Falsa médica fica em silêncio

O comerciante que enganou 58 mulheres ao fazer-se passar por "médica oncologista", começou ontem a ser julgado no Tribunal da Guarda. Entrou e saiu do edifício pela garagem, escondido no banco de trás de um carro, conduzido por um amigo que é da PJ.



Está acusado de 190 crimes, de coacção, importunação sexual, perturbação da vida privada e abuso sexual. Ontem remeteu-se ao silêncio, limitando-se a pedir ao tribunal para o dispensar de assistir ao julgamento, o que foi recusado. As audiências são à porta fechada, a pedido das vítimas, que começam a ser ouvidas quinta-feira.

Carlos Alberto Ferreira, 48 anos, comerciante em Vila das Aves, disfarçava a voz ao telefone quando falava com as vítimas. Dizia-lhes que tinham cancro e convencia-as a enviar--lhe imagens dos órgãos sexuais por videochamadas, masturbando-se enquanto as via.

Uma das vítimas, residente no Algarve, filmou o corpo nu, inclusive no duche, projectando o jacto do chuveiro na vagina. Filmou-se também a fazer sexo com o marido e, convencida de que a doença era hereditária, forneceu também imagens da filha de oito anos.

O comerciante foi descoberto ao anotar o contacto de uma vítima, num centro comercial.

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