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Crise está a provocar 'fenómeno' de 'consumos de desespero' de drogas

florindo

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Crise está a provocar 'fenómeno' de 'consumos de desespero' de drogas

A crise está a provocar um «fenómeno» de «consumos de desespero» de droga entre ex-toxicodependentes desempregados e «limitações» nas respostas e poderá levar a que mais pessoas tentem dedicar-se ao tráfico como «forma de sobrevivência».

O alerta foi lançado hoje, em Beja, pelo presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), João Goulão, durante o seminário "Prevenção do perigo - (in)dependênci@s", promovido pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Beja.

Devido à crise, Portugal tem «dois factores de pressão», ou seja, por um lado «gente que recai, se desorienta e está em desespero e volta a consumos pesados e gente que terá a tentação de traficar» e, por outro lado, «alguns cortes e limitações nas respostas instaladas no terreno», disse João Goulão.

Segundo o responsável, está a acontecer «um fenómeno», que o IDT «ainda não conseguiu quantificar em números», mas «há relatos de situações concretas», de ex-toxicodependentes, que, por terem ficado desempregados, estão a regressar a «consumos de desespero».

Trata-se de ex-toxicodependentes, «alguns com idade considerável», que, após terem passado por um processo de reinserção social e laboral, conseguiram arranjar emprego, embora «precário», e «estabilizar, de alguma forma, a sua vida», explicou.

No entanto, agora, «com a onda do desemprego a subir» e como «estão na primeira linha da fragilidade», são «os primeiros a ser descartados», ficam sem emprego, «vêem o mundo que, apesar de tudo, conseguiram construir, desmoronar completamente» e estão «a aparecer nos centros completamente perdidos» e a voltar a consumir droga.

«Temo que, no actual contexto social, tenhamos o regresso da ‘velha senhora'», ou seja, a heroína, e de «fenómenos de marginalidade e de exclusão, marcados novamente pela heroína e pelas formas de apresentação barata da cocaína, o crack e a pasta base», sublinhou.

Esta situação «vai avolumando os pedidos de ajuda e de internamento», de pessoas «com história de consumos e em situações de fragilidade e desorganização social», disse, reconhecendo que, devido aos cortes orçamentais, o IDT «não tem dinheiro para dar resposta» aos pedidos, «mais ocasionados por questões sociais e não de tratamento».

«Estamos a entrar num período muito complicado de gestão dos recursos», frisou, explicando que, mesmo sem cortes orçamentais, «não havia orçamento que pudesse comportar o aumento de pedidos, que não são dirigidos às estruturas de saúde, mas são apelos mais amplos a respostas de carácter social».

Por outro lado «o terreno social que vivemos hoje é propício a que também mais gente tente dedicar-se ao tráfico como forma de sobrevivência», alertou João Goulão, explicando que «as pessoas têm família para alimentar e, na falta de outro tipo de recursos, este parece ser um recurso utilizável».

«Com tudo isto, estamos num terreno perigoso, exigente para todos os profissionais» ligados à temática da toxicodependência, alertou.

Lusa/SOL
 
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