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Milhares de pessoas aguardam, em frente ao Palácio de Belém, o fim da reunião do Conselho de Estado, com uma palavra de ordem frequente dirigida ao governo: «Demissão».Desde as 17:00 que a multidão, que terá atingido o pico pelas 20:00, manifesta o seu desagrado com a austeridade, o silêncio do Presidente da República, Cavaco Silva, e com a atuação de um governo que é chamado de «vergonha» e «gatuno».
A espaços, soa uma vaia monumental, rebentam alguns petardos - junto a uma das fações mais ruidosas da manifestação, um grupo de estivadores - e milhares irrompem em palavras de ordem, do velho «Povo unido jamais será vencido» ao mais conjuntural «A troika não manda aqui» e outros que são insultos claros dirigidos a quem, no Palácio de Belém, os consiguir ouvir.
Mas na saída do lado da calçada da Ajuda, onde se prevê que passem as viaturas dos conselheiros de Estado, só cerca de uma dezena de manifestantes marcava presença.
O núcleo da manifestação continua concentrado no jardim, em frente da saída frontal do palácio, contido por muitas dezenas de agentes da PSP, incluindo as fileiras do Corpo de Intervenção, cujas carrinhas estão espalhadas pelas redondezas da residência oficial de Cavaco Silva.
Heterogénea, a multidão caracteriza-se por um ambiente familiar: muitas crianças, pessoas que trouxeram os cães, idosos, a par de outros grupos mais politizados.
«O governo é cocó», lê-se na camisola de um miúdo, alvo das atenções e sorrisos dos adultos que passam.
Quem ganhou definitivamente com o dia de hoje foram os cafés e restaurantes de Belém, concorridíssimos desde a tarde para matar sede e fome a quem não veio prevenido de casa e não se importa de deixar o protesto durante uns minutos para retemperar forças.
Mas para quem não quer desmobilizar, nem por um minuto, há uma palavra de ordem que é um alívio ouvir: «Água! Uma garrafa, um euro».
Fonte: Lusa/SOL