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Salários dos Portugueses no Privado!

mjtc

GF Platina
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Fev 10, 2010
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Os salários mensais líquidos dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal, ou seja, aquilo que ele leva para casa, e com que tem, ele e a família, de viver continua a ser baixíssimo em Portugal, e há ainda gente que, em nome da competitividade, afirma que os salários são muito elevados, e são a causa da baixa competitividade das empresas portuguesas.

Entre 2006 e 2010, o salário médio mensal liquido nominal aumentou de 707 euros para 777 euros, ou seja, teve uma subida apenas de 9,9% em 4 anos. E não se deduziu o efeito da inflação. Se dividirmos o aumento verificado pelo número de anos, obtém-se um valor médio de apenas 18€ por ano.

Em 2010, 1.422.800 (37%) trabalhadores por conta de outrem recebiam menos de 600 euros por mês, e destes, 120,6 mil tinham salários líquidos inferiores 310 euros por mês.

Os trabalhadores por conta de outrem com salários líquidos superiores a 1200 euros por mês eram apenas 492,3 mil (os com salários líquidos mensais superiores a 1800 euros eram somente 155,4 mil, ou seja, 4,1%).

Se a análise for feita por sector de actividade económica conclui que em 2010, na Agricultura, Silvicultura e Pescas:
- 65,2% recebiam salários líquidos mensais nominais inferiores a 600 euros por mês;
- 14,5% inferiores a 310€/mês;
Na Indústria, Construção, Energia e Água:
- 41,2% dos trabalhadores por conta de outrem recebiam salários inferiores a 600€/mês;
Nos Serviços, o número de trabalhadores com salários líquidos inferiores a 600 euros por mês atingia 874,8 mil, ou seja, 34,2% do total.

Os trabalhadores com salários líquidos superiores a 1200€ por mês eram apenas:
- 2,3% do total no sector primário;
- 6,4% no sector secundário;
- 16,2% do total no sector terciário.
Afirmar, como dizem alguns, nomeadamente os comentadores habituais com acesso privilegiado aos grandes media, que a falta de competitividade da maioria das empresas portuguesas se deve aos elevados salários pagos, e que é necessário, para aumentar a competitividade, congelar os salários nominais, ou mesmo reduzi-los, como o governo deu o exemplo na Administração Pública, é revelar má fé ou profunda ignorância da realidade económica nacional. Infelizmente, este governo parece alinhar pelo mesmo diapasão pois acabou de apresentar na concertação social um conjunto de propostas que visam embaratecer ainda mais o factor trabalho, como gostam de dizer os neoliberais da nossa praça, nomeadamente o trabalho dos estagiários e dos trabalhadores que estão nos programas ocupacionais (e são muitos milhares) com o objectivo, por um lado, de aumentar a exploração desses trabalhadores, e por outro lado, para os utilizar como instrumento de pressão sobre os restantes trabalhadores a fim de obrigar estes a aceitar reduções grandes nos salários reais.

Os dados do INE sobre os salários líquidos nominais dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal, revelam e confirmam também a profunda desigualdade que continua a existir no nosso País na distribuição do rendimento, e se os propósitos das entidades patronais e do governo se concretizarem levarão certamente a um maior agravamento das desigualdades existentes e consequentemente, da situação social mas também económica, tornando ainda muito mais difícil, doloroso e prolongado o tempo para sair da grave crise em que nos encontramos mergulhados.
 
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