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Arguido do Freeport 'negociava em segredo' com Sócrates, diz testemunha

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Arguido do Freeport 'negociava em segredo' com Sócrates, diz testemunha


Uma testemunha do julgamento do caso Freeport revelou hoje que o consultor Charles Smith lhe confidenciou que estava a «negociar em segredo» com o então ministro do Ambiente José Sócrates a aprovação do projecto do outlet de Alcochete.

O irlandês William Mckinney, ex-dono dos terrenos da antiga fábrica de pneus da Firestone onde foi construído o empreendimento, disse, por videoconferência, ao Tribunal do Barreiro, onde decorre o julgamento, que Charles Smith lhe contou que as negociações estavam a ser feitas em «grande segredo» e que nem os funcionários do Freeport estavam a par das conversações com José Sócrates.

Segundo a testemunha, o arguido Charles Smith, que trabalhou para a Mckinney, mas que desejava ser contratado pela Freeport, e o seu sócio Manuel Pedro, pediram-lhe também 22 milhões de escudos para efectuar contribuições aos «partidos políticos» com representatividade na zona de Alcochete, por forma a «agilizar» a aprovação do projecto Freeport.

William Mckinney disse ter ideia que esse dinheiro foi enviado para os consultores Smith & Pedro, mas como já não dispõe dos papéis de há 12 anos não pode comprovar a remessa desse dinheiro.

Disse também não poder garantir que o dinheiro tenha chegado aos destinatários (autarcas/partidos), mas não ter razões para acreditar que os consultores tenham ficado com aquela soma.

Quanto às «negociações secretas» que alegadamente ocorreram entre Charles Smith e José Sócrates disse nada saber de concreto, porque era visto como um outsider, embora nos encontros sociais e jantares com Charles Smtih tenha ficado com a ideia de que a aprovação do projecto passaria pela «intervenção» do então ministro do Ambiente.

Mckinney revelou ainda ter pago nove milhões de escudos à Smith & Pedro pelo trabalho executado e mais 8,5 milhões de escudos para diversos pagamentos.

Adiantou ter ainda desembolado 600 mil escudos para outras despesas e dois milhões de escudos para Manuel Pedro, a título de honorários, separados da empresa dos dois arguidos.

A testemunha, que disse ter recebido um documento de Charles Smith e Manuel Pedro a pedir 22 milhões de escudos para fazer lobby a favor da aprovação do projecto, comentou que em Portugal os pagamentos fazem parte da «maneira de negociar culturalmente» os empreendimentos.

William Mckinney disse não ter tido qualquer encontro com membros do Governo, mas que conheceu numa cerimónia o então presidente da Câmara Municipal de Alcochete, Miguel Boieiro.

A testemunha disse desconhecer qualquer caso concreto relacionado com pagamentos alegadamente feitos pela Freeport para aprovação do empreendimento, que antes atravessou dificuldades com o chumbo ambiental devido à dimensão do projecto que inicialmente incluía casino e um clube nocturno/discoteca.

Devido ao adiantado da hora e ao horário de funcionamento do tribunal irlandês, a partir de onde William Mckiney depôs por videoconferência, a sua inquirição foi suspensa, devendo ser retomada na terça-feira pelas 9h30.

Durante a sessão da tarde foi ainda ouvida como testemunha Margarida Barros Couto, do escritório de advogados Vieira da Almeida, mas falou apenas sobre aspectos legais e de organização do projecto.

Lusa/SOL
 
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