• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Dona Esplêndida

edu_fmc

GForum VIP
Entrou
Fev 29, 2008
Mensagens
21,260
Gostos Recebidos
14
Nada era bom demais para a Dona Esplêndida.
Ela morava numa casa imensa, cercada de enormes jardins.
Ela dormia numa cama enorme, com lençóis e fronhas de seda.
Ela tomava banho numa banheira de ouro.
E comia em louça de prata.
Ah, ela era esplêndida!
Pelo menos era isso que ela pensava.
Dona Esplêndida se achava a maior.
E, realmente, ela só pensava nela.
Um dia, enquanto passeava pelo seu jardim, Dona Esplêndida descobriu
uma portinha em um dos muros.
Ela nunca a tinha notado antes.
– O que será que tem aí? — ela pensou e, abrindo a porta, passou para
o outro lado.
Ela se viu numa estrada.
E lá veio o Seu Pequeno, que estava passeando.
– Bom dia — ele falou educadamente, erguendo seu chapéu.
Dona Esplêndida empinou ainda mais o seu nariz e passou por ele como se
ele não existisse.
– Que homenzinho vulgar — pensou.
Ela chegou a um ponto de ônibus.
Seu Feliz e Seu Sonhador estavam esperando o ônibus para irem à cidade.
– Oi — falou, sorrindo, Seu Feliz. — Quem é você?
– Eu sou Dona Esplêndida! — respondeu.
– Ah — disse Seu Feliz.
– Você vai pegar o ônibus? — perguntou Seu Sonhador.
– Eu? O ônibus? Nunca! Eu — continuou — nunca, jamais em toda a
minha vida andei de ônibus!
Ela fez uma cara de nojo.
– A gente tem que sentar ao lado das pessoas no ônibus — continuou –
e isso é horrível!
– Ah, — disse Seu Feliz, e coçou a cabeça.
Ele não sabia o que dizer.
Dona Esplêndida foi-se embora, com seu nariz empinado.
Dona Esplêndida chegou à cidade.
Ao passear pelas ruas ela se mirava em todas as vitrines das lojas.
E pensava consigo mesma: — Realmente, eu estou esplêndida.
Aí, algo lhe chamou a atenção.
Ali, no centro da vitrine da loja de chapéus, havia um chapéu.
Não um chapéu qualquer.
Um chapéu e tanto!
O chapéu mais magnífico, suntuoso, desejável, lindo, espetacular e
esplêndido que já se viu.
Dona Esplêndida entrou na loja.
Ela estalou os dedos e uma vendedora correu para atendê-la.
– Bom dia Madame — a vendedora falou.
Dona Esplêndida ignorou-a.
– Posso lhe ajudar?
– Eu desejo experimentar o chapéu da vitrine! — anunciou Dona
Esplêndida.
Dona Esplêndida se olhou no espelho.
– Magnífico — suspirou. — Estou absolutamente magnífica — Vou
levá-lo — declarou.
– Mas, a senhora não quer saber quanto custa? — perguntou a
vendedora.
– Quanto custa? — perguntou Dona Esplêndida altivamente. — Eu nunca
discuto assuntos de dinheiro! Mande-me a conta.
E ela marchou para fora da loja.
Dona Esplêndida parou na calçada e levantou a mão.
– Táxi! — gritou com uma voz importante.
um táxi parou.
– Leve-me para casa — ordenou e foi entrar no táxi. Mas claro que não
conseguiu. O seu chapéu novo era grande demais para passar pela porta
do táxi.
– Motorista — ela disse –, você devia comprar um táxi maior!
Enquanto isso — ela continuou — eu vou a pé!
O motorista sorriu.
Dona Esplêndida continuou a andar.
– Talvez seja melhor mesmo eu ir a pé — pensou. — Assim todos terão
a chance de admirar o meu magnífico chapéu novo.
Mas aí,… aconteceu!
Começou a chover!
E o pior é que a chuva ia apertando, cada vez chovia mais.
E o pior é que quanto mais chovia, mais Dona Esplêndida se molhava.
E o pior é que quanto mais molhada ela ficava, mais molhado ficava o
seu chapéu.
Que cena triste!
Você não acha?
O ônibus que voltava da cidade, passou por ela.
Seu Feliz e Seu Sonhador, que voltavam para casa bem sequinhos,olharam
pela janela.
– Nossa! — comentou Seu Feliz, olhando pela janela aquela figura
triste se arrastando no molhado. — Que figura esplêndida!
Seu Sonhador deu uma risada.
– Esplêndida — ele concordou.
Dona Esplêndida que não parecia nada esplêndida, chegou em casa.
Todavia, após um banho quente na sua banheira dourada e após um ovo
quente num potinho dourado, comido com uma colher de prata, ela
sentiu-se muito melhor.
De fato, mais tarde, ela passou uma noite muito agradável, olhando
para…
Bem.
O que você acha que ela ficou olhando a noite toda?
Não!
Não era a televisão.
Era para si mesma!
No espelho.
 
Topo