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Portugueses em Espanha resistem à crise

florindo

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Há municípios espanhóis com os caixotes de lixo trancados à noite para as pessoas não procurarem restos de comida.
Os trabalhadores portugueses escapam a dificuldades de maior, mas 2.000 saíram do país no último ano.
Este Verão, Pedro Pereira está a receber o subsídio de férias em tranches mensais, depois de um corte salarial de 15%.
A empresa onde trabalha não tem liquidez para pagar tudo de uma vez. Nem tão pouco os bancos com que a companhia funciona.
Este português trabalha perto de Barcelona, Catalunha, uma das regiões mais desenvolvidas de Espanha, mas já se habituou a ver pessoas à procura de restos de comida no lixo.
«Alguns municípios já começaram a pôr trancas nos caixotes à noite», relata.
A crise em Espanha intensificou-se nos últimos meses.
O fim de uma bolha imobiliária acumulada durante anos e o endividamento dos bancos fizeram com que o país entrasse em recessão.
Um em cada quatro espanhóis está no desemprego e país vizinho enfrenta dificuldades de financiamento externo.
Os juros da dívida pública teimam em não largar o patamar dos 7% e o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, já admite um programa de assistência financeira (ler ao lado).

Mudança de perfil


A crise espanhola começou por reflectir-se nos milhares de portugueses que trabalhavam na construção do país, oriundos sobretudo das zonas fronteiriças.
Mas, actualmente, a comunidade lusa que se mantém no país das antigas pesetas escapa a dificuldades de maior, e não é visível um êxodo significativo.
Em Março deste ano, existiam perto de 128 mil portugueses residentes em Espanha.
No mesmo mês do ano anterior, eram cerca de 130 mil. E os números revelados pelas estatísticas oficiais do governo espanhol podem estar subavaliados.
«Muitos portugueses em Espanha não têm residência no país, mas sim em Portugal, onde passam os fins-de-semana», explicou ao SOL fonte da embaixada de Portugal em Madrid.
Os portugueses ainda no país têm um perfil bastante diferente da construção, com maior capacidade de manutenção dos empregos. São profissionais qualificados, quadros em empresas multinacionais do sector financeiro e energético, engenheiros e arquitectos.
Parte deles foi para Espanha não por estar no desemprego, mas porque acompanhou a reestruturação de empresas que encerraram os escritórios em Lisboa e concentraram as operações ibéricas em Madrid ou em Barcelona.
Pedro Pereira trabalha numa empresa química, que produz tintas para impressoras de grande formato, e dá assistência técnica à rede de distribuição.
Isso obriga-o a viagens constantes para países europeus, africanos e da América Latina.
Conseguiu o emprego, depois da empresa espanhola onde trabalhava, em Portugal, ter encerrado há cinco anos.
Os contactos que tinha ganho na Catalunha abriram-lhe a porta ao novo emprego.
Na empresa onde está agora ainda não houve despedimentos, mas admite que «é assustadora a forma como o desemprego está a subir em todo o país.
Há muita gente revoltada, como se viu pelo Movimento dos Indignados», referindo-se aos protestos que ocuparam algumas das maiores praças de Espanha.

Exportações em queda


Nenhum dos portugueses que conhece em Espanha está no desemprego, mas o fim do Verão traz novos receios.
Uma das medidas mais drásticas do Executivo espanhol, o aumento do IVA, só irá ter lugar em Setembro.
Teme-se que a subida de impostos e a contracção do consumo leve à falência de muitos negócios.
Para o presidente da Câmara e Comércio e Indústria Luso-Espanhola, Enrique Santos, «é indiscutível que a situação da economia espanhola é difícil, mas existe uma componente psicológica que não ajuda e assisti-se a um pânico desmedido».
O responsável mantém o optimismo quanto à «força» da quarta maior economia da Europa, onde existem 120 mil empresas exportadoras.
«A realidade é que várias empresas espanholas que, actualmente, contam com quadros e gestores portugueses continuam a ter excelentes performances e estão a crescer».
No primeiro semestre deste ano, as exportações portuguesas para Espanha caíram 4%, quando as vendas para a União Europeia como um todo estão a aumentar.
Dados solicitados pelo SOL ao Instituto Nacional de Estatística (INE), mostram que os produtos com maior impacto na queda de exportações para o país vizinho são os automóveis, maquinaria e ferro fundido, todos com quedas homólogas de 19%, bem como o alumínio (-36%). Empresas como a Autoeuropa, Renault de Cacia, Faurécia ou Siderurgia Nacional estão na lista das dez maiores exportadores para Espanha, liderada pela Galp.
Enrique Santos entende que a redução dos negócios ibéricos era «inevitável», tendo em conta as medidas «duríssimas» do governo de Rajoy. Realça, porém, que o aumento das exportações espanholas para mercados terceiros tem compensado parte da quebra, uma vez que esse comércio incorpora produtos e serviços portugueses.
«Contrariamente ao que se poderia pensar, há entrada de algumas pequenas e médias empresas lusas em Espanha e consolidação das já existentes, com excepção dos sectores ligados à construção civil», garante.

Fonte: SOL
 
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