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Homicida de Évora deixou a mãe na miséria

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Homicida de Évora deixou a mãe na miséria

Guilherme Páscoa conseguiu gastar tudo o que a mãe tinha: munido de uma procuração, vendeu todos os bens que estavam em nome de Maria Guilhermina e deixou-lhe as contas quase a zeros.
Mas as irmãs Ana, Marta e Alexandra só se aperceberam da situação quando, há uns meses, viram que a mãe já não tinha saldo no telemóvel, nem televisão em casa. Aí, decidiram intervir: «A mãe já não tinha dinheiro sequer para pagar as contas ou para comer», conta uma fonte próxima da família, explicando que, quando Ana Bívar (na foto, em cima) foi a Évora, o objectivo era travar o irmão e impedi-lo de continuar a explorar Maria Guilhermina.
Ana saiu de Lisboa, no dia 30 de Maio, para ir ter com a irmã Marta e com a mãe. Estava marcada uma reunião no escritório daquela que passaria a ser a nova advogada de Maria Guilhermina. O objectivo era, a seguir, revogar a procuração que nos últimos oito anos – desde a morte do pai – tinha permitido que Guilherme delapidasse todo o património da mãe.
Guilherme não sabia da reunião. Mas a atitude da mãe deixou-o alerta. Quando lhe telefonou para dizer que queria falar com ela e que estava a caminho de Évora, mostrou-se inquieto com o que lhe parecia uma mudança de atitude.
O facto de a mãe ter uma advogada nova deixava-o com a sensação de que as irmãs poderiam estar por trás disso. E mais desconfiado terá ficado quando a mãe lhe disse que, se queria falar, teria de ir ter com ela ao escritório da sua nova advogada.
Quando Guilherme chegou, não se cruzou com as irmãs. Há sete anos que não falavam e elas evitavam qualquer contacto. Vinha exaltado e fez ameaças – nada a que a família não estivesse já habituada. «Ele costumava amedrontar as pessoas, normalmente ameaçando os filhos», conta uma fonte próxima da família, explicando que, apesar disso, nunca ninguém esperou que fosse tão longe ao ponto de matar uma irmã. «Pensávamos que ele podia bater, ou atirar uma pedra , ou furar um pneu. Mas nada deste género».
No fim da reunião improvisada, já Guilherme parecia mais calmo. «Não saiu aos pulos de contente, mas também não saiu aos gritos». Seriam umas 17 horas. E só depois disso teve início o encontro – esse sim agendado – entre a advogada, a mãe e as filhas.

Três horas à espera

Nos cafés do Bairro do Granito, em Évora, onde Marta vive, estranhou-se a presença de um homem desconhecido, num carro. Parecia estar à espera, mas ninguém percebia de quê: «As pessoas repararam porque não é normal estar-se assim tanto tempo num carro», conta o dono de um café, contando que Guilherme ali esteve durante horas.
Os relatos do que aconteceu naquela noite, são poucos. A maioria dos vizinhos garante que não viu nada. Amílcar Oliveira, que vive numa vivenda nas traseiras do prédio de Marta, é o único a dar a cara. O mecânico não esquece o estrondo que o fez levantar-se da mesa, pouco passava das 21h: «Tinha acabado de sair da minha casa um amigo meu e pensei que tivesse tido um acidente». Hoje, surge sozinho no relato, mas naquela noite foram várias as pessoas que acorreram ao ruído: «Não sei porquê, ninguém quer falar. Não se querem meter em sarilhos».
Amílcar foi nessa noite também o único a avançar. Ana Bívar estava estendida no chão, com a irmã Marta, tentando usar o corpo como escudo para a defender. Tinham sido atropeladas por Guilherme que, após a longa espera, acelerou o Volvo contra as duas irmãs, que se preparavam para entrar num Peugeot 307 azul escuro, estacionado na rua Mercedes Blasco, atrás do prédio onde Marta vive.
«Como um louco», Guilherme procurava a carótida de Ana, para desferir o golpe fatal. A faca que empunhava tinha já deixado Marta cheia de arranhões, mas ela estava mais preocupada em estancar a hemorragia que fizera Ana perder os sentidos.

Morreu no local

Amílcar agarrou Guilherme, que se virou contra ele, ameaçando-o. Mas o mecânico teve a presença de espírito de fingir estar armado: deu dois passos atrás e meteu a mão na bainha das calças, como se fosse tirar uma pistola. «Espera lá que já conversamos», desafiou. A confiança na voz de Amílcar fez Guilherme perder a coragem: «Correu para o carro e fugiu. Só tive tempo de tirar dois números da matrícula».
Até desmaiar, Marta só estava preocupada em saber se o irmão não teria ido ao seu apartamento para tentar fazer mal ao seu filho. Mas Guilherme já estava a caminho de Alenquer, onde vive e onde haveria de se entregar à GNR no dia seguinte.
Ana Bívar – mulher do deputado do PSD António Prôa e assessora da Secretaria de Estado da Cultura – já tinha morrido quando chegou uma ambulância. Marta foi levada ao hospital, de onde entretanto teve alta. Está agora fechada em casa, com a mãe, que deixou vazio o palacete de família no centro de Évora para ficar perto da filha. E não quer falar sobre o que aconteceu. «Não dou entrevistas», diz, resguardada no apartamento onde tenta esquecer o pesadelo.

O ‘espanta-burros’

Na família Parreira Páscoa, ninguém encontrou ainda uma explicação para a atitude de Guilherme. A única coisa que sabem é que estava habituado a ter tudo e que em oito anos conseguiu fazer desaparecer um milhão de euros, «segundo o que está escriturado», à custa de vender todos os bens que a mãe tinha em seu nome.
Pelo meio, deixou Maria Guilhermina a braços com uma dívida «muito avultada» às Finanças, graças às mais-valias dos terrenos vendidos e não declaradas ao Fisco.
«Só não vendeu a casa onde a mãe morava porque também estava em nome das irmãs», conta uma amiga da família. Descrito como «manipulador», o filho mais novo ter-lhe-á tirado tudo o que podia. «Ela tinha-lhe medo. E ele era muito mimado. Depois de o pai morrer, nunca mais ninguém teve mão nele».
Em Alcácer do Sal – onde a família foi durante várias gerações proprietária da Herdade da Lezíria –, contam-se histórias de jogo. Mas ninguém tem certezas. «Ouvi dizer que ia ao Estoril jogar, mas a gente aqui não sabe nada. Ele vinha cá de vez em quando, quando tinha cá cavalos, mas agora vendeu tudo», conta um caseiro. A parcela que Guilhermina ainda tinha na Herdade da Lezíria foi a última coisa que Guilherme alienou, há cerca de um ano.
O hábito de aparecer de surpresa na herdade valeu-lhe, entre os caseiros, a alcunha de ‘espanta-burros’. Mas a pouca confiança que dava a quem lá vivia não permite saber como é que conseguiu gastar um milhão de euros sem ter nada em seu nome e sem que se lhe conheçam sinais exteriores de riqueza.
Quando se entregou, disse à GNR que vivia de rendimentos, mas à família dizia que criava e tratava cavalos. Os negócios terão, aliás, deixado um rasto de dívidas entre criadores e vendedores de rações. Além disso, tinha 40 mil euros para pagar de indemnização num processo onde foi recentemente condenado por ter vendido a mesma cortiça a duas pessoas diferentes.
As irmãs Ana, Alexandra e Marta há muito que tinham deixado de tentar compreender a vida que levava. E só intervieram quando perceberam que todo o dinheiro da mãe desaparecera, apesar de esta nunca se ter queixado nem pedido ajuda. O objectivo era impedir que Guilherme conseguisse deitar mão aos bens da herança da avó materna – falecida há três anos –, cujas partilhas estão por fazer. «As irmãs, apesar de terem bens de família, nunca beneficiaram disso porque ele sempre gastou tudo. Elas vivem dos rendimentos do seu trabalho», conta uma amiga.

Fonte: SOL
 
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