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Duas gasolineiras da mesma rua em Monção têm o gasóleo mais barato de Portugal
Duas gasolineiras de Monção, separadas por apenas 100 metros, disputam nos últimos meses o título da estação de serviço com o gasóleo mais barato de Portugal e até já conquistam os clientes espanhóis.
Em plena Estrada Nacional 101, à entrada da vila de Monção, surge a bomba da Gasolar: cada litro de gasóleo é vendido, esta semana, a 1,367 euros, o preço mais baixo de Portugal, segundo a Direcção-geral de Energia e Geologia.
De acordo com a mesma entidade, o preço médio do litro de gasóleo praticado no país na última quarta-feira era de 1,482 euros, um valor cobrado em 2218 postos.
Em Monção, os clientes, inclusive espanhóis, agradecem.
«Surpreende-me, porque era costume serem os portugueses a ir a Espanha e, agora, somos que vamos a Portugal», admite Mari Rodriguez, que viajou da cidade galega de Ponteareas, para abastecer.
«É mais económico. Por cada litro poupo cerca de quatro cêntimos, num depósito cheio, uns 10 euros», diz a galega, cliente habitual.
Diariamente, aquele posto de combustível recebe à volta de 200 clientes, dos quais 25 são espanhóis, seduzidos pelos preços e algumas compras em Monção, como explicou à Lusa Manuel Lima, funcionário da Gasolar.
«Os espanhóis vêm cá constantemente, mais aos fins-de-semana», conta, enquanto observa: «Neste momento, em Monção, não precisamos de ir a Espanha abastecer de gasóleo».
Uma ideia partilhada por Manuel Araújo, outro habitual cliente.
«Faz muito jeito. Nunca vou a Espanha, meto cá sempre», confessa, enquanto prepara o depósito de plástico para levar mais alguns litros para a próxima viagem.
Cem metros ao lado, na mesma estrada, o posto de combustível do Pingo Doce disputa a liderança, quase «taco a taco».
Cada litro de gasóleo custa ali 1,37 euros, o que vale o segundo lugar nacional, no combustível mais barato.
Ainda assim, bem longe dos dois escudos que Agostinho Machado, antigo taxista, gastava há mais de 40 anos.
«Fica à beirinha e é mais barato, por isso aproveito. Mas os preços actuais são uma vergonha, principalmente aqui em Portugal.
Sou do tempo em que cada litro de gasóleo custava dois escudos. Agora, é o que se vê», diz este cliente da bomba do Pingo Doce de Monção.
Da mesma forma, Sérgio de Castro, português a residir na vizinha localidade galega de Salvaterra do Minho, confessa que abastece agora no posto do Pingo Doce.
«É mais barato o gasóleo em Portugal e temos de poupar. Não é muito normal, porque a maioria dos portugueses vão abastecer a Espanha», reconhece, enquanto abastece 15 euros de combustível. «Não dá para mais», diz.
Precisamente em Salvaterra do Minho, cidade separada de Monção apenas pela ponte internacional do rio Minho, o cenário na bomba galega da Cepsa é diferente, como admite o encarregado do posto.
É que apesar de os portugueses representarem cerca de 200 das três centenas de clientes diários, apenas 40 por cento procuraram o gasóleo.
O gasóleo, nesta bomba, está a ser vendido a 1,38 euros.
«Mas ainda vendemos bastante gasóleo porque onde está mais baixo é nos hipermercados e muita gente não se fia, a qualidade não é a mesma», admite Nemésio Porto.
Este galego lidera uma equipa de seis funcionários, totalmente dependente dos consumos dos portugueses.
Como Anabela Freitas, que viaja de Riba de Mouro, em Monção, para Salvaterra, todas as semanas, apenas para abastecer.
«Em Portugal, a gasolina está muito cara e aqui poupo bastante.
O gasóleo sei que compensa, mas a gasolina não», admite, pouco depois de abastecer 20 euros o que, «a correr bem» dará apenas para uma semana de viagens até ao trabalho.
Quanto aos preços praticados em Portugal, ninguém comenta oficialmente a redução alcançada em Monção, até porque, lembram os empresários, «o segredo é a alma do negócio».
Na gasolina (95 octanas), as diferenças eram igualmente bem visíveis, mas neste caso favoreciam mesmo a já habitual viagem a Espanha.
É que enquanto em Monção, as duas bombas praticavam preços, por litro, entre os 1,602 (Pingo Doce) e 1,677 euros (Gasolar), na Cepsa de Salvaterra do Minho esse valor ficava bem mais em conta: 1,516 euros por litro de gasolina.
Lusa/SOL