados do Mar Mediterrâneo foram os primeiros a dar as boas-vindas ao gato, transportado provavelmente pelos barcos fenícios. A partir daí, o gato viajou por todo o mundo chegando à Rússia, Inglaterra, China, Índia e Japão antes da Era de Cristo e mais recentemente, no século XVIII, chegou à América do Norte, espalhando-se depois por todo o continente, e à Austrália, um século mais tarde.

Apesar de algumas mutações genéticas terem ocorrido devido à domesticação, a verdade é que o gato doméstico ainda é muito semelhante ao gato selvagem, ao ponto de não se conseguir classificar os indivíduos somente pelos genes. Chamamos-lhe domesticação, mas, na verdade, o gato permaneceu com um espírito selvagem, nunca sacrificando a sua vontade aos desejos do homem. Não se pode comparar a domesticação do gato, com a domesticação de qualquer outro animal. Em vez de prevalecer a vontade do homem, parece sobretudo prevalecer a vontade do gato. Apesar disto, ou talvez por causa disto, os gatos são na nossa sociedade considerados elementos da família.


Fonte:arcadenoe
 
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