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Juros vão descer à medida que Portugal cumprir programa de assistência
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse hoje à Bloomberg que os juros da dívida soberana vão cair gradualmente, à medida que Portugal atinge as metas impostas pelo programa de assistência financeira acordado com a troika.
Numa entrevista à agência de notícias financeira, o ministro garantiu que Portugal vai manter os objectivos actuais e não pretende aliviar as metas, acrescentando que os bancos nacionais se anteciparam ao calendário previsto para a melhoria dos balanços e só deverão usar «uma fracção» do dinheiro disponível para o reforço do capital.
Vítor Gaspar reforçou, na entrevista, que Portugal não quer alterar os termos do resgate, depois do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, se ter mostrado disponível para um ajustamento do programa, numa troca de palavras captada pelas câmaras de televisão.
Embora na altura Gaspar tenha agradecido a atitude de Schaueble, afirmou à Bloomberg que seria um erro concluir que pretendia flexibilizar o programa, assegurando: «estamos completamente empenhados no cumprimento do programa».
Os países europeus estão dispostos a prolongar a ajuda financeira a Portugal se não for possível regressar aos mercados em Setembro de 2013 como previsto, apesar do programa estar a ser cumprido.
«É algo que nos reconforta. Encaramos isso como uma espécie de mecanismo de segurança, algo que faz sentido existir. Embora, obviamente, não seja por causa de termos um seguro automóvel que nos vamos transformar num automobilista imprudente», afirmou o governante.
Vítor Gaspar declarou que «o processo de reconquistar o acesso aos mercados é um processo gradual», observando que «estas coisas demoram tempo. A acumulação de confiança e credibilidade é lenta».
Depois de aumentarem para os 17,39 por cento em Janeiro, os juros exigidos pelos investidores para comprarem dívida portuguesa (yields) a dez anos aliviaram para 12,14 por cento. Entre os países da zona euro, Portugal é o país que paga mais juros, a seguir à Grécia.
Vítor Gaspar considerou que «os mercados de títulos portugueses não estão a funcionar de forma normal», dado o volume reduzido e uma diferença muito grande entre os preços de compra e de venda.
«Quando se olha para o valor dos juros da dívida, estamos a olhar para um indicador de credibilidade muito distorcido», salientou o governante, adiantando que os Bilhetes do Tesouro (BT) são um indicador mais fiável, já que estão a ser negociados de forma activa.
As yields dos BT com maturidade a um ano caíram de 5,34 por cento em Fevereiro para 3,85 por cento esta sexta-feira.
Lusa/SOL