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Centro de Cascais transformado em 'cenário desolador' com fecho de lojas
Lojas a trespasse, paredes pintadas com graffiti, ruas desertas, é o actual estado do centro de Cascais a que assistem os comerciantes que resistem à crise e que recordam a zona outrora movimentada e hoje transformada num «cenário desolador».
Entre bocejos e o folhear da página de uma revista, Cidalina Santos, que há mais de 30 anos monta todos os dias a sua banca de venda de bijutaria na Rua Frederico Arouca (antiga Rua Direita), recorda com nostalgia a azáfama de outros tempos em que «nem sequer tinha tempo de respirar».
«Isto está péssimo, não se vende nada, não há aqui ninguém. Chegámos a ser 15 pessoas a vender aqui na rua e havia trabalho para todas, agora estou só eu e mais duas com a banca montada», afirma Cidalina à agência Lusa.
Também Luís Santos, funcionário há 16 anos da emblemática «Sapataria Carneiro» (aberta há 50 anos), lamenta a falta de clientes, a actual conjuntura económica e a «decadência» em que vive o comércio na baixa de Cascais.
«É um cenário desolador, isto está deserto. Tenho clientes antigos que já chegaram a chorar dentro da loja, porque ficaram dois anos sem cá vir e agora ficam chocados com o que vêem [lojas fechadas]», disse o comerciante, sublinhando que tem registado uma quebra de 60 por cento nas vendas.
O mesmo sentimento tem Mírilio Carlos, proprietário da «Ourivesaria Carlos». «Estou aqui há 54 anos e não me lembro de ver uma crise como esta. É uma grande tristeza o que eu sinto. Isto já não é rua, já não é nada, nem sequer é Cascais», disse o proprietário, que ainda se lembra do tempo em que a Rua Direita era invadida por um «mar de gente, em que mal se via a calçada».
A juntar à crise, a mudança de hábitos dos clientes, a falta de segurança e de estacionamento e a desertificação da vila são outras das razões apontadas pelos lojistas para esta situação.
No entanto, estes comerciantes vão resistindo, o mesmo não acontece com outros que, ou já fecharam ou preparam-se para fechar.
É o caso de uma loja de venda artesanal na Rua Direita que, aberta há mais de 30 anos, prepara-se para encerrar.
«Já não conseguimos suportar mais. A cada ano que passa as coisas estão piores e agora já não há volta a dar. Já fui informado pelos meus patrões que a loja vai fechar em breve», lamenta o funcionário Sérgio Silva.
O presidente da Associação Empresarial do Concelho de Cascais (AECC), Armando Correia, confirma à Lusa que «centenas de lojas encerraram nos últimos anos», uma situação que tende a agravar-se devido à actual conjuntura económica e aos elevados preços das rendas.
«Agora reflectiu-se mais por causa crise, mas há outro factor que tem contribuído para esta desertificação de comércio que está relacionado com os preços exorbitantes das rendas pedidas pelos proprietários, impedindo que a loja volte a ser ocupada», acrescenta o responsável, sublinhando que, neste momento, a renda de uma loja na baixa de Cascais custa cerca de três mil euros.
Para combater a situação, Armando Correia apela a mais acções de dinamização do comércio tradicional e sugere aos comerciantes que apostem numa «personalização ao cliente», de forma a distinguirem-se dos centros comerciais.
Lusa/SOL
Lojas a trespasse, paredes pintadas com graffiti, ruas desertas, é o actual estado do centro de Cascais a que assistem os comerciantes que resistem à crise e que recordam a zona outrora movimentada e hoje transformada num «cenário desolador».
Entre bocejos e o folhear da página de uma revista, Cidalina Santos, que há mais de 30 anos monta todos os dias a sua banca de venda de bijutaria na Rua Frederico Arouca (antiga Rua Direita), recorda com nostalgia a azáfama de outros tempos em que «nem sequer tinha tempo de respirar».
«Isto está péssimo, não se vende nada, não há aqui ninguém. Chegámos a ser 15 pessoas a vender aqui na rua e havia trabalho para todas, agora estou só eu e mais duas com a banca montada», afirma Cidalina à agência Lusa.
Também Luís Santos, funcionário há 16 anos da emblemática «Sapataria Carneiro» (aberta há 50 anos), lamenta a falta de clientes, a actual conjuntura económica e a «decadência» em que vive o comércio na baixa de Cascais.
«É um cenário desolador, isto está deserto. Tenho clientes antigos que já chegaram a chorar dentro da loja, porque ficaram dois anos sem cá vir e agora ficam chocados com o que vêem [lojas fechadas]», disse o comerciante, sublinhando que tem registado uma quebra de 60 por cento nas vendas.
O mesmo sentimento tem Mírilio Carlos, proprietário da «Ourivesaria Carlos». «Estou aqui há 54 anos e não me lembro de ver uma crise como esta. É uma grande tristeza o que eu sinto. Isto já não é rua, já não é nada, nem sequer é Cascais», disse o proprietário, que ainda se lembra do tempo em que a Rua Direita era invadida por um «mar de gente, em que mal se via a calçada».
A juntar à crise, a mudança de hábitos dos clientes, a falta de segurança e de estacionamento e a desertificação da vila são outras das razões apontadas pelos lojistas para esta situação.
No entanto, estes comerciantes vão resistindo, o mesmo não acontece com outros que, ou já fecharam ou preparam-se para fechar.
É o caso de uma loja de venda artesanal na Rua Direita que, aberta há mais de 30 anos, prepara-se para encerrar.
«Já não conseguimos suportar mais. A cada ano que passa as coisas estão piores e agora já não há volta a dar. Já fui informado pelos meus patrões que a loja vai fechar em breve», lamenta o funcionário Sérgio Silva.
O presidente da Associação Empresarial do Concelho de Cascais (AECC), Armando Correia, confirma à Lusa que «centenas de lojas encerraram nos últimos anos», uma situação que tende a agravar-se devido à actual conjuntura económica e aos elevados preços das rendas.
«Agora reflectiu-se mais por causa crise, mas há outro factor que tem contribuído para esta desertificação de comércio que está relacionado com os preços exorbitantes das rendas pedidas pelos proprietários, impedindo que a loja volte a ser ocupada», acrescenta o responsável, sublinhando que, neste momento, a renda de uma loja na baixa de Cascais custa cerca de três mil euros.
Para combater a situação, Armando Correia apela a mais acções de dinamização do comércio tradicional e sugere aos comerciantes que apostem numa «personalização ao cliente», de forma a distinguirem-se dos centros comerciais.
Lusa/SOL