mjtc
GF Platina
- Entrou
- Fev 10, 2010
- Mensagens
- 9,472
- Gostos Recebidos
- 9
Em 1883, a nata da sociedade descobriu o prazer de viajar sobre os carris sem abdicar das mordomias dos melhores hotéis de cinco estrelas do mundo. Nasceu o Expresso de Oriente, que ligava Paris a Istambul. Na época, o comboio saía duas vezes por semana da estação Gare de l'Est, em Paris, e terminava na cidade de Giurgiu, na Roménia, passando por Estrasburgo, Munique, Viena, Budapeste e Bucareste.
A viagem entre Paris e Istambul demorava 80 horas nas luxuosas carruagens cama da Compagnie Internationale des Wagons-Lits, que circularam pela primeira vez a 4 de Outubro de 1883. Nos primeiros anos, a viagem era efectuada por comboio e barco - ainda não havia a ponte sobre o Danúbio na Roménia, nem era possível chegar por carris à bela cidade turca, porta de entrada da Ásia.
Em 1865, Georges Nagelmackers, filho de um importante banqueiro belga, sonhou com um comboio que se estende por um continente, deslizando num carril contínuo de metal durante mais de 2400 km. O sonho, que surgiu pouco depois de Nagelmackers ter estado nos E.U.A. e viajado nas luxuosas carruagens cama de George Pullman, foi descrito desta forma por E. H. Cookridge, no livro "Orient Express: The Life and Times of the World's Most Famous Train".
Até então, numa Europa de reinos e impérios, os passageiros dos comboios tinham de atravessar a pé a fronteira, de forma a mostrar os documentos. O belga convenceu os guardas fronteiriços a entrar nas carruagens para essa verificação, possibilitando que os passageiros continuassem a desfrutar das comodidades de um verdadeiro comboio de cinco estrelas. Na fronteira, as locomotivas eram mudadas, ficando o transporte a cargo de cada um dos países que o comboio atravessava. As companhias nacionais recebiam o valor do bilhete normal, enquanto a Wagons-Lits cobrava o extra pelas camas.
O Expresso do Oriente, um nome usado primeiro pelos jornalistas e depois adoptado por Nagelmackers, ganhou rapidamente fama, transportando a nata da sociedade:
- Reis e trapaceiros;
- Milionários e refugiados;
- Caçadores e contrabandistas;
- Prima-donas e cortesãs;
- Magnatas e empresários acertavam os seus negócios sobre as suas mesas de jantar sumptuosas;
- Diplomatas, espiões e revolucionários viajaram secretamente no comboio para os seus momentos da história.
A certa altura o comboio chegou a ser conhecido como "Expresso dos Espiões”. Era chamado o "rei dos comboios e o comboio dos reis". De facto, foram muitos os monarcas da Europa que viajaram a bordo do Expresso do Oriente, e mais tarde muitos presidentes.
Alguns não tiveram o melhor comportamento:
- Diz-se que o rei Fernando da Bulgária, amante da engenharia, insistiu em conduzir o comboio quando este atravessou o seu país.
- Quem não deve ter ficado com uma boa recordação da sua viagem em 1920, foi o presidente francês Paul Deschanel, que durante uma paragem não programada aproveitou para descer da sua carruagem.
O problema é que o comboio reiniciou a marcha e Deschanel ficou para trás.
De Agatha Christie a James Bond!
Em 1929, o Expresso do Oriente ficou retido na neve durante 5 dias a 130 km de Istambul. O incidente serviu de inspiração à escritora britânica Agatha Christie, autora da obra "Um Crime no Expresso do Oriente" (publicado em 1934). Nesta aventura, o famoso detective belga Hercule Poirot tem de resolver o mistério da morte de um dos passageiros. Por curiosidade saiba-se que Poirot viajava desde Istambul para Londres no Simplon-Orient-Express (a rota pelo Sul da Europa).
Mas não foi só a Rainha do Crime que se inspirou neste famoso comboio. Em 1932, o britânico Graham Greene escreveu "Stramboul Train", sobre um grupo de estranhos que se conhece em plena viagem. Em alguns países, o livro foi traduzido com a referência directa ao Expresso do Oriente.
Vários anos antes, Bram Stoker colocara Van Helsing no comboio a caminho de Varna, em plena caça ao Drácula (publicado em 1897).
Já na segunda metade do século XX, o "Expresso dos Espiões" transportou um dos mais famosos: James Bond viaja no Expresso do Oriente com a russa Tatiana Romanova em "007 - Ordem para Matar".
A abertura do túnel de Simplon possibilitou a criação de uma rota mais a sul, em 1919, evitando o centro da Europa. Durante a I Guerra Mundial e a II Guerra Mundial, o serviço chegou a ser suspenso. Mas a semente das viagens de luxo já tinha sido lançada e ainda era cedo para lhes pôr o fim.
A viagem entre Paris e Istambul demorava 80 horas nas luxuosas carruagens cama da Compagnie Internationale des Wagons-Lits, que circularam pela primeira vez a 4 de Outubro de 1883. Nos primeiros anos, a viagem era efectuada por comboio e barco - ainda não havia a ponte sobre o Danúbio na Roménia, nem era possível chegar por carris à bela cidade turca, porta de entrada da Ásia.
Em 1865, Georges Nagelmackers, filho de um importante banqueiro belga, sonhou com um comboio que se estende por um continente, deslizando num carril contínuo de metal durante mais de 2400 km. O sonho, que surgiu pouco depois de Nagelmackers ter estado nos E.U.A. e viajado nas luxuosas carruagens cama de George Pullman, foi descrito desta forma por E. H. Cookridge, no livro "Orient Express: The Life and Times of the World's Most Famous Train".
Até então, numa Europa de reinos e impérios, os passageiros dos comboios tinham de atravessar a pé a fronteira, de forma a mostrar os documentos. O belga convenceu os guardas fronteiriços a entrar nas carruagens para essa verificação, possibilitando que os passageiros continuassem a desfrutar das comodidades de um verdadeiro comboio de cinco estrelas. Na fronteira, as locomotivas eram mudadas, ficando o transporte a cargo de cada um dos países que o comboio atravessava. As companhias nacionais recebiam o valor do bilhete normal, enquanto a Wagons-Lits cobrava o extra pelas camas.
O Expresso do Oriente, um nome usado primeiro pelos jornalistas e depois adoptado por Nagelmackers, ganhou rapidamente fama, transportando a nata da sociedade:
- Reis e trapaceiros;
- Milionários e refugiados;
- Caçadores e contrabandistas;
- Prima-donas e cortesãs;
- Magnatas e empresários acertavam os seus negócios sobre as suas mesas de jantar sumptuosas;
- Diplomatas, espiões e revolucionários viajaram secretamente no comboio para os seus momentos da história.
A certa altura o comboio chegou a ser conhecido como "Expresso dos Espiões”. Era chamado o "rei dos comboios e o comboio dos reis". De facto, foram muitos os monarcas da Europa que viajaram a bordo do Expresso do Oriente, e mais tarde muitos presidentes.
Alguns não tiveram o melhor comportamento:
- Diz-se que o rei Fernando da Bulgária, amante da engenharia, insistiu em conduzir o comboio quando este atravessou o seu país.
- Quem não deve ter ficado com uma boa recordação da sua viagem em 1920, foi o presidente francês Paul Deschanel, que durante uma paragem não programada aproveitou para descer da sua carruagem.
O problema é que o comboio reiniciou a marcha e Deschanel ficou para trás.
De Agatha Christie a James Bond!
Em 1929, o Expresso do Oriente ficou retido na neve durante 5 dias a 130 km de Istambul. O incidente serviu de inspiração à escritora britânica Agatha Christie, autora da obra "Um Crime no Expresso do Oriente" (publicado em 1934). Nesta aventura, o famoso detective belga Hercule Poirot tem de resolver o mistério da morte de um dos passageiros. Por curiosidade saiba-se que Poirot viajava desde Istambul para Londres no Simplon-Orient-Express (a rota pelo Sul da Europa).
Mas não foi só a Rainha do Crime que se inspirou neste famoso comboio. Em 1932, o britânico Graham Greene escreveu "Stramboul Train", sobre um grupo de estranhos que se conhece em plena viagem. Em alguns países, o livro foi traduzido com a referência directa ao Expresso do Oriente.
Vários anos antes, Bram Stoker colocara Van Helsing no comboio a caminho de Varna, em plena caça ao Drácula (publicado em 1897).
Já na segunda metade do século XX, o "Expresso dos Espiões" transportou um dos mais famosos: James Bond viaja no Expresso do Oriente com a russa Tatiana Romanova em "007 - Ordem para Matar".
A abertura do túnel de Simplon possibilitou a criação de uma rota mais a sul, em 1919, evitando o centro da Europa. Durante a I Guerra Mundial e a II Guerra Mundial, o serviço chegou a ser suspenso. Mas a semente das viagens de luxo já tinha sido lançada e ainda era cedo para lhes pôr o fim.
Última edição: