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Mais jovens e mulheres a viver nas ruas
O número de pessoas sem-abrigo apoiadas pela CAIS aumentou entre 2011 e 2012, rondando atualmente as 500, e o perfil mudou, havendo mais jovens entre os 20 e os 30 anos e mais mulheres.
Em declarações à agência Lusa, o diretor executivo da CAIS admitiu que o número de pessoas sem abrigo tem aumentado e que há muitos imigrantes a viver na rua porque estão no desemprego, apesar de o número de portugueses sem abrigo ter vindo a aumentar.
"Há menos gente a entrar, há mais gente agora a sair e os que se mantém são portugueses", disse Henrique Pinto, adiantando que esse movimento será o mote do próximo congresso da organização, marcado para dia 19, e cujo tema será "Portugal Emigrante - um não-coagido fluxo migratório".
De acordo com o responsável da CAIS, a escolha do tema surge depois de a associação se ter apercebido de que há atualmente muitos portugueses que se vêm obrigados a abandonar o país em busca de melhores condições de vida, ao mesmo tempo que essa é também a escolha de muitos imigrantes que tinham escolhido Portugal como país de acolhimento.
"Este país sempre foi uma grande terra e um grande oceano de oportunidades e não é por causa da crise económico-financeira que Portugal deixa de ser aquilo que sempre foi ao longo de séculos (...) e temos certamente aquilo que para dez milhões de pessoas, ou até mais, é suficiente", defendeu, acrescentando que "é penoso ver tanta gente abandonar o país de forma forçada".
Henrique Pinto admite que o número de pessoas sem abrigo tem "aumentado gradualmente dada a crise" e revela que o universo de gente apoiada pela CAIS subiu, passando de 372 pessoas em 2011 para cerca de 500 já em 2012.
O diretor-executivo da CAIS calcula que em 2010 o número de pessoas apoiadas fosse menor do que em 2011, mas ressalvou que isso não reflete necessariamente a existência de mais pessoas sem abrigo e que é também resultado de uma melhoria nas condições de trabalho da organização, que desta forma pode apoiar mais gente.
Revelou que, contrariamente ao que acontecia há 18 anos, quando a CAIS foi criada, em que a maioria dos sem abrigo eram homens na casa dos 40 a 60 anos, hoje o perfil alterou-se e há mais jovens e mais mulheres.
"Nós estamos a ter cada vez pessoas mais novas, mais mulheres, com algumas qualificações e, portanto, não se trata de gente ignorante, de gente sem escola.
A percentagem de jovens desempregados no país é elevadíssima e se deixam de ter como jangada de apoio o pai e a mãe as pessoas acabam muito facilmente na rua", explicou.
Acrescentou que entre os jovens que trabalham pela CAIS como engraxadores, vendedores ou lavadores de carros "há pessoas nos seus vinte e poucos anos".
Aliás, relativamente aos vendedores, o número também aumentou de 83 em 2011 para 94 em 2012, entre 42 portugueses, 48 romenos, um italiano, um brasileiro, um marroquino e um moçambicano.
Apontou também que entre as famílias romenas que a organização têm vindo a apoiar a situação se alterou e, atualmente, é frequente "[estes cidadãos] aparecerem não só com os pais e com as mães, mas também com os filhos".
O congresso da CAIS, organizado em parceria com o Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, decorre na Universidade Católica de Lisboa.
Jornal de Notícias