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Portugueses reproduzem modelos de fígados humanos

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© iBET


Uma equipa de investigadores portugueses conseguiu desenvolver em laboratório pequenas réplicas de fígados. O sistema permite testar as reações hepáticas a determinados químicos, sem recurso a animais, estudar doenças do fígado e desenvolver aparelhos extra-corporais de suporte à função hepática para fins terapêuticos.

A investigação foi desenvolvida por cientistas do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET) e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica - Universidade Nova de Lisboa (ITQB-UNL), e contou com a colaboração da empresa sueca Cellartis, a primeira empresa do mundo a colocar no mercado células hepáticas e cardíacas derivadas de células estaminais humanas para aplicação à descoberta de novos fármacos.

A investigação portuguesa, liderada por Paula Alves, conseguiu manter células de fígados humanos (hepatócitos) em cultura durante longos períodos, sob a forma de agregados de células capazes de produzir enzimas hepáticas responsáveis pela metabolização de fármacos. Estes "microfígados" são também os primeiros a replicar características fundamentais da arquitetura do órgão humano ligadas à função de secreção da bílis.

Sistema de cultura celular atinge longevidade inédita


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Uma das cientistas envolvidas no projeto, Catarina Brito, explica ao Boas Notícias que "todos os fármacos e químicos passam pelo fígado, onde são transformados pelas células especializadas (os hepatócitos) antes de serem encaminhados para os outros órgãos do organismo". A investigadora da Unidade de Tecnologia de Células Animais do iBET acrescenta que "estas transformações podem fazer com que os compostos ganhem novas características, podendo tornar-se tóxicos e, no caso de um medicamento, perder a atividade desejada ou ganhar novos efeitos não pretendidos."


As culturas de células de fígados humanos (hepatócitos) têm sido, por isso, fundamentais para os testes de toxicidade e metabolismo de fármacos, exigidos pela Food and Drug Administration e a European Medicines Agency às companhias farmacêuticas.

No entanto, "alguns dos problemas associados à utilização de hepatócitos humanos é a curta duração destas células em cultura, de até cinco dias, e a perda das atividades enzimáticas específicas associadas" adianta a cientista que, neste trabalho, foi responsável pelo design das experiências e pela co-coordenação do trabalho experimental.


"O nosso sistema de cultura permite manter hepatócitos humanos funcionais até um mês em cultura, com produção das mesmas proteínas que o fígado humano e em quantidades equivalentes", assegura Catarina Brito.


A longevidade das células criadas "permite usar a mesma população de hepatócitos para o estudo da metabolização de doses repetidas do mesmo fármaco, o que é essencial durante o desenvolvimento pré-clínico que antecede a aprovação dos novos fármacos”, salienta a coordenadora da investigação, Paula Alves, em comunicado.

A utilização da técnica para o teste da reação hepática a fármacos ou para o estudo de doenças hepáticas pode ter já aplicação imediata.

Técnica pode permitir criar fígados bio-artificiais

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Catarina Brito refere, ainda, que já está a ser implementada, para começar nos próximos dois ou três anos, aplicação da técnica ao "desenvolvimento de sistemas de suporte extracorporal para suporte de função hepática", em colaboração com a equipa de Paulo Marcelino, do centro de transplantes do Hospital Curry Cabral, em Lisboa.



A investigação contou, além de Paula Alves e Catarina Brito, com os cientistas Margarida Serra, Manuel Carrondo, Rui Tostões e Sofia Leite - na altura estudantes de doutoramento.


A equipa continua a trabalhar neste e em outros projetos, agora com vista ao desenvolvimento de modelos 'in vitro' de cérebros e de cancro, em parceria com a farmacêutica portuguesa TECNIMEDE .

Consulte o artigo sobre a investigação na capa da revista Hepatology de Abril ou no site oficial da publicação AQUI. O site oficial do Instituto de Tecnologia Química e Biológica pode ser consultado AQUI.
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