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Língua eletrónica permite análises aos alimentos

billshcot

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Nov 10, 2010
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Na Universidade de Aveiro (UA), Alisa Rudnitskaya, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA inventou uma língua eletrónica para analisar a qualidade dos alimentos.

Parecida com uma língua humana, a nova tecnologia tem vários sensores, feitos por membranas de diferentes composições (vidro, cristais, policristais ou polímeros orgânicos), que substituem as papilas gustativas.

Quando o sensor desta ‘língua’ é mergulhado no alimento previamente liquefeito, responde à presença ou não das substâncias que se querem detetar, enviando um sinal eletrónico para um voltímetro digital. Desta estrutura é encaminhada uma mensagem digital para um normal computador que descodifica, mede, trata e guarda os dados recebidos dos sensores.

O mecanismo de funcionamento da invenção permite que, em cinco ou dez minutos, compostos orgânicos e inorgânicos, como os metais de transição, possam, a baixo custo, ser detetados nos alimentos sem recurso a laboratórios e técnicos especializados. A análise serve para detetar rapidamente se estes compostos ultrapassam ou não os níveis tolerados pelo organismo humano.

A importância de detectar nos alimentos compostos orgânicos e inorgânicos “depende do composto”, afirma Alisa Rudnitskaya ao Ciência Hoje. Segundo a cientista, “a informação sobre o teor dos compostos como os ácidos orgânicos, polifenóis, catiões e aniões inorgânicos (por exemplo o sódio, potássio, cálcio, cloreto) “pode ser necessário para controlo de qualidade e caracterização de produto”. A concentração dos compostos como “metais de traço deve estar abaixo dos limites estabelecidos e por isso deve ser determinado”, exemplifica.

Assim, Alisa Rudnitskaya garante que a língua electrónica que inventou “pode ser aplicada para a análise dos alimentos líquidos como as águas naturais e residuais, as soluções industriais”. A nova tecnologia “pode também efectuar uma análise quantitativa, isto é, determinar concentrações de compostos, classificar amostras consoante a sua qualidade, origem, idade (no caso dos vinhos), tratamento aplicado, etc., e também avaliar características de sabor”.

“Dependendo da modificação da língua electrónica e do tipo de análise, o instrumento pode ser usado nos laboratórios de investigação e de controlo de qualidade e nos sítios de produção”, acrescenta.

A língua eletrónica com base nos sensores potenciómetricos começou a ser desenvolvida no grupo dos Sensores Químicos do Departamento de Química da Universidade de São Petersburgo, na Rússia, com a tese de doutoramento de Alisa Rudnitskaya. A partir de 2007, a investigadora continuou a desenvolver o projecto na Universidade de Aveiro, primeiro como bolseira de pós-doutoramento e actualmente como investigadora do CESAM.

A ideia de criar esta ferramenta “baseou-se em princípios de organização de órgãos de olfacto e de sabor humanos”, diz Alisa Rudnitskaya. “O olfacto humano consiste num número elevado de receptores e processamento dos seus sinais no sistema nervoso. Embora cada receptor tenha a selectividade e sensibilidade baixas, em conjunto permitem distinguir milhares dos odores. O mesmo princípio foi aplicado no desenvolvimento do nariz e língua electrónicos que se usam para a análise de gases e líquidos, respectivamente”, explica.

Os próximos passos na investigação serão o “desenvolvimento de materiais novos (nanomateriais, substâncias biológicas e materiais biomiméticos) para serem usados em sensores e aplicações novas” da língua electrónica.


Alisa Rudnitskaya junto da língua electrónica
 
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