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Mineiro morreu esmagado por distracção

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RoterTeufel

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Inquérito apresenta conclusões do acidente de trabalho
Mineiro morreu esmagado por distracção

Um descuido terá provocado a morte do trabalhador de 20 anos que na segunda-feira morreu nas Minas da Panasqueira, na Covilhã, de acordo com as conclusões do inquérito da empresa onde trabalhava, a Sojitz Beralt. O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira contesta resultados.

As conclusões foram transmitidas esta terça-feira pelo presidente do conselho de administração da Sojitz Beralt, Correia de Sá. Para o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, a culpa é da empresa, acusada por aquele organismo de não dar formação adequada e ameaçar com processos disciplinares e despedimento os trabalhadores que param para avaliar as condições de segurança.

O inquérito da empresa incluiu uma visita ao local e o testemunho do trabalhador que descia pela primeira vez à mina, acompanhando a vítima e que assistiu ao acidente, sofrendo ferimentos ligeiros.

Segundo o relatório, o operador "estava a fazer limpeza da mina com uma máquina, quando a largou para ver qualquer coisa à frente e nessa altura caíram pedras em cima dele", referiu Correia de Sá.

As pedras "já estavam soltas e ele, por descuido ou por não ter pensado ou acreditado que era tão perigoso, em vez de as deitar abaixo com uma ponteirola [lança que se crava no tecto para averiguar se há queda de pedras], ficou ali".

Correia de Sá refutou as críticas do Sindicato Mineiro sobre falta de condições de segurança e destacou que as minas conseguiram em 2011 "ter quatro meses sem acidentes, o que já não acontecia há muitos anos".

O responsável realçou ainda que houve melhorias nos sistemas de ventilação e iluminação e que entraram em funções 12 monitores de segurança "treinados especialmente para ajudar a formar outros trabalhadores e vigiar as condições de funcionamento” e ainda que “ninguém hoje entra na mina sem ter formação em segurança".

José Maria Isidoro, dirigente do Sindicato Mineiro, diz o contrário, sublinhando que o mineiro que morreu "nunca teve uma acção de formação profissional" adequada às funções que desempenhava.

Por outro lado, disse em conferência de imprensa que existem situações em que os trabalhadores detectam "a possibilidade de cair uma pedra", que pode não tombar "no momento, nem nas próximas horas: se o mineiro fica com medo e não avança, logo há um capataz que o ameaça com um processo disciplinar, dizendo que vai para o olho da rua".

Recebemos queixas frequentes", sublinhou José Maria Isidoro, para quem a empresa "só pensa na produção e esquece a segurança", num subsolo sujeito "a cerca de duas mil explosões por dia" para extracção de volfrâmio.

Luís Garra, coordenador da União de Sindicatos de Castelo Branco, desvalorizou o inquérito da empresa Sojitz Beralt, referindo que se trata de "um juízo em causa própria" com que, regra geral, as empresas tentam "sacudir a água do capote".

O sindicalista alertou ainda para as inúmeras queixas já feitas pelo Sindicato Mineiro à Autoridade das Condições de Trabalho da Covilhã, mas referiu que o facto de esta se encontrar reduzida a dois inspectores "impede que haja uma fiscalização eficaz".

Nas Minas da Panasqueira, como forma de solidariedade, ninguém entra nas galerias desde que o acidente aconteceu na segunda-feira, pelas 15:20, e ainda não se sabe quando será o regresso ao trabalho.

O funeral do trabalhador de 20 anos que faleceu está marcado para quarta-feira às 09:00 na freguesia de Alcaria, Fundão, de onde era natural.

Segundo o Sindicato Mineiro, trabalham actualmente nas Minas da Panasqueira cerca de 350 pessoas.


C.da Manha
 
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