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RoterTeufel
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Entrevista: Paulo Morais
"Projecto imobiliário à conta de pessoas que ficam sem casa"
Ex-vereador do Urbanismo do Porto, que sempre mostrou dúvidas sobre as verdadeiras razões da demolição do Bairro do Aleixo, lembra que a câmara entregou projecto a promotor de “má fama”
Correio da Manhã – É vice-presidente da Transparência Internacional e o seu discurso público é de combate à corrupção. Sente que o fenómeno aumentou?
Paulo Morais – A corrupção tem vindo a aumentar em Portugal. O barómetro da opinião pública diz que pelo menos 87% dos portugueses sentem que o número de corruptos cresceu. As organizações internacionais fazem também anualmente um estudo onde se avalia o índice de percepção da corrupção e, em 11 anos, Portugal caiu do 23º lugar para o 32º na lista dos países menos corruptos.
– O aumento da corrupção está directamente relacionado com a crise que vivemos?
– Se não houvesse corrupção, não haveria crise. Enquanto o fenómeno continuar a aumentar, não é possível o desenvolvimento. Os países mais corruptos são os menos desenvolvidos.
– Quais são os sectores onde o fenómeno é mais evidente?
– A corrupção sente-se em todas as áreas que mexem com muito dinheiro. Mas sectores ligados ao ordenamento do território e urbanismo, às obras públicas, às contratações públicas e à Defesa, nomeadamente as privatizações, são sem dúvida alguma os mais críticos.
– Mencionou a corrupção no urbanismo. Sentiu esse fenómeno quando assumiu aquele pelouro na Câmara do Porto em 2004?
– Os promotores imobiliários dominam as autarquias, e digo--o com mágoa. Consigo compreender que os promotores queiram fazer negócios, o que já não aceito é que os actores da vida política se coloquem de cócoras diante daqueles.
C.da Manha
"Projecto imobiliário à conta de pessoas que ficam sem casa"
Ex-vereador do Urbanismo do Porto, que sempre mostrou dúvidas sobre as verdadeiras razões da demolição do Bairro do Aleixo, lembra que a câmara entregou projecto a promotor de “má fama”
Correio da Manhã – É vice-presidente da Transparência Internacional e o seu discurso público é de combate à corrupção. Sente que o fenómeno aumentou?
Paulo Morais – A corrupção tem vindo a aumentar em Portugal. O barómetro da opinião pública diz que pelo menos 87% dos portugueses sentem que o número de corruptos cresceu. As organizações internacionais fazem também anualmente um estudo onde se avalia o índice de percepção da corrupção e, em 11 anos, Portugal caiu do 23º lugar para o 32º na lista dos países menos corruptos.
– O aumento da corrupção está directamente relacionado com a crise que vivemos?
– Se não houvesse corrupção, não haveria crise. Enquanto o fenómeno continuar a aumentar, não é possível o desenvolvimento. Os países mais corruptos são os menos desenvolvidos.
– Quais são os sectores onde o fenómeno é mais evidente?
– A corrupção sente-se em todas as áreas que mexem com muito dinheiro. Mas sectores ligados ao ordenamento do território e urbanismo, às obras públicas, às contratações públicas e à Defesa, nomeadamente as privatizações, são sem dúvida alguma os mais críticos.
– Mencionou a corrupção no urbanismo. Sentiu esse fenómeno quando assumiu aquele pelouro na Câmara do Porto em 2004?
– Os promotores imobiliários dominam as autarquias, e digo--o com mágoa. Consigo compreender que os promotores queiram fazer negócios, o que já não aceito é que os actores da vida política se coloquem de cócoras diante daqueles.
C.da Manha