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Políticas de austeridade falharam porque o diagnóstico foi errado

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Políticas de austeridade falharam porque o diagnóstico foi errado, diz conselheiro de Papandreou

Um investigador grego, ex-conselheiro do antigo primeiro-ministro George Papandreou, considera que as políticas de austeridade baseadas no memorando da troika para a Grécia falharam porque assentaram num diagnóstico errado do problema.
«As políticas que têm sido aplicadas no contexto do plano de resgate e das políticas de austeridade falharam de forma espectacular porque se basearam num diagnóstico errado do problema», disse em entrevista telefónica à Lusa Yanis Varoufakis, 51 anos, doutorado em Economia, leitor em diversas universidades norte-americanas e envolvido num projecto de investigação sobre «economia virtual» em Seattle.
«Como um doente no hospital, se o diagnóstico for errado os medicamentos não são apropriados, e utilizar esses remédios não vai curar o doente», considerou Varoufakis em vésperas das legislativas antecipadas que se disputam no domingo.
Com vasto currículo, Varoufakis foi conselheiro do ex-primeiro-ministro grego George Papandreou entre 2003 e 2006, quando o Partido Socialista Pan-Helénico (PASOK) estava na oposição.
Demitiu-se do cargo no final desse ano e optou por outros percursos. Hoje, é conhecido na Grécia como um dos mais veementes críticos do «memorando» e das políticas de austeridade impostos pelos credores internacionais.
«Desde Maio de 2010, quando foi assinado o primeiro memorando ou plano de resgate, e até agora, prova-se que a Grécia é um país confrontado com uma tripla crise: crise de dívida, crise inflacionista e crise de investimento. Simplesmente, não pode cumprir os compromissos e reduzir o défice através da austeridade», afirmou.
O autor do recente livro O Minotauro Global. América, as verdadeiras origens da crise financeira e o futuro da economia mundial, publicado em 2011 e que suscitou polémica, refere-se a uma «crise sistémica» e insiste nas críticas à «terapia» até agora utilizada.
«É impossível lidar somente com a crise grega. Imaginemos que estamos em 1931 nos Estados Unidos… Seria possível lidar com a crise da grande depressão no Ohio, ou em New Jersey? Não. Tinha de se abordar a Grande Depressão de uma forma sistémica, porque se tratava de um problema sistémico. Neste caso, não se pode abordar o problema apenas numa parte da união monetária, e esquecer o resto», sublinha.
E precisa: «Uma das decisões catastróficas da Europa foi imaginar que podiam lidar com a crise na Grécia de uma forma separada do resto do espaço europeu, e depois dirigirem-se para Dublin e tentar resolver o problema, e depois deslocarem-se para Portugal, continuando a insistir que não se trata de uma crise sistémica, mas antes de crises localizadas. Que cada caso correspondia a uma crise local e que deveriam ser abordadas localmente. Essa abordagem falhou e vai continuar a falhar».
A integração da Grécia na «união monetária», que «impede uma política monetária autónoma», num contexto europeu e internacional de recessão, foi outro aspecto frisado pelo economista.
«A dívida é um problema, mas não é o problema essencial. O problema essencial é antes a forma como foi estruturada e desenhada a arquitectura da nossa moeda comum», assegura Varoufakis.
Na perspectiva do economista, a Grécia está neste momento «a entrar no período em que a Argentina entrou durante a sua crise e antes do incumprimento», em 2001, «num contexto de crise política, com governos fracos».
E numa referência às legislativas antecipadas do próximo domingo, arrisca: «Infelizmente, as eleições de domingo vão ter como resultado, e de novo, um governo frágil. Será inevitável uma nova coligação entre o PASOK e a Nova Democracia (ND), nenhum partido conseguirá garantir uma maioria parlamentar, mas a coligação que se perspectiva será tão má como a que tivemos desde Novembro».

Lusa/SOL
 
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