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In Memoriam
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Há seis anos, a actriz Sónia Brazão tentou suicidar-se exactamente da mesma maneira: abriu todos os bicos do fogão e trancou-se em casa. A mãe estranhou e pediu ajuda à Polícia e aos bombeiros, que tiveram de arrombar a porta. Estávamos em Junho de 2005.Este ano, também em Junho, tentou de novo pôr termo à vida, repetindo aquele comportamento: libertou de propósito o gás, fechou todas as portas e janelas do apartamento e esperou até perder de vez os sentidos.
Pelas 17 horas do dia 3 de Junho, dá-se a violenta explosão de gás propano, que se terá acumulado, no mínimo, durante quatro horas no interior da habitação. Uma vizinha de Sónia sentiu, aliás, o cheiro intenso a gás, mas não desconfiou de nada mais grave.
O cerco aperta-se cada vez mais para Sónia Brazão. O Ministério Público (MP) de Oeiras acabou de validar a proposta de acusação da Polícia Judiciária (PJ), confirmando a existência de indícios de que foi responsável pela explosão que destruiu o seu apartamento e a deixou à beira da morte (94% do corpo ficou com queimaduras de 2.º e 3.º graus).
Desde o primeiro momento, de resto, que os inspectores afastaram a probabilidade de a fuga de gás ter sido acidental. É que, naquela tarde, a actriz foi encontrada prostrada no chão da cozinha, praticamente despida (só de cuecas), e, naquela mesma divisão, os quatro bicos do fogão estavam abertos. E, segundo a Judiciária, foram ligados de forma voluntária, não para cozinhar, mas numa tentativa de pôr termo à vida.
Análises ao sangue feitas posteriormente, já no Hospital onde esteve internada até 18 de Julho, confirmaram que a actriz tinha ingerido elevadas quantidades de álcool e também que estava sob o efeito de ansiolíticos.
Circunstâncias que levam as autoridades a desconfiar que Sónia, com o discernimento reduzido ao mínimo, não pretendeu nem teve consciência de que, ao accionar de repente a máquina de lavar – por razões nunca apuradas –, causaria uma explosão violenta, que destruiu por completo a sua casa, parte do edifício, em Algés, e vários carros, estacionados nas imediações – uma factura de cerca de 400 mil euros.
SOL