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Gregos baralham e voltam a dar

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Gregos baralham e voltam a dar

Os socialistas e conservadores helénicos estão em queda livre nas sondagens e aguardam o pior resultado eleitoral de sempre nas legislativas antecipadas de domingo.
A crise financeira, a austeridade que se seguiu e a crescente descrença dos gregos em relação aos seus partidos institucionais terão como consequência o fim do bipartidarismo e um castigo pesado para as duas forças políticas tradicionais que apoiam o plano da troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia).
O PASOK (socialista) e a Nova Democracia (ND), conservador, que desde o final do regime militar estão habituados a votações conjuntas superiores a 80%, não deverão ir muito além de 35% dos escrutínios.
Segundo a última sondagem disponível, datada de 20 de Abril, a ND de Antonis Samaras lidera, num cenário de voto pulverizado, com 21,5%. O PASOK do ex-primeiro-ministro George Papandreou, agora liderado pelo ministro das Finanças Evangelos Venizelos, não vai além de 14%, ligeiramente à frente dos Gregos Independentes (uma força anti-troika dissidente da ND), que reúnem 11% das intenções de voto.
A esquerda anti-austeridade, por seu turno, terá uma forte votação. Se concorresse unida, alcançaria 33,5%, o suficiente para ficar no limiar da maioria absoluta. Contudo, e em linha com o que ocorre na generalidade dos países europeus, foi impossível qualquer acordo pré-eleitoral entre comunistas (KKE), alter-globalistas (SYRIZA) e sociais-democratas ex-PASOK e ex-Synaspismos (Esquerda Democrática). O SYRIZA, coligação que inclui o primo grego do Bloco de Esquerda, Synaspismos, deverá ser a terceira força mais votada (13%).
A extrema-direita também sobe. O crescimento é sustentado não pelo nacionalista LAOS, que subscreveu o plano da troika, mas pelo neo-nazi Amanhecer Dourado, que deverá ser o primeiro partido abertamente fascista a entrar no parlamento democrático grego, com 5,5% dos votos.

Sai Papademos, fica Venizelos

E no entanto, nada deverá verdadeiramente mudar na Grécia. Segundo a lei eleitoral, o partido mais votado recebe um bónus de 50 mandatos, o que significa que a ND poderá alcançar até 112 dos 300 assentos parlamentares em jogo. O partido de Samaras ver-se-á obrigado a reeditar a mal-amada aliança com o PASOK de Venizelos e com uma terceira força.
Caso não consiga fazê-lo, a bola é passada ao socialista, que também procurará garantir uma coligação favorável à aplicação do plano de ajustamento exigido pelos credores internacionais. Os pequenos partidos do centro-direita poderão ser decisivos na formação do novo Governo. Dossiês como o combate à imigração ilegal – um dos temas quentes da presente campanha, com propostas de expulsão de todos os cidadãos estrangeiros – serão encarados como moeda de troca.
No limite, a única alteração no Governo helénico poderá passar pela saída do primeiro-ministro tecnocrata Lucas Papademos, que já declarou que pretende regressar o quanto antes à vida académica.
Sintoma da relativa confiança dos mercados face ao futuro imediato da política grega, a agência de notação financeira Standard & Poor’s subiu ligeiramente, na quarta-feira, a classificação de crédito de Atenas – de CCC- para CCC. Ainda debaixo de água, mas mais perto da tona.
Salvo a eventualidade de uma grande surpresa eleitoral, que o hiato de duas semanas nas sondagens e o elevado número de indecisos não ajudam a colocar de parte, os gregos estarão no domingo mais interessados no resultado das eleições francesas. À direita, receosos de uma derrota do Presidente conservador gaulês, Nicolas Sarkozy. À esquerda, obrigados a reflectir sobre os custos do facciosismo. Nas ruas, cada vez mais distantes do sistema político institucional.

Lusa/SOL
 
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