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Ex-director da Lusoponte diz que arguidos lhe ofereceram relógio

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Ex-director da Lusoponte diz que arguidos lhe ofereceram relógio


Um antigo director da Lusoponte revelou hoje em tribunal que recebeu um relógio dos consultores Manuel Pedro e Charles Smith, após organizar uma reunião com o advogado Augusto Ferreira do Amaral, ligado à venda dos terrenos à Freeport.

Ouvido como testemunha da acusação no Tribunal do Barreiro, onde decorre o julgamento, João Filipe Rebelo Pinto, engenheiro civil da Lusoponte, disse ter recebido um relógio da marca Burberrys dos sócios da Smith & Pedro, alegando que interpretou o gesto como sendo de «gentileza» por lhes ter auxiliado a reunirem-se com o advogado Augusto Ferreira do Amaral, seu amigo de longa data.

Questionado pelo procurador Vítor Pinto sobre se recebeu pagamentos em dinheiro dos arguidos Manuel Pedro e Charles Smith, a testemunha disse não se recordar e pensar que não, mas que também não desmentia tal facto porque «já não dispõe de contabilidade da época».

Justificou que, à data dos factos, além de trabalhar para a Lusoponte fazia vários trabalhos de consultoria e peritagem para empresas e escritórios de advogados, pelo que não se recorda com exactidão de todas as verbas auferidas. Precisou, contudo, que formalmente nunca foi contratado como consultor pela Freeport.

A testemunha revelou que Charles Smith chegou a trabalhar com ele na Lusoponte entre 1995 e 1998, mais concretamente na área de expropriações e realojamento.

Quanto a Manuel Pedro disse conhecê-lo do tempo em que este esteve à frente das Salinas do Samouco, Alcochete.

Reiterando que nunca teve qualquer «ligação formal» aos ingleses da Freeport, justificou que foi procurado pelos sócios da Smith & Pedro porque ambos sabiam que ele «tinha muitos contactos» com grupos ambientalistas e também com as «autoridades do Ambiente» e que as suas ideias e sugestões podiam ser úteis para edificar um empreendimento daquela natureza em Alcochete.

Referiu que a fábrica de pneus da Firestone, cujo solo estava contaminado, foi a zona escolhida para a edificação do projecto e que marcou uma reunião entre os arguidos e Augusto Ferreira do Amaral, seu amigo desde os bancos da escola e representante dos irlandeses da McKinney, promotora imobiliária interessada na viabilidade da reconversão da antiga fábrica de pneus Firestone em num centro comercial tipo outlet.

Além de algum aconselhamento nos bastidores, João Filipe Rebelo Pinto disse nem saber exactamente o que foi discutido na reunião entre Augusto Ferreira do Amaral e a dupla Manuel Pedro/Charles Smith, tendo à saída dito aos jornalistas que foi um mero outsider no processo, negando ter contactos privilegiados no Ministério do Ambiente.

Durante a tarde foi também ouvido como testemunha o arquitecto João Banazol, ex-sócio da Capinha Lopes e associados, um atelier de arquitectos contratado para rectificar com urgência o projecto do Freeport.

A testemunha revelou que o primeiro contacto com a firma foi estabelecido através da Smith and Pedro, mas que depois foi tudo acordado com a Freeport.

Admitiu que o atelier já tinha realizado vários trabalhos para autarcas e Câmaras ligadas ao PS, mas negou ter conhecimento de contactos privilegiados com o Ministério do Ambiente.

Confrontado com documentos no processo que apontam para relações estreitas com o Ministério do Ambiente, a testemunha não soube explicar, dizendo que a parte técnica era com ele, cabendo as negociações a Capinha Lopes.

Admitiu contudo ter estado em várias reuniões em Lisboa e em Inglaterra com os ingleses da Freeport.

Relativamente a verbas avultadas que teriam sido pagas ao atelier de arquitectos, alegou desconhecimento, dizendo não se dedicar à parte financeira.

O julgamento prossegue na terça-feira com o interrogatório de cinco testemunhas, incluindo Augusto Ferreira do Amaral e o antigo ministro da Economia, Mário Cristina de Sousa.

O processo Freeport teve na sua origem suspeitas de corrupção e tráfico de influências na alteração à Zona de Proteção Especial do Estuário do Tejo e licenciamento do espaço comercial em Alcochete quando era ministro do Ambiente José Sócrates, que veio mais tarde a ser primeiro-ministro.

Os dois arguidos respondem por tentativa de extorsão.


Lusa/SOL
 
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