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Louçã: 'O IV Reich de Merkel leva ao colapso do Euro'

florindo

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'O IV Reich de Merkel leva ao colapso do Euro'

Associa o Governo de Merkel a um exército ‘prussiano’ e ao ‘IV Reich’ alemão. Louçã diz que a salvação do euro está na vitória da esquerda na Grécia. E não poupa Seguro.
Governo apresentou um Documento de Estratégia Orçamental que o PS quer ver alterado e o Bloco reprovado. Como é que vê o posicionamento do PS face ao Governo no que respeita à troika?
Propomos que seja rejeitado pela simples razão de que um ano depois da troika a estratégia orçamental e financeira demonstrou não ser uma alternativa para Portugal. O ponto de partida para começarmos a recuperar a economia tem de ser a ruptura com a troika.
Ninguém no início deste memorando presumia que um ano depois as coisas já estivessem bem.
Também nos prometeram que a situação económica estaria melhor e ela está tão má quanto se poderia supor. Os números do desemprego mostram a profundidade do abismo social que está a ser criado: 30 casas por dia devolvidas aos bancos; 170 mil pessoas que já não conseguem pagar as suas prestações da casa. Toda a situação social que estamos a viver é um dominó perigosíssimo. Face a isto, o PS colocou-se na situação impossível: a de ser o promotor da troika, descontente com alguns dos resultados da política que está a propor. É uma espécie de partido radicalmente de centro – não está no Governo não querendo ser oposição. Essa posição é desastrosa. Havia todas as condições para que os promotores da troika, como foi o PS, hoje pudessem olhar para uma Europa que se pode abrir a novas soluções e que tivessem a responsabilidade de combater por uma política de esquerda em Portugal.
A esquerda socialista está em minoria na Europa.
Foi com uma grande maioria de partidos socialistas na Europa que se votou o tratado de Maastricht, com políticas pró-recessivas. Confio muito pouco no que as cúpulas europeias possam fazer e muito mais nos eleitores. Isso é que pode mudar a vida da Europa, porque o ‘IV Reich’ da sra. Merkel leva a uma desagregação do euro, é causadora do risco de colapso do euro e da transformação de recessões numa grande depressão.
Não vê, portanto, o PS a rasgar o memorando.
O PS tem dito que é o mais fiel paladino do memorando. A troika é o ponto decisivo da política portuguesa: a política liberal, de austeridade, a agressividade social, o empobrecimento…
… e a necessidade de financiamento do Estado.
Bem, o problema é que Portugal tinha financiamento antes de existir troika.
Até ao momento em que teve de pedir essa ajuda.
Não, até ao momento em que os mercados financeiros decidiram recompensar-se na Europa, através da captação de impostos, daquilo que tinham perdido no subprime. E a Europa não soube responder. Não existe nenhum financiamento garantido a longo prazo a não ser com economias com emprego e produção.
Seria mais fácil formar um governo com Seguro do que teria sido com José Sócrates?
José Sócrates prosseguiu uma linha de agressividade liberal como raramente tínhamos visto. Atacou a escola pública, entregou todos os hospitais construídos no seu mandato a grupos privados. António José Seguro mantém-se absolutamente fiel a essa orientação. Há qualquer coisa de culturalmente chocante quando o ouço falar de ‘austeridade inteligente’. O que ele chama a isso é privatizar bens públicos, cortar parte importante do Serviço Nacional de Saúde, uma lei que promove despedimentos. Com esta política não existe nenhum governo de esquerda. É preciso vencer, com políticas concretas, a ‘austeridade estúpida’ e a ‘austeridade inteligente’, que é a ‘austeridade estúpida’ vendida a ‘papalvos’.
Entremos na questão grega: a Syriza, coligação’parceira’ do Bloco e que está na frente das sondagens, quer anular o memorando mas ficar no euro. Não há dinheiro para pagar salários em Junho. Como é que se resolve esta equação?
Se houver um governo de esquerda, o compromisso eleitoral que eles têm – que partilho – é de iniciar imediatamente um processo de renegociação com uma moratória sobre o pagamento dos juros da dívida, por razões óbvias de financiamento, e que permita o cancelamento da dívida ilegítima.
Nessa equação a Syriza tem dois problemas: precisa de uma maioria e da aceitação da Europa. A inexistência de uma rede é de alto risco.
O povo grego decide. Começou a aparecer na Europa um tom que é assustador para qualquer democrata: é que os gregos podem decidir o que quiserem desde que seja o que a sra. Merkel aceita. A democracia só tem uma porta política. Hoje o povo grego não tem nada na mão, não tem nenhuma capacidade de decisão e o resultado é uma catástrofe económica. E se puder ter um governo de esquerda será a primeira vez que passa a ter capacidade de decisão, passa a discutir, a negociar.
Ainda falta a questão europeia e a dos mercados. E esta não está só nas mãos da esquerda grega.
Até agora não tem estado nada, se elegerem a Syriza começa a estar. É tão profunda a mudança que pode ocorrer na Europa com uma vitória da esquerda da Grécia, é um sinal tão profundo, que a sra. Merkel só tem duas alternativas: ou utiliza os panzers financeiros contra a Grécia e procura pôr a Grécia fora da Europa – e isso tem um custo político enorme para ela e para todos – ou aceita negociar. As perdas serão muito menores do ponto de vista democrático e financeiro se houver essa renegociação. Imagine que é expulsa do euro por processos absolutamente prussianos – porque não pode haver outros. Que confiança haverá na Europa, no euro? Quem vai pagar os 300 biliões de euros que estão nas contas dos bancos, do BCE e do FMI? Porque esses vão passar a valer zero. Mais vale abrirem os olhos. Não pode é ficar assim, ninguém vai pagar aquela dívida, não é possível. Tem de parar agora e tem de parar pela democracia.
Acredita que o Bloco pode ter um crescimento forte como o Syriza?
Lutaremos por isso. É uma questão de luta. A questão política é a mesma que a Grécia.
No terreno vê a mesma situação que na Grécia?

Portugal está um ano atrasado em relação à Grécia, que tem uma desagregação social muito mais profunda. Mas Portugal caminha neste sentido. Veja bem o que se passou de Janeiro até agora. Isto caminha a tal velocidade…
Mas a evolução do PIB não é tão má como se previa.
É desaceleração, vai um bocadinho mais devagar a queda para o abismo, mas continua a queda para o abismo. Eu ouço muitos arautos de Belém a proporem um Governo entre o PSD e o PS, a tentarem compor o campo para a troika para proteger a trincheira da austeridade. Essa política fracassou e pode juntar os votos que quiser na composição parlamentar actual, que já não corresponde à situação social do país. Ela não tem resposta para o país e isso vai implicar uma mudança política. Será lenta, mas vai começar.


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