• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Centro de Cascais transformado em 'cenário desolador' com fecho de lojas

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,984
Gostos Recebidos
345
Centro de Cascais transformado em 'cenário desolador' com fecho de lojas


Lojas a trespasse, paredes pintadas com graffiti, ruas desertas, é o actual estado do centro de Cascais a que assistem os comerciantes que resistem à crise e que recordam a zona outrora movimentada e hoje transformada num «cenário desolador».

Entre bocejos e o folhear da página de uma revista, Cidalina Santos, que há mais de 30 anos monta todos os dias a sua banca de venda de bijutaria na Rua Frederico Arouca (antiga Rua Direita), recorda com nostalgia a azáfama de outros tempos em que «nem sequer tinha tempo de respirar».

«Isto está péssimo, não se vende nada, não há aqui ninguém. Chegámos a ser 15 pessoas a vender aqui na rua e havia trabalho para todas, agora estou só eu e mais duas com a banca montada», afirma Cidalina à agência Lusa.

Também Luís Santos, funcionário há 16 anos da emblemática «Sapataria Carneiro» (aberta há 50 anos), lamenta a falta de clientes, a actual conjuntura económica e a «decadência» em que vive o comércio na baixa de Cascais.

«É um cenário desolador, isto está deserto. Tenho clientes antigos que já chegaram a chorar dentro da loja, porque ficaram dois anos sem cá vir e agora ficam chocados com o que vêem [lojas fechadas]», disse o comerciante, sublinhando que tem registado uma quebra de 60 por cento nas vendas.

O mesmo sentimento tem Mírilio Carlos, proprietário da «Ourivesaria Carlos». «Estou aqui há 54 anos e não me lembro de ver uma crise como esta. É uma grande tristeza o que eu sinto. Isto já não é rua, já não é nada, nem sequer é Cascais», disse o proprietário, que ainda se lembra do tempo em que a Rua Direita era invadida por um «mar de gente, em que mal se via a calçada».

A juntar à crise, a mudança de hábitos dos clientes, a falta de segurança e de estacionamento e a desertificação da vila são outras das razões apontadas pelos lojistas para esta situação.

No entanto, estes comerciantes vão resistindo, o mesmo não acontece com outros que, ou já fecharam ou preparam-se para fechar.

É o caso de uma loja de venda artesanal na Rua Direita que, aberta há mais de 30 anos, prepara-se para encerrar.

«Já não conseguimos suportar mais. A cada ano que passa as coisas estão piores e agora já não há volta a dar. Já fui informado pelos meus patrões que a loja vai fechar em breve», lamenta o funcionário Sérgio Silva.

O presidente da Associação Empresarial do Concelho de Cascais (AECC), Armando Correia, confirma à Lusa que «centenas de lojas encerraram nos últimos anos», uma situação que tende a agravar-se devido à actual conjuntura económica e aos elevados preços das rendas.

«Agora reflectiu-se mais por causa crise, mas há outro factor que tem contribuído para esta desertificação de comércio que está relacionado com os preços exorbitantes das rendas pedidas pelos proprietários, impedindo que a loja volte a ser ocupada», acrescenta o responsável, sublinhando que, neste momento, a renda de uma loja na baixa de Cascais custa cerca de três mil euros.

Para combater a situação, Armando Correia apela a mais acções de dinamização do comércio tradicional e sugere aos comerciantes que apostem numa «personalização ao cliente», de forma a distinguirem-se dos centros comerciais.


Lusa/SOL
 
Topo