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Educação: personalizada ou seguindo 'manuais de instruções'?

florindo

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Atentas à procura dos pais por um «manual de instruções» para os filhos, as editoras publicam cada vez mais guias com soluções para educar, mas especialistas e educadores alertam que cada criança é única e a sua educação também.

A Esfera dos Livros tem vários títulos dentro da colecção de psicologia e da colecção de guias e manuais dirigidos aos educadores, «todos eles, em diferentes áreas, pretendem ser guias ou instrumentos de ajuda para pais», disse fonte da editora, a propósito do Dia Mundial da Criança, que se assinala hoje.

As editoras que integram o grupo Leya publicaram desde 2007 «perto de 50 livros dentro deste género», disse à agência Lusa fonte da direcção de comunicação, adiantando que estes livros vendem bem e continuadamente.

A Esfera dos Livros deu a mesma informação, esclarecendo que esta procura se justifica por os referidos livros serem «ferramentas úteis para consulta e leitura dos pais e educadores».

O presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) e o director do Departamento da Criança e da Família do Hospital de Santa Maria consideram, contudo, que estes livros não devem nunca servir como manuais de instruções, embora alguns possam ser um bom complemento para ajudar os pais.

«Cada filho é único e irrepetível e a educação deve ser uma preocupação dos pais, pelo que todas as ajudas são bem-vindas, mas devem ser os pais, em diálogo um com o outro e tendo em conta a criança específica, a decidir o que fazer, porque educar é um exercício personalizado», disse à Lusa Fernando Ribeiro e Castro, da APFN.

O pediatra Gomes Pedro vê cada vez «com mais dificuldade esta sobrecarga e esta pressão sobre o conhecimento», mas defende que deve ser «adquirido numa partilha de descoberta de cada 'touchpoint' (ponto de referência) do ciclo da vida da criança, nas consultas de pediatria».

Na opinião do médico, esta é a altura de os pais «utilizarem estruturadamente as consultas» para porem as suas dúvidas. O pediatra esclarecerá tendo em conta as diferenças individuais de cada criança e, se entender necessário, pode recomendar a leitura de algum livro específico.

O presidente da APFN lembra também que os pais têm outros pais amigos «com quem devem e podem falar» ou os seus próprios pais, com quem devem aconselhar-se.

«O importante é usar o seu próprio julgamento e não entregar aos livros ou ao psicólogo a responsabilidade de educar, como quem leva o carro à oficina. A moda de seguir a educação ‘by the book’ esquece que as crianças são todas diferentes», disse.

O consumo destes livros na busca da melhor educação para os filhos surge na sequência do ‘boom’ da descoberta da neurociência, em que se descobriram as competências do bebé, desde antes de nascer, explica Gomes Pedro.

A par disso, os pais têm cada vez menos filhos, o que os leva a querer investir o máximo neles, afirmou, acrescentando que «ao mesmo tempo isto gerou um certo stress».

Alguns livros e também «boas revistas» da especialidade, «que não se arrogam o papel de querer ensinar a educar», ajudam a elucidar e até a acalmar a «ansiedade» dos pais, considera Ribeiro e Castro, que rejeita os «guias de educação» escritos por pessoas sem qualquer reconhecimento e «que se calhar nunca pegaram numa criança».

Gomes Pedro também faz a distinção entre os livros escritos por «bons profissionais portugueses e estrangeiros», que «deixam mais desafios aos pais do que instruções de manual como se de um carro se tratasse».

Lusa/SOL
 
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