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A cada mês há dois homens violados

florindo

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Sequestradas , torturadas e violadas, por vezes até à morte. Elas são as vítimas por excelência. Eles, por tradição, os que atacam, os predadores. Será sempre assim? Ninguém fala do assunto, mas o assunto está longe de ser um mito: todos os meses, em média, dois homens apresentam queixa por terem sido vítimas de violação, um dos crimes que mais tem aumentado nos últimos anos.

Os números da Polícia Judiciária (PJ) confirmam que as mulheres – cerca de 560 vítimas nos últimos dois anos – não são as únicas sacrificadas. Neste período, 42 homens, todos maiores de idade, quebraram o silêncio e denunciaram a situação às autoridades. Quase metade (19) tinha entre 21 e 30 anos.

Os agressores, também eles, todos do sexo masculino e maiores de idade. Entre as denúncias, apurou o SOL, há casos de abuso entre parceiros no quadro de uma relação amorosa, mas não só. À Polícia são relatadas agressões ligadas a vinganças e ajustes de contas por causa de dívidas. Foi assim com um pastor beirão violado, em 2009, pelo casal de patrões com uma cenoura. Ou com um jovem estuprado, no ano passado no Algarve por um grupo de três rapazes por dívidas de droga.

Encontros fortuitos na noite

Outras vezes, tudo começa com encontros fortuitos na noite que acabam mal. Vítimas e violadores estranhos entre si, embalados não raras vezes por excesso de álcool e drogas.

Nestes dois anos, apenas oito homens foram constituídos arguidos no âmbito de inquéritos-crime, contra 48 suspeitos que ficaram por identificar e punir.

Mitos, estigma e vergonha

«Se o sexo é uma arma usada para provocar mal-estar a uma mulher, por que não há-de ser contra um homem? Não se pode dizer que a violação masculina é necessariamente um fenómeno de homossexualidade; é sobretudo um acto de poder, que ocorre entre casais homossexuais e não só» – observa Cristina Soeiro, psicóloga da PJ, que revela alguma «surpresa» com o número de denúncias masculinas.

«Culturalmente, é muito complicado para um homem admitir que foi violado», frisa Soeiro, que defende um estudo aprofundado sobre o tema para eliminar «mitos»: «Pensa-se que o homem é suficientemente forte para reagir; que se foi atacado foi porque consentiu; se faz queixa pode ser encarado como homossexual e teme que polícia e juízes não acreditem que foi vítima».

Em média, desde 1995 – ano em que a lei passou a contemplar a possibilidade de um homem ser violado – são reportados 30 casos por ano. Um número que fica muito aquém da realidade no Reino Unido, onde a Polícia investiga todos os anos mil casos (ver caixa).

Entre a vergonha e o silêncio, muitos optam pelo segundo. A prová-lo, o número de pedidos de ajuda que chegam à Associação de Apoio à Vítima (APAV). Entre 2002 e 2010, 29 homens tiveram apoio psicológico e jurídico confidenciais, mas destes apenas oito se queixaram à Polícia. Na maioria dos casos, não há qualquer relação entre vítima e agressor. «Tal como acontece às mulheres, muitas vezes estes crimes estão associados a outros, como roubos, ameaças e ofensas à integridade física», adianta Rosa Castro, psicóloga da Associação, acrescentando que as vítimas desenvolvem «quadros depressivos e distúrbios de sono». Nenhum quis falar ao SOL, nem sob anonimato.

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