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In Memoriam
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George Clooney realizou e protagonizou o seu segundo vídeo na última semana na sequência de uma viagem perigosa e ilegal ao massacrado Sudão do Sul. Com o vídeo, publicado na passada terça-feira no YouTube, o actor procura dar conta dos violentos ataques contra civis na região das Montanhas Nuba, naquele recém-formado país africano.
No vídeo de quatro minutos pode ver-se George Clooney a ser puxado por um membro da tribo Nuba para se abrigar após um lançamento inesperado de mais um míssil. Mães e crianças são vistas a correr para o abrigo das montanhas rochosas e um rapaz figura sem as duas mãos, perdidas depois de um ataque aéreo.
Durante uma conversa com um habitante da região, pode ver-se Clooney a perguntar incrédulo: «Isto tudo é porque querem fazer uma limpeza étnica por causa da cor da vossa pele?», ao que o negro dá uma resposta afirmativa, confirmando que «o Sudão quer afastar todos os membros Nuba e colocar árabes no seu lugar».
Em causa está a região de Kauda, situada nas Montanhas Nuba no Sudão do Sul, que tem sido fortemente atacada pelo exército militar do Sudão com recurso a mísseis de fabrico chinês. Mas este não parece ser, contudo, um conflito militar. O alvo é uma região meramente civil e nada tem que ver com a localização das forças militares do grupo rebelde conhecido por SPLM-N.
Helen Hughes, especialista em armas da Amnistia Internacional, afirma que os mísseis que estão a ser usados têm um alcance aproximado de 60km e que não há dúvidas de que o armamento é fornecido pela China e está a ser usado deliberadamente contra civis.
«Estes mísseis têm um longo alcance e estão a ser usados em Kauda, que é uma área civil», diz Helen Hughes. «Não há qualquer presença militar no local. Os mísseis estão a ser usados de forma indiscriminada e isso é uma violação da lei humanitária internacional», remata.
| Clooney e ‘Kony 2012’ O último vídeo de George Clooney, que já conta com mais de 70 mil visualizações, surge apenas pouco mais de uma semana depois da irrupção mediática da campanha ‘Stop Kony 2012’ (vista por cerca de 100 milhões de pessoas), contra o brutal líder da milícia central africana Lord’s Resistance Army. Mas esta não é a única ligação de Clooney à campanha para travar Joseph Kony. No vídeo ‘Stop Kony’, Clooney é citado ao dizer que quer que os senhores da guerra sejam tão famosos quanto ele. Mas a verdade é que Clooney referia-se na altura ao presidente do Sudão, Omar al-Bashir. Jonathan Hutson, porta-voz da organização não governamental Enough Project – aliada de Clooney na produção dos seus vídeos – esclarece que o actor não estava ciente da extrema popularidade da campanha contra Kony quando publicou os seus vídeos, já que se encontrava a filmar o povo Nuba na altura em que o filme foi divulgado, no passado dia 5. «O objectivo do vídeo é dar um megafone ao povo Nuba e aumentar a sensibilização» para uma região que se acredita estar prestes mergulhar numa crise de fome profunda. «Clooney apenas queria enaltecer as vozes de civis atacados sem explicação», rematou Huston. AP/SOL |