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Gravidez e diabetes

maioritelia

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Vigie a sua doença e engravide sem problemas



Era ainda uma criança quando descobriu que sofria de diabetes. Os anos passaram, Célia Esteves casou e quis programar a sua gravidez. Depois de uma primeira tentativa que não acabou bem, a vontade falou mais alto e a nossa entrevistada conta-nos como controla a sua doença durante a gestação. Está de 30 semanas e é o testemunho ideal de que não se deve perder a esperança.

Célia Esteves conhece de perto a diabetes desde os 12 anos de idade. Recorda a data do diagnóstico como ninguém: 19 de Maio de 1993. Começou por perder peso, tinha sempre muita sede e ia muitas vezes à casa de banho. “Pouco tempo depois destes primeiros sintomas, constipei-me e fiquei ainda mais debilitada”, explica-nos. O médico receitou-lhe um antibiótico “que continha sacarose”, o que fez com que o processo acelerasse”. Perdeu ainda mais peso e como estava a ficar cada vez mais debilitada, acabou por ter de ir às urgências. “Após uma análise ao sangue, o diagnóstico foi óbvio”, refere. O facto de lhe ser diagnosticada uma doença crónica não foi fácil. “Foi complicado ouvir que iria precisar de tomar insulina para o resto da sua vida. No primeiro dia, a reacção foi de choque, como seria de esperar, mas o apoio incondicional da minha família fez com que aceitasse muito bem e até brincava quando me iam ver ao hospital.” Célia Esteves chegava a comentar que não estava doente. “O meu pâncreas é que não funciona, só isso!”, afirmava aos familiares.
Posteriormente, mesmo durante a adolescência, sempre encarou a sua diabetes como algo que tinha que controlar e não o contrário. “Nunca deixei que fosse algo que controlasse a minha vida e nunca suspendi os meus projectos ou ambições pelo facto de ser diabética”.

“Foi complicado ouvir que iria precisar de tomar insulina para o resto da sua vida”

Ter filhos
Sempre desejou ter filhos e cerca de dois anos após o casamento, Célia e o marido começaram a pensar que seria tempo de começar a planear a gravidez. “Sabíamos que teríamos que ter cuidados adicionais. Neste sentido, marquei consulta com a minha ginecologista/obstetra, que me recomendou um excelente endocrinologista, que por sua vez, me referenciou para uma nutricionista e um oftalmologista”, salienta.
Com a equipa de médicos definida, o casal necessitava de obter a aprovação de todos os especialistas para poder começar a tentar engravidar. “Após alguns exames, em termos ginecológicos e oftalmológicos, não havia qualquer problema, o mais difícil seria obter o “ok” da parte endocrinológica, isto é, no que respeita à diabetes. Comecei a ter consultas de endocrinologia e nutrição com regularidade e, sensivelmente sete meses depois, obtive a aprovação do endocrinologista para começar a tentar engravidar. Para nossa felicidade, aconteceu de imediato”, comenta Célia Esteves. As consultas de endocrinologia eram semanais, mas às nove semanas de gestação, durante a ecografia, a obstetra viu que não existiam batimentos cardíacos. “Lamentavelmente, perdemos o bebé. Foi um golpe muito duro, pelo qual não estávamos nada à espera. Sabíamos que é um factor frequente na primeira gravidez, mas nunca ninguém está à espera que lhe aconteça a si, como é natural. Tanto a obstetra como o endocrinologista disseram-nos isto mesmo – que é muito frequente perder-se o bebé numa primeira gravidez e que poderia não estar relacionado com a diabetes, pois nunca se sabe ao certo porque é que acontece”. O casal nunca perdeu esperança e pouco tempo depois, começou a idealizar novas formas de controlar melhor a diabetes para voltarem a tentar. “Foi então que, numa das consultas de endocrinologia, surgiu a ideia de colocar uma bomba de insulina, aconselhada pelo meu médico endocrinologista como a melhor terapia para o controlo da diabetes e sempre pensando no facto de querer mesmo engravidar”, conta-nos Célia Esteves. Depois do esclarecimento de todas as dúvidas iniciais relativas a esta nova terapia e de aprender a manusear a bomba de insulina, a futura mamã começou a ter consultas de endocrinologia com uma médica especializada neste tipo de terapia.
“Após algumas semanas de formação, colocámos finalmente a bomba de insulina a 2 de Março de 2010. De início, foi uma grande mudança pois após quase 17 anos de injecções, passar para uma terapia completamente diferente requer de facto algum cuidado e atenção.” Sempre que Célia tinha alguma dúvida, a médica que a acompanhava esclarecia-a por telefone ou e-mail, a qualquer hora. “Sentia-me muito mais segura.”

Numa das consultas de endocrinologia, surgiu a ideia de colocar uma bomba de insulina, aconselhada pelo meu médico endocrinologista como a melhor terapia para o controlo da diabetes e sempre pensando no facto de querer mesmo engravidar”

Um novo dia-a-dia
Em termos práticos e de rotina do dia-a-dia, as mudanças foram de facto muitas. “Substituí quinze picadas por uma, pois estava a fazer insulina cinco vezes ao dia e com a bomba de insulina só há necessidade de se mudar de cateter de três em três dias. Apesar de ter de se manter uma dieta equilibrada e regrada, a liberdade em termos de horários e alimentação é muito maior e o principal é que os valores da glicemia começaram a melhorar e a estabilizar ao fim de pouco tempo”, esclarece Célia.
Dois meses depois, a médica endocrinologista indicou que o casal podia voltar a tentar engravidar, o que aconteceu de novo imediatamente. “Apesar de algum receio inicial, a gravidez está a decorrer sem problemas, a bebé está a desenvolver-se bem e estamos neste momento com 31 semanas de gestação.” As boas notícias voltaram e os sorrisos nesta nova família também!
Para além de todos os cuidados normais que uma grávida deve ter, Célia tem de controlar mais frequentemente a sua diabetes. Pica o dedo entre 16 a 20 dias vezes ao dia para verificar os níveis de glicemia e ajustar as doses de insulina. “Tenho também um maior cuidado com a alimentação e frequento consultas regulares de nutrição e endocrinologia. Tenho ainda consultas com a obstetra sensivelmente de três em três semanas para vermos o desenvolvimento da bebé e uma consulta de oftalmologia por trimestre para verificar se continua tudo bem em termos oftalmológicos (uma vez que não havia nenhuma patologia antes neste sentido)”, descreve Célia.
Para a entrevistada desta edição, há que não perder a esperança. “Hoje em dia, consegue-se ter uma gravidez com diabetes prévia sem que isso implique algum tipo de complicação, quer para a mãe, quer para o bebé. É de facto sempre uma gravidez de risco, que tem de ser muito bem planeada, com cuidados redobrados, mas se se fizer tudo com calma e antecipação acaba por ser uma gravidez como qualquer outra”, conclui. Se a leitora tem diabetes e pretende engravidar, não se esqueça do que leu neste artigo. Célia Esteves é a prova de que, com os devidos cuidados, vigilância nos especialistas adequados e perseverança, tudo é possível. É esse o seu desejo? Então avance, sem medos. Comece o ano de 2011 a preparar adequadamente a sua gravidez e conte-nos a sua história quando tiver o seu bebé junto a si, como a maior recompensa de todos os cuidados redobrados que a sua diabetes a obrigou a ter.

“Apesar de algum receio inicial, a gravidez está a decorrer sem problemas, a bebé está a desenvolver-se bem e estamos neste momento com 31 semanas de gestação”

O que é uma bomba de insulina?
Trata-se de uma revolução no tratamento da diabetes, uma vez que é a administração da insulina mais próxima da actividade do pâncreas. A bomba fornece pequenas quantidades de insulina ao longo do dia e permite ao seu utilizador administrar doses maiores para as refeições e quando é preciso para controlar o nível de açúcar no sangue. Quando a bomba é integrada com o sensor que mede continuamente a glicose, o doente tem uma maior ajuda para controlar a sua doença.
Actualmente, já está disponível em Portugal, a Paradigm VEO, uma bomba de insulina que suspende automaticamente a administração de insulina quando os níveis de açúcar no sangue são demasiado baixos, o que pode ajudar a proteger a pessoa dos perigos da hipoglicemia grave. Este dispositivo é mais um passo no desenvolvimento do pâncreas artificial, que no futuro, vai controlar automaticamente o controlo da diabetes.

dd.
 
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