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Nove em cada dez necessitados de cuidados paliativos não têm apoio

florindo

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Cerca de 90 por cento dos milhares de pessoas que precisam de cuidados paliativos em Portugal não os tem, o que se deve ao desconhecimento e à excessiva burocratização do sistema, alertou hoje Isabel Neto, especialista nesta área.

Para ajudar a combater esta realidade, decorre a partir de quarta-feira o 12º congresso europeu de cuidados paliativos, o «maior de sempre», que juntará em Lisboa 2.500 profissionais de saúde, afirmou Isabel Neto, presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), co-organizadora do evento.

O debate, no qual participarão quase 200 portugueses, será científico e vão ser apresentados diversos trabalhos de investigação, adiantou a responsável, que afirma a necessidade de combater a «ideia errada» de que prestar cuidados paliativos é fazer caridade.

«Não presta cuidados paliativos quem tem vocação, mas quem tem treino. É uma especialidade médica e de enfermagem para aliviar o sofrimento dos doentes no final da vida, que muitas vezes não são dias, são meses ou até anos. É um trabalho feito com base em ciência e humanismo», explicou.

Esta chamada de atenção tem a ver com o «muito desconhecimento, os muitos mitos e preconceitos» que rodeiam os cuidados paliativos.

Por isso, os principais objectivos do congresso são chamar a atenção para a necessidade de especialização em cuidados paliativos, por um lado, e informar mais as pessoas para que possam pedir ajuda, por outro.

«Se não têm informação, se não souberem que existe, nunca poderão pedir cuidados paliativos» e Portugal tem «dezenas de milhares de pessoas que estão a viver estas situações».

A resposta em termos de cuidados paliativos está abaixo das necessidades e, apesar de haver alguns progressos, estes são lentos, alertou.

«Temos resposta para 12 por cento das pessoas que precisam, com grandes défices no apoio domiciliário e com algumas tentativas de vender cuidados paliativos como cuidados indiferenciados, esquecendo as recomendações da Organização Mundial de Saúde para que haja especialização», criticou Isabel Neto.

Segundo a responsável, outro dos motivos que levam a este défice é o facto de os cuidados paliativos estarem integrados na rede de cuidados continuados, o que torna o processo «demasiado burocratizado, com tempos de referenciação muito lentos, que não se compadecem com as necessidades dos doentes».

Isabel Neto preconiza assim a possibilidade de criar uma rede autónoma de cuidados paliativos, fora da rede de cuidados continuados.

«Só em Lisboa, perto duas mil pessoas morrem antes de terem acesso aos cuidados paliativos, porque quando são chamadas para a rede já faleceram. São cerca de 50 por cento os que morrem antes de serem chamados».

Os cuidados paliativos têm também como objectivo prestar um apoio aos familiares e cuidadores que sofrem o impacto directo da doença.

Se esse núcleo for constituído em média por três pessoas, então ascendem a pelo menos 180 mil o número daqueles que, em Portugal, carecem da resposta dos cuidados paliativos, alerta a APCP.

O congresso irá insistir na necessidade de investimento na formação, de investimento político real e de alteração de funcionamento do actual sistema. Paralelamente pretende informar a sociedade civil e também os profissionais de saúde.

Lusa/SOL
 
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