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« Olha o cérebro a dançar ! E que bem o faz ! »

billshcot

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Nov 10, 2010
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Por Ana Margarida Nunes *

Em época de festivais, a sinergia música-dança é quase total e perfeita. Raros são aqueles que ao ouvirem um pouco de música no meio de uma multidão, não sejam contagiados por um pezinho que dança. Mas há sempre alguém totalmente estático no meio de um concerto super energético. Mas isso não significa que não esteja a “dançar”. Digo “dançar” porque embora não solte o corpo, pode sentir como se o fizesse apenas por ver os outros.

* Licenciada em Biologia Microbiana e Genética pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e doutorada em Neurociências pelo King's College London em 2009.
Pode parecer estranho, mas a verdade e que existem uns neurónios especiais, chamados espelho, que funcionam exactamente como tal. “Dançar” ou “ver dançar” desencadeiam exactamente a mesma sensação. Os neurónios espelho encontram-se em várias regiões do cérebro e claro que para a dança, as regiões mais relevantes são o cortex pré-motor e o parietal, responsáveis pelo movimento e aprendizagem. Estas regiões localizam-se na parte superior central da cabeça, aquela parte que fica coberta pelo chapéu, quando nos protegemos do sol.

Ainda assim, a maior concentração destes neurónios está na área de Broca, responsável pela linguagem. Pode novamente parecer estranho, mas a verdade e que “dançar”, “ver dançar” ou “falar da dança” activam exactamente as mesmas áreas do cérebro. Interpretação em acção. Fantástico! Isto significa que estamos a dar “ginástica” ao cérebro.

O cérebro dança! E quando dança, faz exercício físico, ou seja, mantém-se saudável e activo. Como um músculo: se exercito, desenvolve; se paro, atrofia. Em linguagem técnica, a dança do cérebro corresponde à plasticidade, a um aumento da conectividade e reestruturação entre as varias regiões do cérebro. Comunicação mais eficaz entre as diferentes regiões, e o corpo responde, dançando ou não!

Vários estudos têm associado a dança a um aumento da inteligência e acuidade mental. Por exemplo, imaginemos que estamos a dançar tango. Só o facto de seguirmos o nosso companheiro, que nos conduz para movimentos inesperados, implica tomar centenas de decisões muito rápidas, na ordem dos 0.5 segundos.

Se pensarmos que por cada vez que tomamos uma decisão estamos a embarcar no desconhecido, e que citando Jean Piaget “a inteligência é aquilo que usamos quando não sabemos o que fazer”, então, ao dançar com um par, estamos a ficar mais inteligentes, mas se formos trocando de par, a nossa “ginástica mental” aumenta ainda mais! Vamos ficando mais inteligentes, durante mais tempo.

Mais uma vez, estes processos são bem mais complexos do que aqui dou a conhecer e investigações sobre o tema são ainda muito escassas. Além disso, eu apenas falei aqui de uma pequeníssima parte do que é Dançar, mas fica o meu conselho: nos festivais ou fora deles, dancem muito!


* Licenciada em Biologia Microbiana e Genética pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e doutorada em Neurociências pelo King's College London em 2009.
 
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