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A crise pode ser "uma bênção" para o Serviço Nacional de Saúde?

Amoom

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Fev 29, 2008
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michael-porter12299d23_400x225.JPG Michael Porter, presidente da Harvard Business School, acredita que sim. Para o economista, interessa avaliar a condição de saúde dos doentes e indicadores como a sobrevivência, o tempo de recuperação e a qualidade da vida. Avaliar os hospitais ou os centros de saúde é errar o alvo.

A crise económica pode ser "uma bênção" para pensar de forma diferente o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Portugal. São palavras de Michael Porter, economista reconhecido a nível internacional que esta segunda-feira esteve na Universidade Católica, em Lisboa, a apontar os erros do sistema português e a propor uma nova lógica.

O grande objectivo do SNS "deve ser a qualidade", defende o também presidente da Harvard Business School, que diz que a discussão sobre onde cortar na despesa está esgotada - "o que é importante" é o estado de saúde dos utentes. É esse o indicador que deve ser avaliado, porque aumentar taxas moderadoras ou reduzir salários "não resolve o problema", sustenta Michael Porter.

“Deixem-me contar-vos um segredo: aumentar os co-pagamentos não cria valor - apenas se transferem os custos de uns para os outros. As listas de espera também não criam valor - apenas restringem o acesso”, considera o economista.

“Vejam como é fácil cometer erros se não pensamos sempre em criar valor. É fácil pensar que estamos a resolver um problema quando na realidade estamos a transferir custos de um lado para o outro”, defende Michael Porter, insistindo que “reduzir os salários de médicos ou enfermeiros ou coisas assim não melhoram a qualidade”. “É preciso é criar valor - é a única solução.”

Seguindo a lógica de Porter, a avaliação que hoje existe dos serviços não é útil. Para o economista, interessa avaliar a condição de saúde dos doentes e indicadores como a sobrevivência, o tempo de recuperação e a qualidade da vida. Avaliar os hospitais, ou os centros de saúde é errar o alvo.

“Aquilo que sabemos é que não nos interessa avaliar os indicadores dos hospitais. Se um hospital tem uma taxa de infecções de 5% ou 4%, isso não significa nada. Os indicadores que interessam são os relativos à condição médica do doente”, sublinha.

Doente acompanhado do princípio ao fim
Está tudo ao contrário, defende Michael Porter, também no que se refere à organização dos cuidados que são prestados. O economista defende a criação de unidades especializadas no tratamento específico de cada doença, unidades onde o doente é acompanhado do princípio ao fim.

Para Michael Porter, o actual modelo dos hospitais e dos centros de saúde está esgotado e, na área dos custos, o que interessa contabilizar é o custo total do doente, não o preço da consulta ou do medicamento de forma isolada.

“Temos pensado nos custos de uma forma errada. Temos pensado nas peças e não no todo. Não temos sido capazes de avaliar qual é o custo total de uma pessoa com diabetes, com problemas cardiovasculares ou com um cancro”, diz.

“Temos estado focados em quanto custa um exame, ou um medicamento… É uma abordagem errada. Temos de pensar de forma diferente se queremos resolver o problema”, defende ainda.

Para todas estas receitas funcionarem, Michael Porter diz que é fundamental haver competição entre as várias unidades de saúde, ou seja, liberdade de escolha.

“Penso que todos estaremos de acordo que é bom para nós, enquanto doentes, termos liberdade de escolha sobre onde queremos ser tratados, onde estão os melhores cuidados tendo em conta a nossa situação. E aquilo que sabemos é que se introduzirmos a liberdade de escolha, isso vai gerar uma dinâmica positiva e as coisas podem melhorar”, atira.

Esta é a revolução proposta por Michael Porter. Sentado na primeira fila, o ministro da Saúde ouviu e prometeu analisar o plano de Porter para o sistema português - um plano que, para Paulo Macedo, tem propostas bastante pertinentes.
 
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