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?Política de privatizações é condicionada pela ajuda externa?

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GF Ouro
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O momento de venda de acções no mercado pode ser uma variável relevante na determinação do preço. Mas há outras condicionantes que pesam na decisão.

O presidente da Euronext sempre defendeu que o mercado da bolsa era uma importante alternativa de financiamento. E olhando para o actual momento económico-financeiro, a opção pela NYSE Alternext faz mais sentido que nunca.

Como vê o corte do ‘rating' da dívida portuguesa quando Portugal acabou de assumir um compromisso internacional e o Governo está a tomar novas medidas de austeridade?Fiquei naturalmente surpreendido e desagradado com esta decisão. Parece-me que fomos avaliados antes de "prestarmos provas". Não me cabendo questionar os critérios de avaliação das agências de ‘rating', interrogo-me sobretudo sobre a intensidade da descida (quatro níveis) e sobre o momento em que foi anunciada. O novo Governo, com amplo apoio parlamentar, e com a solidariedade expressa do principal partido da oposição, acabou de assumir compromissos para com a comunidade internacional, e apesar de recentemente formado, já tomou medidas no sentido de consolidar as contas públicas. Eu esperaria que o novo Governo tivesse a oportunidade de mostrar trabalho antes de se proceder a uma avaliação deste tipo. Realço, no entanto, a convicção de que não devemos perder tempo a pensar no que os outros pensam de nós.

Concorda com a criação de agências de ‘rating' europeias?Na prestação de serviços de ‘rating', tal como em qualquer outro serviço ou produto, o aumento da concorrência é, em geral, positivo: alarga as opções para os consumidores (neste caso para os investidores que utilizam o ‘rating' nas suas políticas de investimento), promove a melhoria da qualidade do serviço e incentiva a redução dos preços. Seria desejável que este alargamento da oferta na Europa fosse gerado a partir da iniciativa privada, independente dos eventuais interesses particulares de entidades públicas ou privadas, que não os estritamente interessados que são os investidores. Só nessas condições uma nova agência de ‘rating' teria a credibilidade necessária para poder concorrer com as que já estão no mercado. Nesse sentido, seria útil que se continuasse o trabalho já iniciado de rever o enquadramento regulamentar e de supervisão desta actividade, de modo a evitar os conflitos de interesses actualmente existentes e a fomentar o aparecimento de novos concorrentes.

Como vê o fim das ‘golden shares' do Estado na PT, EDP e Galp? Nesta fase, esta alienação é apetecível para os investidores? A possibilidade do Estado manter direitos accionistas especiais (‘golden shares') em algumas empresas é, antes de mais, uma decisão política. Como português, parece-me fundamental não sermos ingénuos e ter presente que as empresas actuam num palco que não é apenas doméstico e, como tal, há que assegurar, pelos meios adequados que, de forma justa, aquilo que internacionalmente se exige às empresas portuguesas é também exigido e aplicado às suas congéneres estrangeiras. No entanto, na perspectiva exclusiva do mercado de capitais estes direitos são, em geral, avaliados negativamente pelos investidores privados, que podem ver neles uma forma de interferência indesejável nos negócios da empresa. Adicionalmente, no contexto actual, estes direitos estavam em violação do direito comunitário e a sua eliminação fazia parte do acordo internacional recentemente assinado, de cujo cumprimentos depende a capacidade de Portugal reganhar a confiança nos mercados internacionais. E embora pudéssemos discutir a necessidade ou o momento mais adequado para alienar certos activos do Estado, a política de privatizações ficou fortemente condicionada pelo acordo de financiamento externo. Todos sabemos que o momento da venda de acções no mercado pode ser uma variável relevante na determinação do preço, mas há também outras condicionantes que podem ser importantes na decisão a tomar.

Com o financiamento bancário cada vez mais difícil, acredita que as empresas portuguesas vão, finalmente, virar-se para a NYSE Alternext?Considero que o contexto de financiamento que as empresas actualmente enfrentam vai conduzi-las a equacionar de forma mais sistemática a opção de financiamento pelo mercado de capitais. Tenho também referido que a via do mercado de capitais não é apenas uma fonte adicional de financiamento, mas uma opção estratégica de posicionamento da empresa para com o meio em que ela se insere. A disciplina e o rigor, bem como o escrutínio público a que as empresas cotadas estão sujeitas pode ser também uma importante mais valia para conduzir algumas empresas para um novo patamar de crescimento e internacionalização, ajudando-as a competir em mercados mais exigentes. n

 

Continuam a haver bons projectos onde os investidores podem aplicar o seu dinheiro? Portugal tem excelentes empresas, com tecnologia de ponta, equipas de gestão competentes e preparadas e capacidade competitiva internacional. Muitas destas empresas lançaram-se há tempo em bem sucedidas estratégias de internacionalização, que têm vindo a dar os seus frutos. Como português, gostaria que existissem mais destes casos de sucesso, pois eles constituem um alicerce do nosso crescimento económico. No actual contexto, em que a percepção do risco está, em geral, afectada pelo que está a acontecer à dívida soberana e ao sector financeiro, é natural que alguns investidores mostrem mais prudência e selectividade. Tenho a percepção que os bons projectos, nomeadamente os que assentam numa estratégia de diferenciação e internacionalização sólidas continuam a encontrar investidores.

O que falta à Euronext Lisbon para ser reconhecida como uma bolsa madura, onde vale a pena investir?Começo por discordar da afirmação implícita na pergunta. A Euronext Lisbon faz parte do maior grupo multinacional de bolsas - a NYSE Euronext -, sendo respeitado e reconhecido como um dos líderes globais na sua área de actividade. Na Euronext Lisbon estão cotadas empresas multinacionais, onde mais de metade das transacções realizadas é oriunda de investidores não residentes. Face à dimensão da nossa economia, e quando comparamos com outros países, constatamos que há margem para fazer crescer o número de empresas portuguesas cotadas e incrementar a liquidez em geral. As empresas portuguesas não têm aproveitado as oportunidades que o mercado de capitais lhes oferece, mas espero que as alterações em curso nas condições de financiamento à economia venham aumentar as vantagens dos instrumentos de bolsa.

Está em curso o processo de fusão entre a NYSE Euronext e a Deutsche Börse. Que vantagens poderá trazer, para os investidores portugueses, esta operação?No pressuposto que a fusão se realiza, esta operação vai fortalecer a empresa a que a Bolsa portuguesa está ligada, permitindo-lhe manter-se competitiva na cena internacional, continuar a oferecer tecnologia e serviços de ponta, uma oferta ainda mais diversificada de produtos e maior capacidade de inovação. Também se espera que desta fusão resultem sinergias que permitam reduzir custos para os investidores. Espera-se que os investidores venham a beneficiar de uma acesso mais facilitado a um leque mais alargado de produtos e de possibilidades de investimento, fazendo parte de uma comunidade financeira mas ampla e integrada, o que potencia a possibilidade de fazer melhores negócios, quer nos mercados denominados "à vista" (e.g. acções e obrigações), quer nos "produtos derivados" (e.g. futuros e opções).

 



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